63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
Transdisciplinaridade e Educação: II Semana da Saúde do Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina
Walter Antônio Rodrigues 1
Carlos Cristiano Oliveira de Faria Almeida 1
Pollyana Maria Ribeiro Alves Martins 1
Rosângela Rodrigues 2
Silvana Vanessa Martins Oliveira 2
1. Instituto Federal de Brasília - IFB
2. Instituto Federal Baiano - IFBaiano
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência da realização de uma atividade transdisciplinar, planejada de forma conjunta entre diversos profissionais da instituição, a “II Semana da Saúde do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – Campus Planaltina”. O evento foi realizado entre os dias seis e nove de abril deste ano, tendo como foco central o diálogo de saberes entre especialistas e estudantes de diferentes áreas sobre o tema transversal “saúde”. Esta atividade se deu em decorrência de um trabalho proposto pela professora Akiko Santos em uma das semanas de formação do mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola do Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – PPGEA-UFRRJ em que a mesma desenvolveu o tema da transdisciplinaridade na educação. “A transdisciplinaridade é uma postura, um espírito integralizador diante do saber, uma vocação articuladora para a compreensão da realidade – sem, no entanto, abandonar o respeito e o rigor pelas áreas do conhecimento – que se apóia sobre três pilares: a existência de diferentes instâncias de realidade, a percepção da complexidade da realidade e o reconhecimento da lógica do terceiro incluído (NICOLESCU, 1997).”
METODOLOGIA:
No ano anterior ocorreu a I Semana da Saúde, então o evento já era previsto em calendário escolar. Foi oportuno assim, definir o tema transversal que seria o fio condutor para realizar a transdisciplinaridade. O primeiro passo se deu no início do ano letivo com a sensibilização da comunidade escolar, na semana pedagógica do Campus com docentes e técnicos e no período de aulas com os estudantes. Neste momento, explicamos que a programação da II Semana da Saúde seria composta por atividades desenvolvidas pelos estudantes sob orientação de docentes e técnicos. Os professores foram orientados que poderiam correlacionar o conteúdo de suas disciplinas e associá-los a esse tema e que as atividades poderiam ser das mais diversificadas possíveis. Foi apresentado um cronograma com datas previstas para definição de equipes de orientadores, inscrição e desenvolvimento dos trabalhos e publicação da programação. A partir daí, estudantes e orientadores se organizaram em relação às atividades a serem realizadas na semana e a equipe organizadora se articulou com direção, coordenações, diversos setores da instituição e convidados de fora, a fim de garantir a logística do evento, como espaço físico, divulgação, locomoção, alimentação, aquisição de materiais, palestras e serviços de especialistas.
RESULTADOS:
A II Semana da Saúde contou com trinta e duas atividades: treze orientadas por um docente, sete por uma equipe de docentes e técnicos, oito por convidados e quatro por artistas nas atividades culturais. Surgiram diversos temas como plantas medicinais, saúde pública, uso do agrotóxico, obesidade, doenças destaques, saúde bucal, zoonoses, pressão arterial, EPI na agricultura, bem estar animal, sexo, saúde nos ambientes urbanos e rurais, saúde do adolescente, doenças transmitidas por alimentos, alcoolismo e drogas, manipulação de alimentos, ervas aromáticas, meio ambiente e saúde e alimentos orgânicos, transgênicos e inorgânicos. Houve oficinas de brincadeiras antigas, cavalgada terapêutica e circo, além de atendimento ao público pelo Centro de Educação Profissional de Saúde de Planaltina e a II Mini Maratona do Campus. Nas atividades culturais tivemos música sertaneja, violino e piano, coral e catira. De um total de sessenta e cinco docentes e setenta e três técnicos administrativos, vinte e dois propuseram atividades entre os primeiros e quatro entre os segundos. Quanto à participação dos estudantes, foi calculada a média em porcentagem durante os quatro dias do evento onde se obteve 46% de freqüência nas atividades de um total de quinhentos e quarenta e cinco estudantes.
CONCLUSÃO:
Propor qualquer atividade que envolva diversos profissionais e altere o cotidiano escolar representa um desafio aos educadores, pois exige engajamento por parte de todos estes sujeitos num mesmo projeto coletivo. Desenvolver a transdisciplinaridade significa contrapor uma ordem já estabelecida, a da fragmentação por disciplinas. Por ser uma forma de pensar não hegemônica desenvolver projetos baseados em tais princípios requer persistência para transpor as dificuldades inerentes à execução de atividades desta natureza, que exigem maior dedicação e extremo rigor por parte dos profissionais envolvidos. Acreditamos que a aceitação, o envolvimento e o bom aproveitamento em ações como esta tendem a crescer com o tempo, se a instituição fomentar tais iniciativas. Durante o evento a variedade e forma como o tema foi abordado, a manifestação de satisfação de participantes e as experiências interdisciplinares demonstram o potencial pedagógico da utilização de temas transversais em projetos com base na metodologia transdisciplinar. Esta experiência representa um marco importante no IFB Campus Planaltina na tentativa de transcender o abismo existente entre a discussão teórica acerca da transdiciplinaridade e a prática pedagógica cotidiana, ainda pautada no pensamento cartesiano positivista.
Palavras-chave: Transdisciplinaridade, Temas tranversais, Saúde.