63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
MOTIVOS DA NÃO REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAU PELAS USUÁRIAS DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM ARAGARÇAS – GO.
Larissa Clara Barros 1
Mayara dos Santos Miranda 2
Miriã Silva Brito 3
Tatiele Estefane Schönholzer 3
Denise Silva Nogueira 3
Rafaianne Queiroz de Moraes Souza 3
1. Acadêmica de Enfermagem/ Relatora - Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Enfermeira - UFMT
3. Acadêmica de Enfermagem - Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
O câncer de colo uterino é responsável pelo óbito de 230 mil mulheres por ano há aproximadamente 500 mil novos casos no mundo ao ano (NETO et al, 2008). Contudo, dentre as neoplasias, o câncer de colo uterino tem um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, chegando a cem por cento quando diagnosticado precocemente (FEITOSA e ALMEIDA, 2002). Mesmo com a alta mortalidade associada a esta patologia, nota-se certa resistência das mulheres na realização do exame Papanicolau. Apesar do exame citopatológico do colo do útero (ECCU) ter sido comprovado como uma técnica efetiva e eficiente em diminuir as taxas de morbimortalidade, a sua cobertura ainda é insuficiente, devido a fatores socioeconômicos, culturais, sexuais e reprodutivos, além dos fatores relativos à assistência em saúde (FERREIRA e OLIVEIRA, 2006).A multiparidade, baixa escolaridade, uso de anticoncepcional oral por mais de dez anos, segundo Oliveira et al (1998) são fatores desencadeadores do câncer de colo uterino. Outras condições são baixo nível socioeconômico, higiene pessoal precária, ocorrência de abortos induzidos e alcoolismo (INCA, 2007). Objetivou-se com este trabalho, conhecer os motivos que levam a não realização do exame Papanicolau por usuárias de uma e Estratégia de Saúde da Família em Aragarças-GO.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sobre o parecer n° 667/CEP/HUJM/09. Realizada na cidade de Aragarças – GO, na Estratégia de Saúde da Família (ESF) 303 ou no domicilio das mulheres. Participaram do estudo as mulheres com idade superior a 18 anos e inferior a 60 anos, usuárias da ESF que não realizaram o exame de Papanicolau nos últimos três anos ou que nunca realizaram. A busca ativa dessas mulheres foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2009, nos domicílios das pesquisadas e na sala de espera da ESF 303. Foi realizado convite para participar da pesquisa, e a entrevista deu-se após a assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido, elaborado em duas vias, permanecendo uma com o entrevistado e outra com os pesquisadores. Visando garantir o anonimato os atores sociais do estudo foram identificadas por nomes de flores. A coleta dos dados se deu por meio de entrevista semi-estruturada, e a análise temática foi realizada, primeiramente a partir da escuta da gravação, e concomitante transcrição dos dados brutos. Em seguida, esses dados foram confrontados com a literatura pesquisada a fim de estabelecer uma compreensão dos dados coletados e responder a questão formulada.
RESULTADOS:
Ao perguntar sobre os motivos que levam a não realização do exame, uma respondeu que não realiza devido ao desconforto e ao descuido com sua saúde; uma por medo; três por vergonha; uma por não gostar de fazer; outra porque o resultado não chega; duas por “lerdeza”; uma por preguiça e falta de tempo e uma não soube responder. Outra questão que interfere na realização do exame é o fator vergonha, relatado pela maioria das entrevistadas como sendo o principal motivo que as levam a colocar em risco a sua saúde ao não realizarem o Papanicolau. Percebeu-se que a vergonha está ligada à idade das entrevistadas, visto que todas que referiram não realizar o exame por sentirem vergonha, têm 60 anos de idade. A falta de tempo pode estar relacionada ao não funcionamento das USF aos sábados e no terceiro turno. O que dificulta as mulheres trabalhadoras terem acesso aos serviços de atenção básica. Pinho e França-Junior (2002) consideram que a não realização do exame também pode está associada a fatores relacionados com o sistema de saúde, relatado também no estudo de Greenwood et al (2006), visto que a longa espera e a indisponibilidade de materiais e recursos humanos, além da demora na entrega do resultado do exame, são importantes causadores da falta da adesão ao mesmo.
CONCLUSÃO:
A partir dos resultados apresentados, referentes a fatores associados à não realização do exame de Papanicolau pelas usuárias de uma ESF, na cidade de Aragarças-GO, observou-se que a maioria das mulheres entrevistadas freqüentam algum serviço de saúde nos últimos três anos, sendo que o mais prevalente foi a ESF. É válido ressaltar que os objetivos desse estudo foram alcançados, assim como as hipóteses foram confirmadas, onde se presumia que os principais fatores relacionados à não realização do exame de Papanicolau pelas mulheres eram: o uso tardio dos serviços de saúde, medo associado à sua realização, vergonha entre outros fatores socioculturais. Faz-se necessário que todos os profissionais envolvidos na realização do exame desenvolvam e adotem estratégias na tentativa de minimizar os motivos relatados pelas mulheres e assim reduzir a não adesão ao exame, a fim de aumentar a cobertura do exame de Papanicolau, atingindo principalmente as mulheres que se encontram em situação de risco como as participantes desse estudo. Visto que a ESF busca a prevenção e promoção da saúde, pode-se observar deficiências no serviço quanto a prevenção de doenças, bem como na elaboração e implementação de planos de ação que visem o empoderamento destas mulheres a cerca de sua própria saúde.
Palavras-chave: Saúde da mulher, Enfermagem, Neoplasia de colo.