63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva |
PERFIL COGNITIVO E REABILITAÇÃO ORAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DE FORTALEZA (CE) |
Jacqueline de Santiago Nojosa 1 Francisco Wilker Mustafa Gomes Muniz 1 Janaína Fernandes dos Santos Lima 1 Francisca Jamila Ricarte Rolim 1 Laureane Rebouças Machado Ferreira 1 Walda Viana Brígido de Moura 2 |
1. Curso de Odontologia. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem – FFOE. Universidade Federal do Ceará – UFC 2. Profa. Ms. / Orientadora - Depto. de Clínica Odontológica. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem – FFOE. Universidade Federal do Ceará – UFC |
INTRODUÇÃO: |
O envelhecimento populacional, causado pela queda das taxas de fecundidade e de mortalidade, é um proeminente fenômeno mundial. Paralelamente à transição demográfica observada em diversos países, assim como no Brasil, a necessidade de atenção à saúde desse grupo populacional, tanto em relação à demanda por serviços e instituições para o seu atendimento, como no seu acompanhamento integral, constituem-se um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. Os idosos que vivem em instituições de longa permanência geralmente estão em pior situação cognitiva do que os que vivem em ambiente familiar, devido às alterações orgânicas inerentes ao envelhecimento, somadas aos abusos, ao desuso e às condições sociais precárias. Para avaliar o estado cognitivo dos idosos, utiliza-se o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), que se caracteriza como uma escala simples e de fácil aplicação. Diante da escassez de dados epidemiológicos que correlacionem o comprometimento mental e o autocuidado em saúde bucal de idosos institucionalizados do município de Fortaleza-Ceará, o presente trabalho objetiva rastrear o comprometimento cognitivo de idosos de uma instituição de longa permanência (ILP), pública, de Fortaleza (CE), visando estabelecer prioridades na reabilitação oral desses pacientes. |
METODOLOGIA: |
Este estudo de abordagem epidemiológica do tipo transversal foi desenvolvido na Unidade de Abrigo da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (UA-STDS), em Fortaleza-Ceará. Em julho de 2009, o MEEM foi aplicado por estudantes de graduação, treinados, sob a orientação de uma mestranda e uma docente do curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). O teste foi aplicado de forma individual e em local reservado na própria ILP, com a duração máxima de 10 minutos. No Mini-Exame havia questões elencadas em sete categorias (orientação temporal, orientação espacial, memória imediata, atenção e cálculo, memória de evocação, capacidade construtiva visual e linguagem), com escores variando de 0 a 30 pontos. Como critérios de inclusão, os idosos deveriam ser capazes de ouvir e entender o suficiente, além de ter participado previamente da coleta de dados clínicos realizada em julho de 2008. Já os critérios de exclusão foram ter se recusado a realizar o teste, ser portador de doença visual e/ou auditiva graves, não corrigidas, ou de estágios avançados de distúrbios cognitivos e/ou doenças mentais, bem como doença reumatológica em estágio avançado ou neurológica. O projeto teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas da UFC, sob o protocolo nº 197/07. |
RESULTADOS: |
Participaram deste estudo 51 residentes da UA-STDS, de uma população-alvo de 78 pessoas. Os 17 idosos que foram excluídos não estavam dentro dos critérios estabelecidos na metodologia. A idade média dos examinados foi de 67,3 anos, predominando o sexo masculino com 60,8% e o feminino, 39,2%. A soma dos escores do MEEM variou de 2 a 27. Observou-se deterioração cognitiva (escore ≤ 12) em 37,3% dos entrevistados, bem como um declínio cognitivo com o avanço da idade. Alguns estudos afirmam haver uma relação inversa da pontuação quando correlacionada com a idade, outros relatam existir também uma relação direta entre os índices de escolaridade e as pontuações do MEEM. Nesta pesquisa, devido ao baixo nível de escolaridade dos participantes, houve uma menor pontuação na categoria atenção e cálculo, bem como no item referente à escrita de uma frase na categoria linguagem, confirmando a dificuldade apresentada na resolução de questões mais complexas. Como solução dessa problemática, reduziu-se o ponto de corte para escore ≤ 12, conforme o estudo de Bertolucci (1994), para a realidade local. Dessa forma, 32 idosos estavam aptos à reabilitação oral e, de acordo com o resultado do MEEM, possuíam uma melhor cognição e, consequentemente, poderiam realizar o autocuidado em saúde bucal. |
CONCLUSÃO: |
O MEEM é uma escala de avaliação cognitiva prática e útil na investigação de pacientes com risco de demência. A escala deve ser adaptada de acordo com o público analisado, e os escores do MEEM devem sofrer influência significativa da idade e da escolaridade do indivíduo, sugerindo a necessidade de se utilizarem pontos de corte diferenciados. Nesta pesquisa, a soma dos escores determinante para exclusão foi inferior a 13, e o resultado apresentado permitiu a obtenção de dados atualizados e fidedignos do número de pacientes geriátricos dessa instituição que estão aptos à reabilitação oral e à realização da higiene bucal e da prótese. Além disso, o Mini-Exame classificou 62,7% dos idosos com um perfil cognitivo favorável, sugerindo capacidade para expressar sua autopercepção, após a adaptação das próteses. Dessa forma, os dados obtidos a partir de um questionário serão utilizados na fase qualitativa de uma pesquisa de doutorado, que busca identificar se ocorre o resgate da autoestima e a melhoria da qualidade de vida após a reabilitação oral do idoso. |
Palavras-chave: Idoso, Reabilitação bucal, Cognição. |