63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social |
Maio de 68 e a perspectiva da autogestão social |
Leonardo Venicius Parreira Proto 1 Nilva Viana 2 |
1. Prof. Esp./Orientado - Depto de História - UEG/UnU Iporá 2. Prof. Dr./Orientador - Faculdade de Ciências Socias/FCS - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho é a síntese de uma reflexão crítica acerca dos acontecimentos do Maio de 68, produzido como monografia do curso de especialização em adolescência e juventude no mundo contemporâneo pela Faculdade Jesuíta (FAJE-MG) em parceria com a Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, coordenada pela Casa da Juventude Pe. Burnier. Significa, no conjunto de outras pesquisas a respeito da temática juventude, um esforço metodológico de explicação da realidade histórica da juventude francesa, entendendo-a como parte da totalidade social da mesma. Para isso, fizemos uma crítica ao processo de alienação e reprodução do capital nas esferas e estruturas sociais, reproduzidas então nas relações sociais de produção. Assim, não consideramos o trabalho como resultado de um procedimento acadêmico, mas como uma análise da práxis social de jovens e trabalhadores/as no conjunto das lutas sociais da segunda metade do séc. XX. A interface do Maio de 68 com as lutas sociais dos/as trabalhadores/as concretizou-se nas ruas, nas praças, na ocupação da Sorbonne, nos debates a todo instante e proposto por quem o quisesse fazê-lo, na negação de fórmulas prontas e acabadas das vanguardas políticas e pela reapropriação da crítica ao trabalho especializado. |
METODOLOGIA: |
A realização da pesquisa deu-se por meio de um referencial teórico, utilizando como fontes primárias bibliografias sobre o Maio de 68. Alguns dos textos são fontes documentais, como o texto do grupo Solidarity, produzido no momento histórico desses acontecimentos. Utilizamos também entrevistas de alguns participantes que fizeram análise desse movimento, não só como analistas mas como testemunhas históricas do episódio. Nossa pesquisa fundamentou-se pelo viés do materialismo histórico dialético como método apropriado para análise desse evento e como uma aproximação entre fato histórico e a leitura a partir do marxismo. |
RESULTADOS: |
O Maio de 68 em nossa análise teórico-metodológica expressou-se como um movimento da juventude francesa na segunda metade do séc. XX que se opôs radicalmente contra os rumos do desenvolvimento capitalista experimentado pela sociedade francesa na década de 1960 e ao longo do século em todo o mundo. Foi uma expressão das lutas sociais, advindas do interior das lutas estudantis e intelectuais de esquerda da universidade francesa, unidos aos trabalhadores das fábricas, que somente foram derrotados a partir do instante que o Partido Comunista Francês (PCF) resolve assumir a vanguarda da luta política e orienta estudantes e trabalhadores daquele maio francês a negociarem com os dirigentes da burocracia estatal e patronal. Porém, um dos resultados percebidos foi à capacidade de autogestão social com grupos de constituição social diferenciados: os estudantes e o proletariado francês. |
CONCLUSÃO: |
Ao abordar o Maio de 68 na França, fizemos uma leitura de sujeitos jovens e trabalhadores/as das fábricas em suas atividades cotidianas e por isso mesmo responsáveis por negarem o processo de dominação intensificado pelo modo-de-produção capitalista construído na modernidade. A reação desses indivíduos está contextualizada no movimento de práticas autogeridas, descentralizadas e sem controle da direção partidária, do Estado e dos interesses da burguesia e burocracia. A interface do Maio de 68 com as lutas sociais dos/as trabalhadores/as concretizou-se nas ruas, nas praças, na ocupação da Sorbonne, nos debates a todo instante e proposto por quem o quisesse fazê-lo, na negação de fórmulas prontas e acabadas das vanguardas políticas, na criação de novas estéticas nos muros, pelos desenhos, por idéias traduzidas em panfletos, pela reapropriação da crítica ao trabalho especializado. Por fim, uma das imagens sínteses do movimento dos/as jovens franceses, a do intelectual que sai do gabinete, da sala de aula e vai as ruas participar publicamente e declarar suas posições. A imagem expressa à abolição da divisão social do trabalho e conseqüentemente do capitalismo. |
Palavras-chave: Juventude, Proletariado, Autogestão social. |