63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem |
ADOLESCENTES AFRO-DESCENDENTES PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME : ESTUDO DE CASO |
Neusa de Brito 1 Maria Lúcia Rodrigues Muller 2 |
1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação - UFMT 2. Profa. Dra./ Orientadora - Programa de Pós-Graduação em Educação – UFMT |
INTRODUÇÃO: |
O presente trabalho trata-se de um estudo de caso que teve como objetivo principal investigar adolescentes portadoras de anemia falciforme, como entendem sua patologia, como se adaptam à realidade escolar e como enfrentam a discriminação no convívio social. A anemia falciforme é uma doença hereditária provocada por um defeito genético na hemoglobina das hemácias, gerando uma anemia crônica, com diversas implicações ao organismo. Segundo pesquisadores, a patologia originou-se no continente africano, no Brasil atinge um número significante de afro-descendentes. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa realizada neste trabalho foi de natureza qualitativa. Para a coleta de dados foram empregadas entrevistas não estruturadas. Tal opção se deu por acreditar que seria possível obter dados elementares relacionados ao sentimento e as emoções das entrevistadas, bem como outros aspectos que poderiam envolver crença, valores e a cultura. A pesquisa envolveu duas adolescentes afro-descendentes portadoras de anemia falciforme com idade entre 15 e 17 anos, residentes em Campina Grande na Paraíba no ano de 2005. |
RESULTADOS: |
Diante dos relatos das adolescentes entrevistadas, observou-se que a falta de saúde é um fator agravante para tomadas de iniciativas, seja para estudar, trabalharem, praticar esportes ou para a diversão. Outro fator percebido é que a discriminação afasta o portador da anemia falciforme do convívio social. Há pessoas que, por não conhecerem a patologia e por receio de serem contaminadas, evitam o contato. Observou-se ainda que as entrevistadas encaram a vida com tristeza e lamento. Acreditam na cura, seja pela intervenção divina ou pela ciência. As duas adolescentes entrevistadas desistiram de estudar, nas séries iniciais, ambas relatam motivos idênticos, dificuldades para acompanhar os conteúdos das disciplinas, falta de compreensão dos professores e a reprovação por faltas em conseqüência dos constantes internamentos hospitalares. De acordo com alguns pesquisadores, nos portadores de anemia falciforme observa-se a baixa escolaridade dos adultos em decorrência da evasão escolar e, aqueles que freqüentam a escola, geralmente, estão atrasados em relação à série e a idade. |
CONCLUSÃO: |
A pesquisa permitiu notar que as entrevistadas vivenciam, em seu cotidiano, experiências desagradáveis na convivência social por serem discriminadas, por se sentirem doentes e diferentes fisicamente de outras adolescentes da mesma idade. A compreensão da patologia é encarada pelas adolescentes como falta de sorte e “coisa” do destino. Portanto, o conformismo aparente com a situação, torna-se um meio de responder à revolta. Descobriu-se também, que as adolescentes entrevistadas desconhecem a origem da anemia falciforme e não fazem nenhuma ligação da patologia com a raiz étnica racial a que pertencem. Pelo fato de acreditarem numa possível cura, pode-se afirmar que as adolescentes não entendem ou não aceitam sua patologia como congênita. Por fim, o estudo permite afirmar que, as adolescentes portadoras de anemia falciforme em virtude da patologia e suas conseqüências na vida social, acarretam significativas dificuldades no âmbito escolar, principalmente de adaptação e de desvantagem para a aprendizagem, chegando até a provocar a evasão escolar. |
Palavras-chave: Anemia-falciforme, Adolescentes afro-descendentes, Dificuldades escolares. |