63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional
A CRISE DA MORALIDADE E A CORRUPÇÃO DA TECNOCRACIA DE GALBRAITH: UMA REVISÃO CRÍTICA APLICADA À ECONOMIA NORTE-AMERICANA
Ivan Marinho de Barros 1
Kássio Ferreira da Silva 1
Vitor Eduardo Schincariol 2
1. Graduando em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - UFAL
2. Prof. Dr. / Orientador - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - UFAL
INTRODUÇÃO:
John Kenneth Galbraith, ao escrever sua obra O Novo Estado Industrial observou que o crescimento da escala de produção e da complexidade dos processos produtivos na firma moderna resultou numa mudança dos processos decisórios dentro das empresas. A vasta gama de conhecimentos necessários para tomada de decisões não possibilita que apenas um indivíduo razoavelmente dotado de capacidades centralize o comando da firma. Com isso, as empresas passam a ser dirigidas pelo que Galbraith chamou de tecnocracia, ou seja, um corpo técnico dotado de diferentes profissionais especializados em cada uma das etapas do processo produtivo. A interdependência entre as várias atividades envolvidas na produção desloca o comando do indivíduo para a organização. A tecnoestrutura tornou-se, assim, um grupo que detém o controle das sociedades anônimas com uma impressionante autonomia. Nada os impede de usar todo este poder em benefício próprio, como, por exemplo, fixando uma política de remuneração baseada em bônus abusivos. Dito isto, o presente artigo visa explanar a deterioração moral da tecnocracia norte-americana nos anos que antecederam a crise do subprime de 2008.
METODOLOGIA:
A pesquisa se fundamenta na revisão bibliográfica da obra de John Kenneth Galbraith e na análise dos balanços contábeis das grandes corporações que protagonizaram escândalos corporativos ocorridos no início do século XXI. Assim, há combinação de pesquisa bibliográfica com a verificação das hipóteses galbraithianas na realidade do ambiente corporativo norte-americano entre o período que vai de 1981 até 2008.
RESULTADOS:
O trabalho se justifica pela crescente importância dada ao risco moral (moral hazzard) no qual as autoridades políticas incorrem ao socorrer empresas em situações críticas geradas por arbitrariedades da tecnocracia. A análise engloba tal período de tempo por fazer-se necessário o entendimento de pontos centrais desde a fomentação das crises por meio da permissividade legislativa americana (política neoliberal) do governo Reagan – 1981 a 1989 –, passando pela bolha financeira da década de (19)90, pelas crises das grandes corporações nos primeiros anos da década de (20)00, indo até a crise do subprime de 2008.
CONCLUSÃO:
O neoliberalismo estabeleceu um padrão moral que justifica a gestão fraudulenta realizada por esses grupos. Dois principais pontos dão suporte a tal afirmação, a saber: (i) permissividade de legislação norte-americana – Glass-Steagall Act (1933), Gramm–Leach–Bliley Act (1999) e Sarbannes-Oxley Act (2002); e (ii) atuação do FED – que sob a regência de Alan Greenspan potencializou o moral hazzard. Conclui-se que a tecnoestrutura, durante a vigência do processo de desregulamentação, foi responsável também por fraudes contra os próprios acionistas, como, por exemplo, a prática de maquiar os balanços contábeis, o que confirma a tese de Galbraith sobre as consequências da alienação dos acionistas em relação às decisões das firmas, promovida pela tecnoestrutura.
Palavras-chave: Tecnocracia, Desregulamentação financeira, Tecnoestrutura.