63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
NOVOS SENTIDOS DA CRÍTICA POR MEIO DO SABER SENSÍVEL DAS IMAGENS: A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA VIVA
Keyla Andrea Santiago Oliveira 1
Monique Andries Nogueira 2
1. Universidade Federal de Goiás - UFG
2. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho se destina a explicitar uma relação com o saber em bases mais sólidas na escola, que pode ser um dos principais lócus de uma educação para a emancipação, para a formação, em que a experiência estética pode acontecer de forma livre, não apenas no contato com a Arte, mas também com os diferentes conteúdos, deve lutar contra a barbárie que se instala pelas idéias de consumo que a indústria cultural propaga. Especialmente na relação com o saber por meio da arte vislumbra-se aqui uma perspectiva mais formadora e emancipatória de educação. Para um compromisso maior com uma educação de real qualidade e com os saberes que podem alavancar perspectivas mais formadoras, proponho uma educação mais próxima da estética em seu sentido filosófico. Neste sentido há neste trabalho uma discussão que propõe novos sentidos para a crítica, novas sensibilidades. Uma nova relação com o saber, com as possibilidades enriquecedoras do saber sensível. Uma experiência estética vivenciada numa exposição recente de Siron Franco dará o contraponto para a discussão do que a Arte pode representar em termos de uma experiência estética verdadeira, numa perspectiva de um paradigma educacional emergente, aqui vivenciado pelas imagens.
METODOLOGIA:
Fazendo reflexões sobre estética e política, e sobre os modos sutis de alienação na modernidade, uma autora, Entel (2010), introduz um aspecto importante a ser discutido quando se cita a alienação invisível, o caráter ideológico da divisão entre o sensível e o inteligível. Para ela, apoiando-se em autores como Benjamim, Marcuse, e Adorno, intelectuais da Escola de Frankfurt, é necessário entender as práticas culturais mais profundamente, já que elas modelam as percepções humanas mesmo nos tempos contemporâneos. A autora fala de uma experiência marcada pelos elementos históricos na condição humana, que não podem ser desprezados. A pedagogia e a filosofia contemporâneas estudam as possibilidades do pensar com e por imagens, e Entel fala de uma nova sensibilidade pensante, de um pensamento sensível. Mesmo assim, ela ainda detecta a necessidade de profundas transformações culturais e sociais hoje pensadas como utopia para a criação de uma nova sensibilidade, porque essa dicotomia ainda se encontra presente nas legitimações científicas e nas validações intelectuais. O trabalho se pautará pela discussão com essa autora que, inspirada nas reflexões de Benjamim, propõe a essência do saber sensível no que ela chama de “beleza gótica”.
RESULTADOS:
Em tempos de crise, para Entel (2010), a beleza gótica sintetiza bem as alterações de nosso tempo, mostrando frescor com impurezas, é uma ação autêntica contra as concepções tradicionais da beleza, uma verdadeira dialética negativa, que mostra imagens que transitam ao mesmo tempo entre ingênuas, cruéis e irônicas, porque fazem pensar, questionar, mas que não se desprendem de um prisma de certa magia, fantasia. A experiência estética vivenciada na exposição de arte de Siron Franco é descrita como possibilidade de encontro com um modo expressivo diferenciado em tempos contemporâneos que não podem prescindir de perspectivas críticas. Suas imagens se mostram como formas secretas e abstratas em que se percebe qualidades estéticas de uma obra que remetem à discussão sobre os saberes, as possibilidades de trabalho com um saber sensível na escola, que se acha conectado em todos os sentidos com a razão, não aquela instrumental, mas aquela dos meandros entre a palavra-imagem.
CONCLUSÃO:
O trabalho não perde de vista ao final a discussão sobre o saber sensível, que alcança a união da razão e da imaginação e das diferentes dicotomias em que se esbarra no lidar com a formação, a educação. Ele seria a própria ponte que explora o movimento dialético de estruturas fundidas em uma, separadas pelos rituais tristes dos paradigmas dominantes, a quem interessa realizar a separação do que traria ao povo as possibilidades da criação, do pensamento questionador, da liberdade, da autonomia e da consciência.
Palavras-chave: Saberes sensíveis, Experiência estética, Imagens.