63ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 3. Economia dos Recursos Humanos |
EVOLUÇÃO DA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS OCUPAÇÕES NO BRASIL (2002-2009) |
Jaqueline Moraes Assis Gouveia 1 Sandro Eduardo Monsueto 2 Bárbara Christina Pereira da Silva Carrijo 3 |
1. FACE – Ciências Econômicas – UFG 2. Prof. Orientador – FACE – Ciências Econômicas – UFG 3. FACE – Ciências Econômicas – UFG |
INTRODUÇÃO: |
O mercado de trabalho é a principal fonte de renda da população, como mostram os dados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Considerando que a inserção no mercado de trabalho é a principal fonte de renda da população e que o modo como ocorre essa inserção pode determinar o horizonte de oportunidades do indivíduo, é possível dizer que esta inserção tem um impacto significativo sobre o comportamento de indicadores sociais como os de desigualdade de renda. Neste sentido, este trabalho tem como principal objetivo analisar a condição socioeconômica das ocupações do mercado de trabalho brasileiro durante a década atual, usando para tanto uma classificação das ocupações que considera a média da renda e da educação de cada atividade. Tal classificação pode ser entendida como uma aproximação do status socioeconômico dos trabalhadores e representam um quadro da estrutura social do país. Entender tal estrutura pode contribuir para a análise da mobilidade social dos trabalhadores e no desenho de políticas de emprego que considerem as perspectivas futuras do indivíduo. |
METODOLOGIA: |
A base de dados usada na análise é a fornecida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, referente ao período de 2002 a 2009. A PNAD fornece uma série de informações sobre domicílios e pessoas, como renda, condições de vida, escolaridade e condições de trabalho. O trabalho usa informações de pessoas ocupadas em seis regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre), entre 18 e 65 anos para analisar como tais indivíduos se encontram inseridos no mercado de trabalho em termos de condições socioeconômicas. Para melhor entender o papel da estrutura ocupacional, contudo, é importante considerar o papel das ocupações na condição socioeconômica do trabalhador. Com este objetivo, é utilizada a classificação proposta por Januzzi (2000), fundamentada no status socioeconômico que a ocupação oferece e que permite hierarquizar as atividades de acordo com seu “prêmio social”, ou segundo o modo como a sociedade valora cada tipo de trabalho. Partindo de indicadores de salário e de nível educacional de cada atividade, as ocupações são agrupas em cinco categorias. |
RESULTADOS: |
Os resultados mostram três elementos principais. Em primeiro lugar, a divisão das ocupações segundos seu status socioeconômico parece produzir uma estrutura similar à apresentada pelas teorias de mercado de trabalho segmentado ou de mercados internos de trabalho, onde as ocupações superiores são caracterizadas pelos melhores salários e melhores condições de trabalho, enquanto as ocupações inferiores englobam os postos de trabalho de elevada precariedade e baixos salários. Em segundo lugar, se pode observar uma estabilidade na composição do mercado de trabalho durante o período analisado. A participação de cada categoria na absorção da mão de obra total tem se mantido relativamente constante, evidenciando um caráter de longo prazo da segmentação. Por último, apesar desta estabilidade, o período apresenta importantes mudanças dentro de cada categoria, principalmente em relação à renda e à informalidade. As ocupações de menor status apresentam uma tendência de diminuição da informalidade enquanto que os contratos informais ou tradicionais sofreram um aumento nas ocupações de melhor condição socioeconômica. |
CONCLUSÃO: |
A divisão dos trabalhadores segundo grupos socioeconômicos de ocupações contribui a entender o fenômeno da segmentação do mercado de trabalho brasileiro. As principais conclusões do trabalho mostram um avanço dos contratos de trabalho não tradicionais nas ocupações de mais elevado status, apesar dos mesmos ainda predominarem nas ocupações de mais baixa condição socioeconômica, onde são sinônimo de precariedade e informalidade. Se as ocupações são uma prévia do horizonte de possibilidades dos trabalhadores, as políticas públicas de emprego devem considerar não apenas condição ocupacional presente, mas sim as possibilidades de mobilidade dos trabalhadores ao longo de sua vida produtiva. A geração de empregos concentradas em postos de trabalho de baixo status ocupacional pode, ao invés de aliviar a desigualdade, acentuar as barreiras já impostas pela segmentação. |
Palavras-chave: Mercado de trabalho, Condição socioeconômica, Segmentação. |