63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Um ou dois pontos sobre experiência escolar e brincadeira turbulenta: Concepções e experiências na prática docente
Felipe Santos da Luz Monteiro 1
Leislane Luciano Lobo 2
Luiz Alexandre Oxley da Rocha 3
1. PIBID/CEFD/UFES
2. PIBID/CEFD/UFES
3. Prof. Dr. (Orientador) PIBID/DG/CEFD/UFES
INTRODUÇÃO:
Nosso objetivo neste relato é apresentar a nossa experiência no projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), através do subprojeto PIBID Linguagens, que, na UFES, une as licenciaturas dos cursos de Letras Português e Educação Física. Nossa equipe é composta por um grupo de 8 bolsistas, sendo 4 alunos de Letras e 4 de Educação Física. O PIBID é um programa do MEC que oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos de licenciaturas que se dediquem ao trabalho e à vivência nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério. Seu objetivo é antecipar o vínculo entre os futuros professores e as salas de aula da rede pública de ensino. Com essa iniciativa, o PIBID Linguagens tem cumprido seu objetivo ao nos aproximar da prática docente, da realidade escolar e de todo o choque pedagógico que esse encontro demanda. Fomos selecionados e ingressamos no PIBID por meio de um processo seletivo especial, pois dois alunos deixaram o projeto em 2010.
METODOLOGIA:
Ao chegar à escola e de acordo com nossos estudos iniciais, optamos trabalhar com a pesquisa-ação, por ser uma metodologia de investigação social que questiona os aspectos teóricos e práticos da nossa profissão. Além disso, ela se apresenta como a metodologia mais adequada para envolver, de forma corresponsável, todos/as os/as atores/ízes envolvidos/as no projeto e, neste sentido, questionar todos os âmbitos da prática educativa. Houve um período de observação na escola, para a preparação de um diagnóstico com o intuito de analisar o espaço escolar para podermos construir a nossa prática de atuação, baseada nos pontos já observados.
RESULTADOS:
Em certo momento na escola percebemos que os meninos estavam se chutando para comemorar os pontos conquistados nos jogos. Percebemos que aquele chute era uma forma dele demonstrar carinho sem perder sua masculinidade. Para Souza & Rodrigues (2002) trata-se de “brincadeiras turbulentas” que “consistem em uma forma de interação através da qual as crianças empurram, puxam, dão socos, perseguem, lutam, agarram e apertam umas as outras”. Nosso grupo ofertou, em evento da escola, uma oficina de peteca. Nesta atividade pudemos perceber vários conflitos, alguns relacionados às “brincadeiras turbulentas”, onde garotos provocavam outros e depois de competir comemoravam as vitórias aos pontapés. Para DiPiedro (1981), (...) “ainda que tais padrões motores, características desta brincadeira, algumas vezes permitam classificá-la como uma espécie de agressão, convém ressaltar que nela se inclui um componente fortemente ligado a sociabilidade isso permite opor a brincadeira turbulenta às “brigas verdadeiras” e a outras interações agonísticas”. Parece haver a necessidade de estudar, compreender e intervir em relação as atitudes pertinentes às “brincadeiras turbulentas”, uma vez que estão relacionadas à cultura infantil e infanto-juvenil, mas refletem a preconceitos presentes em nossa sociedade.
CONCLUSÃO:
As experiências adquiridas a partir das aulas deram um novo olhar sobre a prática educativa e, por consequência, à formação. Quando colocamos em pratica o que estudamos em sala de aula com alunos reais percebemos a complexidade da atividade docente. Todo dia de aula é como o primeiro dia, lidamos com seres humanos e por isso as relações e o conhecimento novo é sempre imprevisível. Nos perguntamos, frente ao planejado: será que a dinâmica vai dar certo? A verdade é que desejamos que de certo. Nossa capacidade de “ler” a realidade onde estamos inseridos pode nos facilitar o planejamento e a ação pedagógica. Mas situações como as “brincadeiras turbulentas” nos desafiam a pensar o grau de interferência possível nas relações de gênero, ainda não experimentadas em nosso projeto.
Palavras-chave: brincadeira turbulenta