F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional |
|
O MERCOSUL NA ESTRATÉGIA DE INSERÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL |
|
Bruna Zigoni 1 Davy Frederico Souza 1
|
|
1. Departamento de Economia - UFES
|
|
INTRODUÇÃO: |
O mundo sofreu uma radical transformação em fins dos anos 80, com a derrocada da bipolaridade engendrada pelo conflito ideológico, econômico e geopolítico entre URSS e EUA. A intensificação do comércio internacional e a ascensão de novos atores no cenário mundial evidenciaram que a aparente hegemonia alcançada pelos EUA era, de fato, efêmera. Reflexo disto foi a conformação de blocos econômicos, em especial o aprofundamento do processo de integração europeu. Nessa conjuntura o Mercosul surge como uma iniciativa de aproximação das duas principais economias do Cone Sul e representa o cerne da nova estratégia de política externa brasileira a partir dos anos 90. Efetiva-se, a partir daí, a criação e sustentação da influência política do Brasil na América do Sul através de ganhos econômicos propiciados aos parceiros comerciais, em especial à Argentina, através do acesso ampliado ao robusto mercado brasileiro. Nesse sentido, este trabalho objetiva analisar o sucesso da iniciativa do Mercosul e o seu peso na nova postura externa do país, principalmente a partir do Governo Lula. Trata-se de um tema fundamental para situar o Brasil no novo contexto mundial, uma vez que o país se coloca como uma potência emergente e auspicia maior protagonismo nas relações internacionais. |
|
METODOLOGIA: |
O artigo é fruto de pesquisa de iniciação científica fomentada no âmbito das atividades do Programa de Educação Tutorial em Economia da UFES. Trata-se de um estudo teórico-histórico acerca da constituição do Mercado Comum do Sul, com enfoque na importância global de tal projeto para o Brasil em sua nova estratégia de inserção internacional. Realizou-se uma avaliação dos impactos da expansão sobre o comércio exterior dos dois países e os efeitos econômicos correlatos. Efetuou-se, ainda, uma revisão bibliográfica dos principais estudos acerca do tema. Buscaram-se atualizações analíticas do processo divulgadas em periódicos de referência na área de Economia Internacional e Relações Internacionais da América Latina. Ademais, foram analisados, à luz do tempo histórico, os documentos constituintes do Mercosul e os acordos, protocolos e tratados assinados por seus membros posteriormente. Todo este apanhado é contraposto às ações perpetradas pela diplomacia brasileira na última década. |
|
RESULTADOS: |
As políticas engendradas a partir do governo Lula e conduzidas pelo Itamaraty revelaram a percepção de que o Mercosul configura-se como a única estratégia de inserção autônoma e efetiva sul-americana e, sobretudo, brasileira, frente à uma ordem internacional marcada por vicissitudes. Nesse contexto foram praticadas políticas com interesses distintos. Perante a União Europeia e EUA procurou-se reduzir as assimetrias prevalecentes num tom de confrontação, como na disputa pelo fim dos subsídios agrícolas, na sustentação na Rodada Doha por um comércio internacional mais igualitário e benéfico aos países pobres, no anseio de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e na defesa do princípio de não-intervenção militar. Dessa forma o Brasil, enquanto líder do Mercosul, legitima-se como uma potência regional com um importante papel nesta nova ordem. Em contrapartida o relacionamento Sul-Sul adquiriu um viés de associação, no sentido de maior intensificação do fluxo de investimentos e comércio, visando um desenvolvimento mútuo. Além disso, há um aprofundamento no vínculo estratégico das parcerias com países dinâmicos em crescimento acelerado, como a Índia, a China, a Rússia e alguns países africanos. |
|
CONCLUSÃO: |
O Mercosul representa a experiência de maior sucesso em relação às tentativas anteriores de integração latino-americanas como a ALALC, a ALADI e a CAN. Representa, também, a iniciativa de integração mais ousada depois da União Europeia Afinal o Mercosul, ao propiciar uma melhora dos termos de intercâmbio dos membros, promoveu dinamismo mútuo e um relacionamento econômico mais equânime. Isso não seria possível sem a atuação do Brasil. Maior economia do Cone-Sul e principal interessado na consolidação do bloco, o país tem a integração regional como objetivo primeiro para a política externa desenhada a partir do governo Lula. O sucesso econômico da iniciativa, a ampliação do bloco com o ingresso de novos membros e o interesse comum dos países no sentido de explorar as sinergias nas áreas de infraestrutura, energia e cooperação financeira, além de fortalecer a região nas negociações e nos fóruns internacionais, culminou na criação da Unasul. Consolidando o processo de integração no âmbito econômico, político e estratégico, a Unasul amplifica o poder do Brasil, líder natural do continente. E representa o ápice do processo de integração sul-americano, proporcionando aos países membros, especialmente o Brasil, ativismo frente a um mundo multipolar em construção. |
|
|
Palavras-chave: Política Externa Brasileira, Mercosul, Comércio Exterior. |