63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica |
CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR DOS CARCINOMAS DUCTAIS IN SITU (CDIS) DA MAMA ATRAVÉS DE ESTUDO IMUNO-HISTOQUIMICO. |
Atila da Silva Souza 1 Helenice Gobbi 2 Amanda Arantes Perez 1 José Ivanildo Neves 3 Rafael Malagoli Rocha 3 |
1. Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG 2. Dra./Orientadora – Depto. de Anatomia Patológica e Medicina Legal - UFMG 3. HOSPITAL A. C. CAMARGO DE SP |
INTRODUÇÃO: |
O câncer de mama representa o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo, sendo o mais comum entre as mulheres, e responsável por 22% dos novos casos a cada ano. Embora seja considerado uma neoplasia com bom prognóstico quando diagnosticada e tratada precocemente, nos países em desenvolvimento a sobrevida média após cinco anos é de 57% (INCA 2010). Estudos recentes empregando microarranjos de DNA classificaram o carcinoma ductal invasor (CI) da mama em subtipos moleculares. Em seguida, investigação imuno-histoquímica correlacionou esses subtipos com a expressão de proteínas características e o prognóstico das pacientes de cada grupo. Contudo, ainda há poucas pesquisas desses subgrupos fenotípicos em carcinomas ductais in situ (CDIS) de alto grau, que apresentam pior prognóstico em relação aos demais CDIS. Nosso trabalho tem como objetivo classificar o carcinoma ductal in situ de alto grau da mama (CDIS) puro ou associado ao carcinoma ductal invasor (CI) em subgrupos moleculares e pesquisar a expressão dos marcadores moleculares nos dois componentes (in situ e invasor). A caracterização desses subgrupos fenotípicos em CDIS se faz mandatória para compreensão da história natural desses tumores e para o reconhecimento de possíveis alvos terapêuticos. |
METODOLOGIA: |
Foram selecionados todos os casos de CDIS de alto grau da mama, puros ou associados a CI, diagnosticados no período de 2003 a 2008 no Laboratório de Patologia Mamária da Faculdade de Medicina da UFMG. Todos os casos foram revistos e novos cortes histológicos foram submetidos a imuno-histoquímica para receptores de estrógeno (RE), progesterona (RP), HER2, EGFR (HER-1), citoqueratinas 5/6 (CK5/6) e14 (CK14). Os casos foram classificados de acordo com o fenótipo molecular em: Luminal A, Luminal B, HER2, Tipo Basal, Tipo “não classificável”. Os marcadores foram avaliados nos dois componentes (in situ e invasor). O programa Epi-Info 6.0 foi utilizado para construção e análise estatística do banco de dados. |
RESULTADOS: |
Foram analisados 121 espécimes, dos quais 42 casos apresentavam carcinoma ductal in situ de alto grau puro e 79 apresentavam associação CDIS e carcinoma invasor. Entre os CDIS puros, o fenótipo mais frequente foi o luminal A (24/42 casos; 57,1%), seguido pelo HER2 e tipo “não classificável” (6/42 casos; 14,3% para ambos), luminal B (5/42 casos; 11,9%) e fenótipo basal (1/42 casos; 2,4%). Entre os carcinomas ductais in situ associados a carcinoma invasor, o fenótipo luminal A também foi o mais frequente (44/79 casos; 55,7% e 50/77 casos; 64,9% respectivamente para os componentes in situ e invasor). O fenótipo HER2 correspondeu a 6/79 casos (7,6%) no componente in situ e 4/77 casos (5,2%) no componente invasor. O fenótipo basal foi observado em 10/79 casos (12,7%) no componente in situ e em 5/77 casos (6,5%) no componente invasor. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as frequências dos diferentes fenótipos moleculares no carcinoma ductal in situ puro ou associado a componente invasor (p > 0,05). O fenótipo basal evidenciou tendência à maior positividade no grupo do carcinoma ductal in situ associado a componente invasor (p=0,095). Excelente concordância entre os diferentes fenótipos moleculares nos componentes in situ e invasor foi observada (kappa = 0,823). |
CONCLUSÃO: |
A distribuição de frequência dos fenótipos moleculares observada no estudo assemelha-se à descrita em outras séries da literatura. Houve boa concordância entre os imunofenótipos dos CDIS’s e dos CI’s sincrônicos. Embora o estudo tenha se fundamentado em amostra de tamanho limitado, nosso trabalho contribui para a melhor caracterização molecular dos carcinomas ductais in situ da mama e serve como subsídio para estudos subsequentes. |
Palavras-chave: Carcinoma mamário, Imunofenótipo, Imuno-histoquimica. |