63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
EPILEPSIA BENIGNA DA INFÂNCIA COM PONTAS CENTROTEMPORAIS: ESTUDO DE ASPECTOS CLÍNICOS, NEUROFISIOLÓGICOS E COGNITIVOS
Carolina Siqueira Mendonça 1
Glória Maria de Almeida Souza Tedrus 1,2
1. Pontifícia Universidade Católica de Campinas
2. Profa. Dra./Orientadora – Faculdade de Medicina
INTRODUÇÃO:
A epilepsia benigna da infância com pontas centrotemporais (EBICT) é uma forma de epilepsia na qual não existem lesões anatômicas demonstráveis e há remissão espontânea das crises, sendo a forma mais comum de epilepsia parcial da infância, com uma prevalência de 10 a 24%. É mais frequente no gênero masculino, onde as crises epilépticas são de caráter focal, pouco numerosas e, na maioria dos casos, iniciam-se entre 3 e 10 anos de idade. Crianças na fase ativa da epilepsia podem apresentar déficits cognitivos como dificuldades de aprendizagem e de leitura. O eletrencefalograma (EEG) mostra no período interictal, atividade de base normal, e atividade epileptiforme (AE) caracterizado por pontas de amplitude elevada, seguidas ou não por onda lenta, de predomínio nas regiões centrais e temporais médias de um ou de ambos os hemisférios. O estudo integrado da avaliação cognitiva, do aspecto clínico e eletrencefalográfico em crianças com EBICT podem trazer informações importantes.
METODOLOGIA:
Com o objetivo de avaliar e correlacionar, em crianças com EBICT, aspectos clínicos, eletrencefalográficos e cognitivos foram avaliadas 20 crianças (idade media 11,2 (±1,83) anos, diagnosticadas com EBICT. Os procedimentos utilizados para coleta dos dados foram: anamnese; exame neurológico, Inventário de Edinburgh, EEG, testes cognitivos (Teste de Desempenho Escolar - TDE, WISC-III, Teste de Trilhas – Trail Making test, Teste de Stroop e Wisconsin Card Test).
RESULTADOS:
Foram avaliadas 20 crianças com EBICT (50% do gênero feminino) com idade media de 11,2 (±1,83) anos. As crianças com EBICT apresentaram os valores do QI normais e houve desempenho inferior no TDE em proporção elevada das crianças com EBICT. Quando comparados o desempenho na avaliação cognitiva, não houve diferença significativa entre os grupos EBICT e Grupo controle. Na pesquisa atual não foi observada associação significativa do desempenho inferior no WISC-III e no TDE com o número total e tipo de crises epilépticas, de modo semelhante ao observado por outros autores. De modo geral, não observamos envolvimento cognitivo das funções executivas nas crianças com EBICT, neste estudo.
CONCLUSÃO:
A EBICT, apesar de uma síndrome epiléptica benigna, em algumas crianças podem apresentar comprometimento neuropsicológicos específicos, que podem estar associados a fase ativa da epilepsia. As crianças com EBICT apresentaram os valores do QI normais, de modo semelhante aos achados da literatura. Houve desempenho inferior no teste de desempenho escolar em proporção elevada das crianças com EBICT. Este estudo não mostrou envolvimento cognitivo das funções executivas nas crianças com EBICT, de modo semelhante a alguns estudos na literatura. Não foi observada relação entre os aspectos clínicos, eletrencefalograficos e cognitivos.
Palavras-chave: Epilepsia focal, Atividade epileptiforme, Eletrencefalograma.