63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
FRUGIVORIA POR AVES EM Ficus pertusa EM ÁREA URBANA E RURAL EM PALMEIRAS DE GOIÁS
Natana Gomes Mendonça 1
Luiz Gonzaga Alves Mendonça 2
1. Universidade Universitária de Palmeiras de Goiás - UEG
2. Prof. Orientador - Universidade Universitária de Palmeiras de Goiás - UEG
INTRODUÇÃO:
O Brasil possui a terceira maior diversidade mundial de aves, com 1.832 espécies (CBRO, 2010). Destas 837 estão no Cerrado, cujo ecossistema passa por marcante destruição de habitats (SILVA, 1995), influenciando negativamente na nidificação e alimentação destas espécies. As aves atuam na restauração do ambiente através da dispersão e em troca recebem o retorno nutricional (CAZETTA, 2002). O objetivo deste trabalho foi comparar a frequência e abundância das aves que forrageam Ficus pertusa (Moraceae) em área urbana e rural. Analisando sazonalidade, estratégias de captura do fruto e manipulação, comportamento alimentar, encontros agonísticos, e caracterizar quais espécies são frugívoras especialistas e quais são frugívoras oportunistas no município de Palmeiras de Goiás. O estudo possibilitará maior conhecimento sobre a avifauna local e sua inter-relação com Ficus pertusa. A frugivoria é tema relevante para a conservação de pequenos remanescentes florestais, inclusive os de área urbana. A introdução de espécies exóticas na arborização, juntamente com a degradação ambiental pode ocasionar um significativo decréscimo na avifauna. Este trabalho provavelmente contribuirá com estudos futuros e mais aprofundados sobre interação entre aves e plantas.
METODOLOGIA:
Os dados foram coletados em seis campanhas, sendo três em área urbana (16º 48’ 49.13’’S, 49º 55’ 48.29’’ O. Altitude 618) e três em área rural (16º 50’ 46.27’’ S, 49º 54’ 51.73’’ O. Altitude 578). As campanhas ocorreram entre março de 2010 e março de 2011, em um total de 36 visitas. Em cada período de frutificação ocorreram seis visitas, intercaladas em média cada três dias. As visitas ocorreram de 06h30min as 07h30min. Foram calculados dados de abundância e frequência. O registro das espécies foram baseado em Anjos (1996) e Bibby et al. (2000), sendo estabelecida a metodologia de ponto de observação em cada árvore a fim de enumerar e identificar cada espécie. Os registros foram feitos com o uso de binóculos 20x50 mm e 10 x 50 mm, e pela vocalização, tomando-se o cuidado para não registrar um mesmo indivíduo mais de uma vez. A identificação das espécies seguiu Ridgely e Tudor (1989), Sick (1997) e Sigrist (2006). Os nomes científicos e a classificação taxonômica empregada neste estudo foram a listagem do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2010). A abundância foi considerada como o número de visitas dos indivíduos, discriminados em suas respectivas espécies e comportamento de forrageio ou somente visitante. Manteve-se o fuso horário –3hGMT).
RESULTADOS:
As aves frugívoras oportunistas ou especialistas tiveram maior abundância que as visitantes, sendo 50,1% das frugívoras (FRU) na área urbana (U) e 49,8% na área rural (R). Em U a maior abundância de Brotogeris chiriri elevou os índices em relação a R. Nas 06 frutificações os FRU com maior incidência foram Brotogeris chiriri, Thraupis sayaca e Euphonia clorotica. O comportamento alimentar E /O, incidi em maior frequência em frugívoros sendo: FRU 89,4%, onívoros (ONI) 6,4%, granívoros (GRA) 41%. Em visitantes a insetívora 47%, ONI 1,7%, GRA 14,8%, e nectarívoro 1,2%, demonstrando maior abundância dos insetívoros, provavelmente ligado aos insetos atraídos pelos frutos. As estratégias de captura foram RE (estende o corpo abaixo ou acima) 56,6%, PI (captura pousada sem estender o corpo) 5,9%, HO (captura em vôo pairando brevemente.)1,4%, ST (captura em vôo sem parar) 0,4% e HA (a região ventral voltada para cima sob o poleiro)0%, elucidando que nenhuma das espécies listadas possui esta técnica como exclusiva. Alguns que compartilharam de mais de um modo de captura: PI/RE/HA 18,8%, PI/RE 10,5%, PI/HO/ST 1,8%, PI/RE/HA/HO 1,7%, O modo de manipulação foi MF (mandibula o fruto) 62,5%, EF (engole o fruto)13,8%, e 23,5% dos que compartilham das duas técnicas (EF/MF).
CONCLUSÃO:
Conclui-se que apesar da área urbana apresentar naturalmente nível máximo de antropização, espécies como Brotogeris chiriri, Thraupis sayaca e Euphonia clorotica apresentaram maiores incidências na área rural que na urbana. Enquanto na área U predominou respectivamente B. chiriri, T. palmarum e E. clorotica, em R predominou B. chiriri, T. sayaca e E. clorotica. Quanto à abundância as táticas de captura de alimento mais frequentes foram RE e PI/RE/HA. Em relação à espécie ocorreu mais RE, PI. A maioria das espécies listadas possui a estratégia EF, porém B. chiriri, a mais abundante, elevou os índices para MF. Se considerarmos espécies: EF, e se considerarmos espécimes MF. As aves que usam da técnica EF utilizam das 05 táticas de captura de alimento. Aves da técnica MF não utilizam Hovering. E as que compartilham das duas táticas não possuem a estratégia sttalling e hovering. Quanto ao comportamento alimentar a maioria das espécies foram especialistas, pois eram frugívoras. Algumas espécies foram encontradas em apenas uma das áreas (U/R), porém não ocorreram diferenças significativas.
Palavras-chave: Frugivoria, Ficus pertusa, Forragear.