63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante
PERFIL DE ALUNOS INGRESSANTES EM CURSOS TECNICOS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, FARMÁCIA E SEGURANÇA DO TRABALHO DA FIEC – INDAIATUBA, SP: ASPECTOS PRELIMINARES
Anderson dos Santos 1
1. Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura - FIEC
INTRODUÇÃO:
O ensino técnico ou ensino técnico-profissional constitui uma modalidade de ensino orientada para a rápida integração do aluno no mercado de trabalho, com características específicas que podem variar conforme o país e o seu sistema educativo. Nesse sentido, acredita-se que a finalidade de tal modalidade educacional seja promover educação profissional visando pleno desenvolvimento do sujeito, preparo para a cidadania, respeito pelos valores políticos e éticos, alem da apropriação de conhecimentos através da construção de competências e aquisição de habilidades para o exercício profissional, atendendo as demandas do mercado de trabalho. A vivencia como docente dos cursos técnicos profissionalizantes de Segurança do trabalho, Administração de empresas e Farmácia, oferecidos na FIEC de Indaiatuba, SP, proporcionou a realização do presente trabalho de escuta e continência para os alunos, possibilitando a criação de um espaço de discussão, de trocas de experiências e de reflexão sobre a formação profissionalizante.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado com três turmas de alunos ingressantes nos cursos profissionalizantes de Administração de empresas, Segurança do trabalho e Farmácia da FIEC de Indaiatuba no ano de 2010, atingindo uma amostragem de 112 alunos. Nos 10 encontros de trabalho com cada turma, foram utilizadas técnicas e ferramentas quantitativas e qualitativas que pudessem captar as expectativas de momento dos alunos ingressantes nos cursos técnicos profissionalizantes, tais como: entrevistas semi-estruturadas, gravadas com a autorização do entrevistado (4 alunos de cada turma escolhidos aleatoriamente), dinâmicas de grupos, jogos sociodramaticos, alem de visitas em organizações de trabalho. A partir das técnicas e ferramentas foi possível trabalhar temas como mercado de trabalho, ética e atuação profissional, compromisso social, educação técnica, alem de temas transversais como gênero, violência, preconceitos, etc.
RESULTADOS:
Dos 112 alunos ingressantes nas 3 turmas trabalhadas, chama atenção o numero de mulheres matriculadas (76%), com média de idade em 16 anos. O curso de farmácia tinha 90% de ingressantes do sexo feminino, seguido por administração com 78% e segurança do trabalho com 60%. A media de idade dos alunos do sexo masculino foi de 16, 6 anos. Entre dezembro e fevereiro foram realizados 10 encontros de 120 minutos com cada turma. Em grupos, foi possível estimular a reflexão sobre o papel deles na sociedade atual e quais as aspirações futuras. Sobre a escolha do curso, muitos disseram estar ali porque precisavam “ganhar dinheiro pra ajudar em casa”, alguns porque se interessavam por aspectos da profissão, e outros porque a família tinha negócios na área. Como todos alunos da FIEC também fazem ensino médio regular e publico, a dupla jornada foi apontada como um dos fatores que estimulam a desistência do curso. Prioridade para a formação profissional e acadêmica, algumas manifestações de preconceito envolvendo a relação gênero-profissão também foram apontadas pelos grupos. A participação ativa durante as visitas técnicas também foi um momento fundamental para que os alunos pudessem entrar em contato com o ambiente onde possivelmente atuarão apos a conclusão do curso.
CONCLUSÃO:
Com o encerramento dos trabalhos foi possível perceber alguns aspectos que consideramos relevantes para se discutir as políticas de formação técnica profissionalizante. O prévio conhecimento das possibilidades de atuação futura em cada uma das profissões oferecidas ficou evidente, e é oferecido através da divulgação dos cursos feita pela instituição proponente dos mesmos, no caso a FIEC. Os aspectos como ética profissional e compromisso social pareceram estar bem internalizados pelos alunos, embora em alguns momentos tenha sido possível perceber conteúdos relacionados a preconceito no mercado de trabalho, especialmente na díade gênero-profissão. Por outro lado, a maioria dos alunos apresentou dificuldades em dar seqüência nas discussões especialmente quando, no andamento dos trabalhos, era requerido conhecimentos básicos do conteúdo do ensino médio como ciências sociais, biológicas, matemática e principalmente gramática e leitura. O êxito obtido com a criação do espaço de escuta e de troca de experiência está mobilizando os demais cursos técnicos da instituição. Próximo da conclusão do curso dos alunos que participaram deste trabalho será realizada uma novo momento de escuta a fim de comparar os discursos.
Palavras-chave: Educação, Ensino Técnico, Adolescente.