63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
Análise Clínica e Quantificação da Fibrose Renal e Cardíaca em Pacientes Hipertensos Com ou Sem Acidente Vascular Encefálico
Cristiane Naffah de Souza 1
Leandro Carvalho Dantas Breda 1
Fabiano Bichuette Custódio 2
Débora Tavares Resende e Silva Abate 2
Marlene Antonia dos Reis 2
Ana Carolina Guimarães Faleiros 1
1. Disciplina de Biologia Celular,Departamento de Ciências Biológicas-UFTM
2. Disciplina de Patologia Geral,Departamento de Ciências Biológicas-UFTM
INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), definida como pressão sangüínea sistólica acima de 140mmHg e/ou pressão sangüínea diastólica acima de 90mmHg, é uma das mais freqüentes e preocupantes doenças nos países do ocidente. Estima-se que exista cerca de 1 bilhão de indivíduos hipertensos no mundo, sendo a hipertensão arterial responsável por aproximadamente 7,1 milhões de óbitos por ano.Inquéritos epidemiológicos da HAS no Brasil apontam uma alta prevalência, da ordem de 22% a 44%, sendo responsável por aproximadamente 46% dos óbitos.
No coração a HAS pode ser considerada como um fator responsável por alterações estruturais e funcionais promovendo a hipertrofia do ventrículo esquerdo e fibrose intersticial.Além de a HAS afetar o coração ela também pode provocar danos nos rins, causando a nefroesclerose, e no encéfalo, promover a deterioração da parede das artérias cerebrais levando ao acidente vascular encefálico (AVE). Sendo assim, os AVEs hemorrágicos parecem estar diretamente relacionados com a elevação da pressão sanguínea, enquanto o AVE isquêmico é explicado por lesões ateroscleróticas, o que é um marcador do descontrole da HAS, pois acelera a aterosclerose. Assim, ambos os tipos estão relacionados com a HAS.Epidemiologicamente, o AVE é considerado a segunda causa de morte no mundo, com cerca de 4,5 milhões de vítimas anuais e a terceira causa mais comum de morte nos países desenvolvidos, superado apenas pelas doenças cardíacas e pelo câncer.
METODOLOGIA:
Selecionamos casos de pacientes hipertensos autopsiados no Hospital de Clínicas da UFTM, de 1985-2004. Registramos os casos de AVE e dados clínicos (Pressão arterial (PA), Glicose, Uréia, Creatinina). Excluímos aqueles com cardiopatias que não a hipertensiva, nefropatias primárias ou doenças sistêmicas lesivas ao rim. Os fragmentos desses órgãos foram processados, corados com picro-sirius, analisados sob luz polarizada e as porcentagens de fibrose cardíaca (%FC) e renal (%FR) foram calculadas no programa ImageJ. A Pressão Arterial Média (PAm) foi calculada somando-se a pressão arterial diastólica com um terço da diferença entre a pressão arterial sistólica e a diástolica (PAM (pressão arterial média)=PD(pressão diastólica)+(PS(pressão sistólica)-PD)/3). Para a análise estatística utilizamos programa SigmaStat 3.5. A normalidade foi testada pelo teste Kolmogorov-Smirnov, utilizamos os testes “t” de Student, Mann-Whitney, Exato de Fisher e as Correlações de Spearman e Pearson de acordo com a distribuição da amostra.
RESULTADOS:
Analisamos 23 casos, desses, 10 tiveram AVE, sendo 8 hemorrágicos e 2 Isquêmicos. Houve prevalência do gênero masculino (73,92%), sendo 30,44% com e 43,48% sem AVE (p=0,371), a média de idade dos pacientes com AVE foi de 57,4 e sem AVE foi de 61,3 anos (p=0,561), e a média do IMC foi 21,4 e 22,9 kg/m² (p=0,5), respectivamente. A mediana de uréia nos casos com AVE foi 45,5 e nos sem AVE 48,5 mg/dL (p=0,9), a média de creatinina foi 1,5 e 1,4 mg/dL, e a média de glicose foi 217 e 108,3 mg/dL (p=0,018), respectivamente. A média da PAm nos pacientes com AVE foi 135,3 e nos sem AVE 97,9 mmHg (p=0,032), sendo que no AVE hemorrágico a PAm foi de 147,1 e no AVE isquêmico 88,3 mmHg (p=0,036). A média da PA sistólica nos pacientes com AVE foi 184 e nos sem AVE 131,2 mmHg (p=0,014) e a média da PA diastólica foi 111 e 81,2 mmHg (p=0,068), respectivamente. A mediana da %FR nos pacientes com AVE foi 14,3 e nos sem AVE foi 13,9 (p=0,878), a da %FC foi 1,7 e 0,3 (p=0,205), respectivamente. As correlações entre %FC e %FR com PAm foram positivas (p=0,305; p=0,508; respectivamente).
CONCLUSÃO:
Os pacientes com AVE, especialmente o hemorrágico, e os que tiveram maior %FC e %FR apresentaram níveis mais elevados de PAm, PA sistólica e glicemia. Portanto, esses fatores estariam relacionados ao acometimento mais intenso dos órgãos-alvo da HAS. Porém, as análises da %FC e %FR nos mostram que a ocorrência de AVE não está relacionada a intensidade da lesão nos outros órgãos-alvo.
Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Órgãos-alvo, Fibrose.