63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) |
ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO E PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES PRELIMINARES |
Maria Elizabete Pereira dos Santos 1 |
1. Depto. de educação - UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
O Estágio Curricular Obrigatório das licenciaturas constitui-se no período em que os estudantes exercem a docência supervisionada. Momento em que as teorias deveriam ser revistas à luz do contexto escolar. O diagnóstico é uma fase inicial em que o conhecimento sobre a escola fundamenta a construção do plano de estágio. Apesar das abordagens educativas apontarem para a compreensão da escola a partir do cotidiano, os diagnósticos apresentados ainda priorizam a descrição quantitativa. Tal abordagem reflete na construção dos planos de estágio. Em 2009 foi implantado na UFRPE o Programa Institucional de bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. Um dos seus objetivos é promover a formação inicial dos licenciandos a partir da ampliação da vivência no cotidiano escolar. O programa tem possibilitado aos bolsistas a inserção na vida das escolas onde atuam para compreendê-la em seu contexto. O cotidiano dos espaços escolares e as diversas relações estabelecidas entre os sujeitos comunitários, tem influenciado a construção de projetos de intervenção pautados pela realidade. Deste modo, presente trabalho teve como objetivo comparar os aspectos considerados no diagnóstico escolar por bolsistas do PIBID e por estagiários de cursos de licenciatura e sua influência nas ações educativas. |
METODOLOGIA: |
O presente trabalho foi desenvolvido junto aos estagiários matriculados numa das etapas do Estágio Curricular Obrigatório do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE e aos bolsistas do PIBID da mesma licenciatura. Os dados foram obtidos dos relatos socializados e escritos pelos estagiários e bolsistas. Também promovemos entrevistas com os estagiários, nos espaços de orientação, e bolsistas, nas reuniões periódicas de planejamento e avaliação das atividades. As questões centrais, sobre a abordagem do contexto, levantadas para a discussão e reflexão junto ao grupo de estagiários foram: Por que os dados obtidos durante os diagnósticos, em sua maioria, focaram descritivamente questões referentes às condições estruturais, quantitativo/origem dos diversos sujeitos que compõe a escola, estrutura organizacional, questões disciplinares, lacunas nos conhecimentos abordados em sala de aula, quantitativo sobre evasão e repetência? Quais as dificuldades encontradas pelos estagiários para vivenciar o cotidiano escolar e assim irem além de dados meramente quantitativos? O foco das discussões com os bolsistas faziam referência à importância sempre ressaltada por eles em resgatar o cotidiano da escola como premissa a qualquer elaboração de planos de atividades. |
RESULTADOS: |
Os estagiários, em geral, durante o diagnóstico, colocam-se como observadores preocupados em obter dados objetivos, sem envolvimento na dinâmica escolar. Parecem ignorar a subjetividade que alimenta e mobiliza o cotidiano. Ao invés de ser período de vivência, o estágio é concebido pelo estagiário como período de levantamentos e cumprimento de atividades, visando atender aos períodos de avaliações de aprendizagem com datas definidas pela Instituição. A obrigatoriedade de notas parciais, como condição para a próxima etapa do estágio ou conclusão do curso, parece ser um fator limitador à vivência escolar. Em relação aos bolsistas, estes parecem ter mais tempo para perceber concepções de mundo e de realidade escolar, desejos, motivação, conflitos, frustrações, perspectivas, limitações, potencialidades dos sujeitos, além das questões estruturais e de gestão. Tais aspectos importam na construção de projetos de intervenção que possam ser significativos para a comunidade escolar. A não vinculação a avaliação de aprendizagem institucional talvez seja um dos fatores que possibilite maior inserção sobre o cotidiano escolar, estabelecendo vínculos que permitam à discussão, reflexão e estruturação de ações junto aos atores do contexto escolar. |
CONCLUSÃO: |
O envolvimento e apropriação sobre o cotidiano escolar apresentam-se como aspectos fundamentais à formação do educador que se deseja crítico e envolvido nos desafios escolares. A efetivação deste processo torna-se possível a partir do momento em que vínculos de confiança se estabelecem entre os protagonistas da escola e os licenciandos. A concretização deste vínculo, fundamental na construção de propostas de intervenção escolar significativas, requer tempo e reflexão sobre a realidade escolar. Apesar de não ser suficiente para explicar a desarticulação entre contexto e planejamento de processos educativos, uma das questões a ser aprofundada é se a matriz curricular das licenciaturas, com o estágio estruturado em etapas, disciplinas e concomitante a outros componentes curriculares, tem favorecido à vivência efetiva do licenciando no cotidiano escolar. Ainda não disponibilizamos de dados suficientes que subsidiem esta discussão, visto que algumas licenciaturas estão em processo de implantação da nova proposta curricular. Entretanto, acreditamos que a experiência junto ao PIBID poderá fornecer subsídios importantes que ampliarão as discussões sobre formação de educador, bem como colaborar e até propor outras formas de condução do estágio curricular nas licenciaturas. |
Palavras-chave: Estágio curricular obrigatório, Cotidiano, PIBID. |