63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior |
PRESENÇA, SILÊNCIO E DESAFIOS: A PESQUISA E INTERDISCIPLINARIDADE NO CURSO DE PEDAGOGIA SEGUNDO AS VOZES DOS ALUNOS |
José Aparecido Alves Pereira 1 Maria de Lourdes Rocha de Lima 2 |
1. Universidade do Estado da Bahia, Campus XII/Guanambi 2. Profª.Drª. Fac. de Educação da Univ. Federal de Minas Gerais/UFMG |
INTRODUÇÃO: |
No processo de vozes, escuta e silêncio na sala de aula a prática do professor é um dos principais elementos motivacionais para a participação ou acomodação dos sujeitos. A maneira como o currículo do curso de pedagogia está organizado e por meio das ações docentes, o aluno pode despertar o desejo de ecoar sua voz, ou, simplesmente escutar e silenciar. Não que o silêncio e a escuta não devam existir, pois são comportamentos necessários ao ato de ensinar e aprender. Mas, numa relação onde há exclusividade da voz de um em detrimento do silêncio e escuta de outros, isto é questionável. O objetivo deste trabalho foi compreender o desenvolvimento da pesquisa e interdisciplinaridade no currículo do curso de Pedagogia por meio das vozes dos alunos. As motivações em estudar o desenvolvimento do currículo nascera das inquietações enquanto professor, nesta mesma instituição, ao participar do processo de discussão da proposta curricular do curso de Pedagogia no ano de 2004. Este trabalho é parte da dissertação de mestrado intitulada: Vozes, escuta e silêncio dos alunos acerca da Avaliação da Aprendizagem no contexto de um curso de Pedagogia no município de Guanambi-Bahia. Porém, em virtude da abrangência deste estudo, fez-se um recorte das categorias interdisciplinaridade e pesquisa. |
METODOLOGIA: |
Tratou-se de um estudo de caso numa abordagem qualitativa (BOGDAN & BIKLEN, 1994; LUDKE & ANDRÉ, 1986). Na seleção da amostra considerou-se as categorias sexo, idade, profissão, renda e experiência em movimentos sociais para escolha de 20 sujeitos dentre os 87 alunos que compõem duas turmas, uma do matutino e outra do noturno, do sétimo período/semestre do curso de Pedagogia do Campus XII da Universidade do Estado da Bahia no município de Guanambi, Bahia, Brasil. Além do questionário socioeconômico utilizado para seleção da amostra e conhecimento do contexto do educando, utilizou-se análise documental e entrevista semiestruturada para coleta de dados (GIL, 1991; LUDKE & ANDRÉ, 1986; BOGDAN & BIKLEN, 1994). Na análise dos dados tomou-se a interpretação hermenêutica (RICOUER, 1977), como pressuposto principal no tratamento dos dados. |
RESULTADOS: |
Nos cursos de formação de professores, o currículo expressa a filosofia do profissional que a universidade planejou formar por meio das ações de seus docentes, orientados por princípios de um sistema construído com base no contexto social, político e econômico. Norteado por cinco princípios: flexibilização, diversificação, autonomia, interdisciplinaridade e contextualização, a Proposta Curricular do curso de Pedagogia pesquisado traz na sua base a necessidade de estimular o trabalho teórico desenvolvido de forma individual e coletiva na instituição na tentativa de superar o paradigma tradicional. Porém, o princípio da pesquisa e da interdisciplinaridade no contexto do curso, não foi uma prática no período de desenvolvimento do currículo novo. Seu funcionamento em torno do Eixo Temático Articulador com a participação de todos os professores do Período, segundo as vozes dos alunos, não foi uma realidade. A maioria apontou a presença da interdisciplinaridade na teoria, porém sua ausência na prática. A falta de integração dos professores aparece como empecilhos à instauração da prática interdisciplinar. As obras de Fazenda, (1994), Freire (1999), Japiassu (1976), Sordi (2005), e outros deram subsídios teóricos para interpretação das categorias pesquisa e interdisciplinaridade. |
CONCLUSÃO: |
Notou-se, nas vozes dos alunos, que a pesquisa é vista como importante à formação do pedagogo. Mas, embora seja um princípio no Projeto do Curso, ela não vem sendo desenvolvida com a intensidade proposta. Nesse aspecto, fica uma lacuna no processo formativo, uma vez que a ênfase recai no ensino, muitas vezes dissociado da pesquisa. O TCC como elemento primordial de inserção do aluno na pesquisa acadêmica vem sendo tratado de maneira aligeirada, sem uma sequência de estudos e orientações, desde a elaboração do Pré-Projeto até o trabalho final. Os princípios da interdisciplinaridade e da pesquisa discutidos não vêm sendo desenvolvidos na prática cotidiana como estabelecem as orientações do Projeto do Curso. O currículo traz definições e metas plausíveis, mas realizar tais propósitos na prática docente e discente constitui desafio que se coloca para todos os sujeitos envolvidos no processo educativo. Nessa linha, as pesquisas sobre o processo formativo, por meio das vozes dos sujeitos envolvidos, são primordiais. Destaca-se que, nesse processo, as vozes de professores, estudantes e funcionários são fundamentais para detectar os silêncios da caminhada da instituição e dos órgãos gestores para repensar o papel da pesquisa e da interdisciplinaridade na formação de seus profissionais. |
Palavras-chave: Ensino Superior, Pedagogia, Vozes. |