63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 2. Anatomia Humana
INSERÇÕES MUSCULARES E PARALISIA DO MÚSCULO TRAPÉZIO
Patrick Correia de Souza Araújo 1
Carlos Rosemberg Luiz 2
Édson José Benetti 2
Tatiana de Sousa Fiuza 3
1. Faculdade de Medicina, UFG
2. Departamento de Morfologia, ICB, UFG
3. Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Morfologia, ICB, UFG
INTRODUÇÃO:
O músculo trapézio pode ser dividido em três porções. A porção superior eleva ativamente o ombro. A porção média controla a rotação da escápula durante a elevação do membro superior. A porção inferior é a responsável pela força rotatória e pela depressão da escápula. Este músculo é um dos componentes mais importantes do mecanismo suspensório da cintura escapular. A paralisia do músculo trapézio pode acontecer em função de uma injúria ao nervo espinhal acessório e cursa com dor, deformidade e perda de função. Vários procedimentos cirúrgicos foram descritos para substituição do músculo trapézio paralisado. O procedimento de Eden-Lange substitui os três componentes funcionais do músculo trapézio pela transferência das inserções dos músculos levantador da escápula, rombóide maior e rombóide menor. O objetivo deste trabalho foi identificar as inserções dos músculos: levantador da escápula, rombóide menor e rombóide maior, em um cadáver, para a descrição de sua posição, e discutir estas inserções com relação à proximidade das mesmas dos pontos de reinserção no procedimento de Eden-Lange. Deste modo, a dissecação anatômica pode contribuir para um efetivo reconhecimento de estruturas vinculadas a um procedimento cirúrgico de importância.
METODOLOGIA:
Foi utilizado para a dissecação, o dorso de um cadáver do sexo masculino. A peça foi previamente fixada em glicerina e faz parte do acervo do Laboratório de Anatomia Humana do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás, destinado ao “Curso de Dissecação Anatômica no DMORF”. A dissecação da peça ocorreu na região dorsal do tronco do cadáver. A incisão ocorreu no sentido longitudinal, superiormente, ao nível de C7, inferiormente, ao nível da crista ilíaca e, medialmente, ao nível dos processos espinhosos das vértebras torácicas e lombares. A epiderme, a derme, o tecido subcutâneo e a fáscia profunda foram rebatidos lateralmente até a visualização dos músculos superficiais do dorso, com ênfase para o trapézio e o grande dorsal. Em seguida, o músculo trapézio foi seccionado verticalmente, a 2 cm da linha média, e horizontalmente, ao nível de C7, sendo rebatido lateralmente. Todo o procedimento foi realizado em hemicorpo direito. Foram identificadas e fotografadas as inserções dos músculos: levantador da escápula, rombóide maior e rombóide menor. Os materiais utilizados para a dissecação foram: luvas, pinça anatômica de inox e bisturi de inox com lâminas nº 16.
RESULTADOS:
Após o rebatimento do músculo trapézio, foram observadas as inserções dos músculos: levantador da escápula e rombóides maior e menor, ao longo da borda medial da escápula, distribuindo-se acima da espinha (levantador da escápula) e abaixo da espinha da escápula (rombóides: menor, superiormente, e maior, inferiormente). A espinha da escápula é ponto de inserção do músculo trapézio, portanto, uma paralisia deste músculo configura condição importante para as disfunções dos movimentos escapulares. Normalmente, a porção superior do músculo trapézio eleva o ombro ativamente, em conjunto com o músculo levantador da escápula. A porção média deste músculo controla a rotação da escápula em relação ao tórax auxiliada pelos músculos rombóides. Portanto, para a compensação da redução de função da porção do músculo trapézio que se insere na espinha da escápula, percebe-se a necessidade de uma substituição por grupos funcionais similares. Isso justifica a utilização do procedimento de Eden-Lange nos casos de paralisia do músculo trapézio.
CONCLUSÃO:
O músculo trapézio é de fundamental importância para o bom funcionamento do ombro e sua paralisia traz consequências para a dinâmica escapular neste processo. Os músculos auxiliares ao movimento escapular, o levantador da escápula e os rombóides maior e menor, são possibilidades viáveis para assumir a função do músculo trapézio, desde que alterado seu plano de inserção escapular. O procedimento de Eden-Lange aborda a alteração de inserção desta musculatura funcional da borda medial da escápula para as proximidades de sua borda lateral, representando uma importante compensação funcional. Este estudo anatômico evidenciou as inserções dos músculos em questão e possibilitou a visualização dos pontos de inserção preconizados no procedimento cirúrgico citado. Ficou exposta a possibilidade dos músculos complementares da escápula assumir a função principal frente a desajustes dos movimentos dessa região. Estudos anatômicos podem esclarecer elementos morfológicos imprescindíveis para as práticas clínicas e cirúrgicas, dando ao médico, ampla gama de conhecimento para sua abordagem. Além disso, observações pontuais podem apontar questionamentos metodológicos que podem ser esclarecedores em novos experimentos.
Palavras-chave: Anatomia, Procedimento de Eden-Lange, Músculo trapézio.