63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 1. Administração Geral e Gestão Estratégica
ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – O CASO DA CIDADE DE MADALENA NO CEARÁ
Gilliard Santos da Silva 1
Henrique Cesar Muzzio de Paiva Barroso 2
Maria da Graça de Oliveira Carlos 3
1. Curso de Administração da Faculdade Estácio do Ceará – Estácio FIC
2. Prof. Doutor - Curso de Administração da Faculdade Estácio do Ceará – Estácio FIC
3. Profa. Mestre./Orientadora - Curso de Administração da Faculdade Estácio do Ceará – Estácio FIC
INTRODUÇÃO:
A gestão de recursos representa um desafio para administradores e, requer esforço significativo das organizações, a despeito do ramo de negócios, atividade ou do porte da empresa. Nesse sentido, devem ser considerados aspectos funcionais do setor financeiro, especialmente em empresas de pequeno porte, pois as MPE manifestam dificuldades peculiares, presentes em levantamentos periódicos feitos pelo SEBRAE, cujas evidências apontam práticas de gestão intuitiva, quase que artesanal própria do porte e do ambiente característico no qual estão inseridas. Muitos empreendimentos são familiares, conduzidos pelo proprietário, com destaque marcante para as funções de produzir e vender que lhe garanta a subsistência pessoal e da família. O estudo tem o objetivo de apresentar as principais estratégias financeiras adotadas por micro e pequenas empresas do município de Madalena, no interior do Ceará por meio da descrição das práticas utilizadas quanto à gestão de caixa, orçamento de capital, decisões de investimento, decisões de financiamento e utilização de crédito e controle financeiro, suas principais fontes de captação e retorno para os empreendedores. O trabalho se justifica pela falta de estudos sobre MPE daquela localidade, tornando relevante um estudo no Sertão Central cearense.
METODOLOGIA:
A pesquisa é descritiva, quantitativa e teve como objeto de estudo todas as MPE da cidade, registradas na Junta Comercial do Estado do Ceará – JUCEC, selecionadas a partir do relatório de setembro/2010, no qual constavam 164 empresas, das quais foram retiradas aquelas localizadas fora da sede central do município restando 146. Desse universo foram visitadas 90, obtendo-se retorno positivo de 51 MPE que concordaram em participar do estudo, correspondendo a 31% do universo de 164 MPE. Os dados foram coletados nos dias 17 e 18 de novembro de 2010 e os questionários foram aplicados diretamente pelo pesquisador aos proprietários, tendo sido respondido de próprio punho por estes, e as perguntas feitas oralmente. Os sujeitos da pesquisa foram os micros e pequenos empreendedores, abordados pessoalmente em entrevista, com auxílio de questionário estruturado com treze questões, com base nos fundamentos de estratégias financeiras de Wright, Kroll, e Parnell (2007); Harrison (2005); Gitman (2004); Ross, Westerfield e Jaffe 1995). Os questionários foram tabulados com a criação de banco de dados com apoio do software Sphinx, gerando dados descritivos sobre os quais realizou-se análise a distribuição da amostra.
RESULTADOS:
Das 51 empresas pesquisadas 90% são do segmento comercial, sendo que 27,5% têm até um ano; 31,3% entre 01 e 5 anos; e 35,3% tem mais de 10 anos de existência. O quadro de empregados é mínimo (30%) ou nulo (51%). Quanto à receita bruta anual, 27,5% faturam até RS$ 36.000,00; 49% entre 36.000 e R$ 120.000,00; e apenas 5,9% acima disso. Os respondentes foram os próprios donos, cujo nível de escolaridade aponta que 72% têm nível médio (43,1%) ou grau acima. Quanto às estratégias financeiras adotadas observou-se: predominância de financiamento por capital próprio (68%) enquanto 27,5% buscaram recursos de terceiros para o giro das operações. Ressalte-se que 66,7% não conheciam opções de empréstimos ofertadas. O restante (29,4%) citou o Crediamigo, do BNB. Sobre orçamento, 54,9% dos gestores disseram não fazer nenhum tipo de previsão de gastos. Quanto às decisões de investimento 41% afirmou fazer orçamento de capital, prevalecendo aplicação em imóveis. O acompanhamento de custos é feito por 60,7%, mas a definição de metas de faturamento e lucros é feita por apenas 39,2% das empresas. Quanto ao retorno para os proprietários, verificou-se que mais da metade (52,9%) não tem noção clara desse dado. As principais dificuldades apontaram a inadimplência e obtenção de capital de giro.
CONCLUSÃO:
Os resultados evidenciaram que as MPE pesquisadas não parecem ter estratégias financeiras estruturadas. Suas práticas parecem concentrar-se em evitar perdas imediatas, o que é evidenciado pelo acompanhamento de custos, mas omitem-se quanto ao estabelecimento de objetivos de gastos e de lucro. O controle, quando realizado, é de forma bastante rústica, à mão, e não há regularidade, entre as empresas, quanto ao planejamento de finanças, acompanhamento de indicadores financeiros ou mesmo controle sobre as decisões de financiamento e investimento uma vez que, os meios de controle e gestão financeira utilizados pelos micro e pequenos empresários pesquisados não lhes permitem um processo bem definido de tomada de decisões. Nesse sentido, é possível que as dificuldades apontadas pelos empreendedores tornem-se maiores em função de suas práticas incipientes. Vale relatar que as MPE que perduram por mais de dez anos mostraram um mínimo de organização financeira, pois, observou-se que essas são as que mais fazem controle de caixa, uma ferramenta simples por si só, mas que diz muito da cultura da empresa e da importância que é dada às ferramentas de gestão. Recomenda-se aprofundar o estudo e disseminá-lo junto às empresas participantes e aos representantes de políticas públicas da região.
Palavras-chave: Estratégias Financeiras, MPE, Cidade de Madalena.