63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 6. Ciências da Religião e Teologia
CRISE ECOLÓGICA E O PAPEL FUNDAMENTAL DA EDUCAÇÃO
Noris Biga Kim Yun 1
Antônio Máspoli de Araujo Gomes 2
1. UPM - Escola Superior de Teologia (IC)
2. Prof. Dr. - UPM - Escola Superior de Teologia (Orientador)
INTRODUÇÃO:
O presente artigo trata da crise ecológica a qual está danificando gravemente e globalmente o meio ambiente, ameaçando a vida no Planeta e o bem-estar da humanidade. As principais questões ambientais hodiernas são analisadas a partir da emergente teoria dos sistemas que propõe que tais problemas são diferentes facetas de uma única crise, a dos valores. Assim, a abordagem é sistêmica, e considera holisticamente as diferentes partes que constituem a crise ecológica. Destaca-se, consequentemente, a necessidade de a solução também ser holística, com a participação de toda a sociedade. Os esforços de solvência da crise ecológica vão além da ciência e da técnica, e devem atingir essencialmente os valores do projeto civilizatório hodierno. A despeito da secularização da sociedade moderna, a religião – especificamente o cristianismo – é considerada como tendo relevância tanto na participação nas promoções de impactos ambientais danosos, quanto nas realizações de possíveis soluções. Deste contexto, surge a educação moral, não meramente técnica, mas como instrumento de regeneração social e como esperança de resposta para a crise de valores.
METODOLOGIA:
A pesquisa é de natureza exploratória. O procedimento utilizado para a coleta de informações foi a pesquisa bibliográfica e documental, recorrendo às bibliotecas e à internet. A análise de dados foi realizada qualitativamente através da leitura de textos e documentos, da comparação de autores, e da interdisciplinaridade entre ciência, filosofia e religião. As sociedades do passado que entraram em colapso foram selecionadas de acordo com as semelhanças – guardadas as devidas proporções e diferenças inerentes – dos problemas ambientais que promoveram, com as que a presente sociedade também está causando.
RESULTADOS:
A crise ecológica é apenas uma face de uma crise mais ampla. É o homem que está em crise, e isso se reflete nas relações subjetivas, nas relações sociais e na relação humana com a natureza. A humanidade tem apresentado, até aqui, profundas dificuldades com relação à alteridade. Por vezes, ignora-se o outro, o diferente, como em diversas ocasiões na história. O sistema econômico contemporâneo, por exemplo, possui como fundamento a busca pelos interesses pessoais; a finalidade do trabalho é regulada pela economia de lucro e por relações de poder; e o meio ambiente – e muitas vezes o próprio ser humano – é concebido como um mero objeto passível de dominação e exploração. A crise ecológica e humana vivida pelas sociedades contemporâneas será dissolvida na medida em que novos paradigmas começarem a operar. Ao invés da obsessão pelo progresso material, o desenvolvimento sustentável. Em lugar de bem estar gerado pelo consumo voraz de bens e de serviços, o bem estar gerado pela justiça e fraternidade. Oposto à degradação das relações sociais, o seu fortalecimento. Ao contrário do lucro e do poder, a sobriedade. Mais teleologia e ontologia para a vida, ao revés da esterilidade do materialismo puro. Investimento harmônico no ser humano e em suas faculdades, educação e espiritualidade.
CONCLUSÃO:
Os objetivos gerais do trabalho foram abordar, de forma exploratória, a problemática da crise ambiental; evidenciar o papel primordial da educação de caráter moral humanístico para a busca de soluções, e foram alcançados. Já os objetivos específicos foram: avaliar a extensão da crise ecológica; investigar sociedades passadas que enfrentaram crises ambientais; analisar o emergente pensamento sistêmico de acordo com o autor Fritjof Capra; identificar o papel da religião na construção das soluções para os problemas ambientais; e avaliar a interdisciplinaridade entre ecologia, educação e religião, a partir de Rousseau, Leonardo Boff e Félix Guattari. Estes também foram atingidos.
Palavras-chave: interdependência, valores, crise.