63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 5. Ciências Florestais
FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO LENHOSA EM ÁREA DE CERRADO RUPESTRE NO MUNICÍPIO DE MARA ROSA, GOIÁS.
Renato Nassau Lôbo 1
Thiago Ayres Lazzarotti Abreu 1
Tassiana Reis Rodrigues dos Santos 2
José Roberto Rodrigues Pinto 3
1. Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais (PPG/EFL), Universidade de Brasília - UnB
2. Programa de Pós-graduação em Botânica (PPG/BOT), Universidade de Brasília - UnB
3. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Engenharia Florestal, PPG/EFL, Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
O conhecimento da vegetação do Cerrado é relevante diante do contexto de ameaça que o bioma vem sofrendo. A expansão agropecuária e a ocupação desordenada são responsáveis pela redução da área de vegetação nativa em menos de 25% da cobertura original. Os ambientes rupestres, que são exemplos de regiões impróprias à atividade agropecuária, podem representar importantes remanescentes para conservação da biodiversidade do bioma Cerrado. A despeito da importância estratégica desses ambientes para a conservação e manutenção da biodiversidade do Cerrado, pouco se sabe sobre sua composição florística, estrutura da vegetação e suas relações com as condições edáficas. Há de se considerar que o levantamento da estrutura das comunidades em ambientes rochosos é um desafio em virtude da complexidade da paisagem, das dificuldades de se amostrar a vegetação e da ausência de estudos para comparação, já que os principais estudos da vegetação do Cerrado realizados priorizaram áreas de relevo plano a levemente ondulado. Neste contexto, o presente estudo teve por objetivo descrever a composição florística e a estrutura fitossociológica de uma área de cerrado rupestre localizada no município de Mara Rosa, Goiás.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em uma área de cerrado rupestre localizada no município de Mara Rosa, na mesorregião do norte goiano e microrregião de Porangatu. Para amostragem da vegetação foram alocadas 10 parcelas de 20 x 50m com distância mínima de 150m entre elas, totalizando 1,0ha de área amostral. Foram registrados e identificados todos os indivíduos lenhosos e não lenhosos com Db30 cm > 5,0cm. A suficiência amostral foi analisada a partir da curva espécie-área. A diversidade foi calculada pelo índice de Shannon- Wiener (H', na base neperiana) e a equabilidade pelo índice de uniformidade de Pielou (J’). Calculou-se também os parâmetros fitossociológicos convencionais e a distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro.
RESULTADOS:
Foram encontradas 66 espécies, distribuídas em 47 gêneros e 27 famílias botânicas. O índice de diversidade de Shannon-Wiener foi de 3,52 e o índice de eqüabilidade de Pielou 0,84. Em termos estruturais o cerrado rupestre apresentou 1.161 ind ha-1 e área basal de 10,15 m² ha-1. As espécies mais abundantes foram: Qualea parviflora (n = 151), Ouratea hexasperma (101), Tachigali vulgaris (82), Anacardium occidentale (60), Salacia crassifolia (46), Eriotheca gracilipes (42), Vochysia gardnerii (39), Psidium myrsinoides (38), Salvertia convallariodora (37), Byrsonima pachyphylla (36), Miconia ferruginata (33) e Davilla elliptica (32). Estas representam 41,96% dos indivíduos amostrados e contribuem com 52,51% do valor de importância total da comunidade. A distribuição de freqüência em classes de diâmetro apresentou tendência à curva do tipo J-invertido, com 34,8% dos indivíduos posicionados na primeira classe de diâmetro. Esse padrão de distribuição indica que, na ausência de distúrbios, há garantia da reposição dos indivíduos das maiores classes de diâmetro que morrem pelo elevado número de indivíduos das menores classes, sugerindo uma comunidade autorregenerativa.
CONCLUSÃO:
Os resultados florísticos e estruturais observados no presente estudo estão entre os valores geralmente encontrados em levantamentos realizados em áreas de cerrado sentido restrito e áreas de cerrado rupestre no estado de Goiás. Foi registrada elevada diversidade consequente da distribuição razoavelmente equânime dos indivíduos entre as espécies e da elevada riqueza. A análise da distribuição diamétrica sugere uma comunidade autorregenerativa em bom estado de conservação.
Palavras-chave: Cerrado rupestre, Fitossociologia, Goiás.