63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia |
ICTIOFAUNA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TOCANTINS: CONSIDERAÇÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS |
Marlon Rodrigues Mesquita de Freitas 1,2 Leonardo Bomfim de Sousa Araújo 1,2 Paulo Henrique Franco Lucinda 3 |
1. Estudante do Curso de Pós-Graduação em Ecologia de Ecótonos - Universidade Federal do Tocantins - UFT 2. Laboratório de Ictiologia Sistemática - UNT - Universidade Federal do Tocantins 3. Profº Dr./ Orientador - Laboratório de Ictiologia Sistemática - UNT, Universidade Federal do Tocantins |
INTRODUÇÃO: |
O Brasil é um país que possui uma biodiversidade extremamente alta. Nele ocorrem cerca de 13% de todas as espécies de anfíbios descritos no mundo (Silvano & Segalla, 2005), 10% de todos os mamíferos (Costa et al. 2005), 17,8% de todas as borboletas (Brow & Freitas, 1999), 19% de todas as plantas (Giulietti et al. 2005) e 21% de todos os peixes de águas continentais no mundo (Agostinho et al. 2005). Estima-se que no Brasil, em função de sua grande extensão territorial ocorram entre 2000 a 2500 espécies de água doce (Reis et al. 2003). A bacia do Tocantins, que inclui também o rio Araguaia, abrange além do estado do Tocantins, como por exemplo, Goiás, Mato Grosso e Pará. Embora ela não esteja diretamente ligada ao rio Amazonas, compartilha com este, parte importante da ictiofauna em função de se conectarem na região do estuário amazônico (Barthem & Goulding, 1997). A ictiofauna da bacia do rio Tocantins possui mais de 400 espécies descritas para toda a bacia, porém este número pode chegar a mais de 600 espécies válidas (ABELL et al., 2008). O presente trabalho tem como objetivo conhecer e avaliar as espécies de peixes descritas para a bacia do rio Tocantins que se encontram atualmente presentes nas listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção além de propor considerações sobre a conservação da ictiofauna no estado do Tocantins. |
METODOLOGIA: |
A análise das espécies de peixes ameaçados de extinção e a comparação das listas oficiais foram realizadas baseadas nas compilações e publicações das listas nacionais oficiais de fauna ameaçada de extinção. Esta análise inclui desde a primeira lista divulgada e oficializada em 1968 pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF até a última lista publicada pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA em 2008. Com base nestas listas, foi realizado um levantamento e a análise das espécies de peixes com distribuição na bacia do rio Tocantins que se encontram presentes nas listas oficiais. Além disso, foram incluídas discussões a respeito das espécies citadas e as principais implicações das ameaças para as espécies da ictiofauna da região. |
RESULTADOS: |
Das espécies da ictiofauna ameaçada de extinção presentes nestas listas de 2005 e 2008, apenas 17, ou seja, 16,5% do total de peixes ameaçados, são descritas para a bacia hidrográfica do rio Tocantins. Destas, oito são peixes-anuais (família Rivulidae) e as demais pertencem às famílias Cichlidae, Batrachoididae, Anostomidae, Pimelodidae, Characidae e Sternopygidae. Não houve diferença na composição das espécies ameaçadas presentes nas duas listas, porém a categoria e os critérios de ameaça modificaram para algumas espécies. É possível notar que algumas espécies, anteriormente consideradas como criticamente ameaçadas na lista de 2005 foram novamente avaliadas e classificadas como vulneráveis (Sartor tucuruiense, Crenicichla cyclostoma, Crenicichla jegui e Teleocichla cinderella). Essa mudança de categoria pode significar que as medidas de proteção realizadas para tais espécies após a publicação da lista em 2005 está funcionando. Contudo, também pode se considerar que tal mudança ocorreu apenas pelo fato de que na lista mais atual havia um maior conhecimento da biologia da espécie, permitindo conhecer mais sobre sua distribuição e grau de ameaça e assim mudá-la de categoria. É possível notar que as espécies de peixes ameaçadas na bacia do rio Tocantins pertencem basicamente a dois grupos: 1) peixes reofílicos, que habitam ambientes de corredeiras de grandes rios 2) Peixes-anuais que ocorrem nas planícies de inundação, em poças temporárias. |
CONCLUSÃO: |
Considerando a grande diversidade de peixes da bacia do Tocantins, nota-se que ainda é incipiente o conhecimento sobre a situação de conservação, principalmente por problemas taxonômicos e geográficos, além da escassez de dados para um grande número de espécies. Para contornar esta situação, diversas ações de mitigação devem ser tomadas no âmbito regional pelos órgãos da administração pública e também pela iniciativa privada, visando a conservação das espécies de peixes na região. Entre estas medidas a serem tomadas pode-se citar: 1) Coibir a prática do desmatamento e ocupação irracional do solo em áreas adjacentes a cursos de água; 2) Coibir o lançamento direto de efluentes industriais e domésticos não-tratados e o despejo de lixo; 3) Controlar o lançamento voluntário ou acidental de poluentes químicos orgânicos e inorgânicos no ambiente aquático, por exemplo, agrotóxicos; 4) Evitar a introdução de espécies exóticas com finalidades alimentar, recreativa ou de repovoamento, sem o amparo de estudos prévios de impacto ambiental e; 6) Exigir o cumprimento da legislação de proteção ao meio ambiente. È extremamente importante para a conservação das espécies na região, que os setores públicos, Instituições de Ensino e Pesquisa, ONGs, e outras instituições concentrem esforços no sentido de desenvolver estudos sobre a situação de conservação e a biologia das espécies, além da estruturação de bancos de dados e de coleções científicas locais. |
Palavras-chave: Ictiofauna, Ameaças de extinção, rio Tocantins. |