63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise e Controle de Medicamentos |
Diabetes Mellitus e o risco da Interação Medicamentosa. |
Marilia Amável Gomes Soares 1 Gleyson da Cruz Pinto 2 Frederico Alan de Oliveira Cruz 3 |
1. Mestranda – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – UFRRJ 2. Escola da Ciência da Saúde – UNIGRANRIO 3. Prof. Dr. – Depto. de Física – UFRRJ |
INTRODUÇÃO: |
O Diabetes Mellitus (DM), mal que representa a quinta causa de morte no mundo, é um distúrbio metabólico caracterizado pelo aumento nos níveis de glicose sérica, chamada de hiperglicemia, devido à insuficiência e/ou incapacidade da insulina exercer adequadamente sua função. O DM 1 é relacionada com a destruição auto-imune de certas células pancreáticas gerando assim uma deficiência na produção de insulina. Na DM 2, ocorre devido a resistência e deficiência relativa de secreção de insulina. A DM gestacional é definida como diminuição de tolerância à glicose e que ocorre primeiramente no período de gestação e que pode ou não persistir ao final desse período. Em função das suas características, no tratamento do DM e das suas complicações pode ser necessário o uso de uma variedade de medicamentos, principalmente insulina, hipoglicemiantes orais e antihipertensivos. Em função do uso de um grande número de medicamentos usados no tratamento, existe uma grande possibilidade dos pacientes diabéticos comprarem medicamentos os quais podem resultar em interações medicamentosas como o aumento ou redução da concentração de glicose no sangue. Neste trabalho, procuramos analisar as classes que podem causar essa variação. |
METODOLOGIA: |
Nosso trabalho foi divido em três etapas: (1) pesquisa dos medicamentos mais vendidos no Brasil atualmente, (2) identificação dos medicamentos que podem causar alteração na glicemia de forma direta e indireta e (3) análise estatística desses medicamentos. Na fase de pesquisa de medicamentos, utilizamos a relação dos medicamentos mais vendidos através do “site” Farmácia Central, sendo selecionados os 100 mais vendidos segundo essa fonte. Após a fase de seleção dos medicamentos, com o uso do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF), foi pesquisada em cada uma das bulas se havia alguma informação sobre a possibilidade ou não de alteração glicêmica pela ação desse medicamento. Dos medicamentos com algum potencial de alteração glicêmica, foram escolhidos apenas aqueles que podiam ser vendidos sem controle, isto é, sem obrigatoriedade de retenção de receita (MIPs), pois eram os de interesse em nosso estudo. Com os dados tabelados, foram realizadas as análises estatísticas com o objetivo de identificar qual a classe de medicamentos possui o maior número deles com potencial de alteração glicêmica. |
RESULTADOS: |
Dos cem medicamentos pesquisados foram encontrados 36 medicamentos com informações que indicavam potencial de alteração glicêmica, 6 sem qualquer restrição e considerados seguros, 57 sem qualquer informação ao paciente se possuíam ou não potencial de alteração glicêmica, considerados potencialmente inseguros, e 1 com restrição desconhecida, também considerado inseguro. Analisando os medicamentos que possuem alguma restrição ao consumo por pacientes diabéticos, temos que o maior grupo deles refere-se ao grupo farmacológico que incluem os medicamentos da classe dos Anticoncepcionais e/ou Androgênios. Representando 27,7% dentre os que possuem restrição ao consumo. No caso de pacientes homens o impacto é mínimo, visto que estes não farão uso desses tipos de medicamentos, mas no caso das mulheres o impacto sobre a saúde pode ser grande se estes forem utilizados sem qualquer indicação médica. No caso dos medicamentos onde não há qualquer indicação sobre o risco ou não sobre o seu consumo por pacientes diabéticos, temos uma “liderança” dos medicamentos antiinflamatórios e dos antimicrobianos, atualmente são vendidos através de um controle especial e que representam 14% desse grupo. |
CONCLUSÃO: |
É fácil perceber que o consumo indiscriminado de medicamentos, pode gerar um impacto sobre o sistema de saúde e sobre a vida dos pacientes com DM. Esse quadro, associado com a dificuldade de realizar estudos de segurança de alguns medicamentos, favorece o agravamento da doença, que por sua vez têm um grande impacto sobre o sistema de saúde, pois os gastos nacionais em saúde com o paciente portador de DM variam de 2,5% a 15% dos custos diretos, dependendo da complexidade do tratamento disponível. É necessário um maior controle sobre a venda de medicamentos com algum potencial de alteração glicêmica com a apresentação e retenção da receita médica nos estabelecimentos de venda, bem como a participação efetiva dos profissionais farmacêuticos no ato da dispensação. |
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Hipoglicemiantes Orais, Interações medicamentosas. |