63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA LEGAL: A DINÂMICA RECENTE DA IMPORTÂNCIA DA PECUÁRIA FRENTE AO DESMATAMENTO NO PERÍODO DE 1996 A 2006.
Elainne Diniz Gonçalves 1
Benjamin Alvino de Mesquita 2
1. Graduando em Ciências Econômicas, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Prof. Dr./ Orientador – Depto. de Ciências Econômicas - UFMA
INTRODUÇÃO:
Os índices apresentados pelo desmatamento na Amazônia Legal são alarmantes, segundo o IBGE, de 2000 a 2007 a média anual de desmatamento é de 19.368 quilômetros quadrados, que corresponde a uma área maior que o estado do Acre. Portanto, uma das maiores preocupações hoje se refere em conciliar dois paradigmas essenciais para conservação da biodiversidade. Sendo o primeiro o desenvolvimento social e econômico, e o outro a preservação dos diversos biomas e recursos naturais. Porém, essa inquietação não surge do nada, já que, o mundo enfrenta hoje uma inquietante verdade, o esgotamento dos recursos naturais num ritmo cada vez mais acelerado e que a conscientização da preservação em um futuro próximo vai assegurar o crescimento econômico.
Assim, este resumo objetiva analisar a expansão da pecuária, como um dos elementos responsáveis pelo desmatamento da Amazônia Legal. Pois, desde a década de 70 a pecuária possui uma expansão continua e figura como um dos principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia. Assim, usando os dados estáticos do Censo Agropecuário (1996-2006) e a base de dados do INEP, buscamos verificar se modelo de desenvolvimento/crescimento voltado à exportação de commodities agrícolas, acentua os problemas ambientais, em especial, sua relação com o desmatamento.
METODOLOGIA:
Na análise da problemática utilizamos como referencial os dados estatístico, com intuito de aferir indicadores da dinâmica da pecuária que se impõe no desmatamento, procurando-se elaborar séries históricas, com a aplicação de índices de correção pertinentes a cada variável considerada. O presente resumo consistirá no levantamento de um instrumental estatístico junto a fontes especializadas, como os censos agropecuários de 1996 e 2006 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- e dados do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. No caso do INPE, este apresenta desde 1988, anualmente, a taxa de desflorestamento na Amazônia Legal. Como também, a partir de 2002, estimativas passam a ser produzidas por classificação digital de imagens do satélite Landsat, seguindo a metodologia do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes). Essas informações são pertinentes à caracterização da situação e ambiental frente ao papel desenvolvido pela pecuária.
Assim, nesse estudo fizemos conjuntamente a coleta de dados uma revisão bibliográfica da situação atual do desmatamento da Amazônia Legal e, também, dos avanços da pecuária e sua influência sobre o problema ambiental da referida região, objetivando uma visão geral acerca da situação atual do meio ambiente.
RESULTADOS:
As estimativas do INPE derivadas do PRODES comprovam que 18% das florestas na Amazônia Legal, foram removidos, em especial, no Arco do Desflorestamento. Onde os pastos da pecuária ocupam 75% das áreas desmatadas na Amazônia.
O setor agroindustrial gerou aumento do desmatamento na Amazônia nos anos 80. Porém, declinou até os anos 90 e voltou a crescer com o ciclo das commodities nos anos 2000. A agricultura e pecuária são os principais atores do desmatamento. Os dados apresentam que o desmatamento tem sido causado pela conversão de floresta para pecuária bovina, agricultura ou associada à exploração madeireira. Pois, conforme os dados do IBGE, entre os anos de 1996 e 2006, a área de pastagem aumentou em cerca de 10 milhões de hectares só na Amazônia Legal.
A atividade da pecuária na Amazônia cresceu nos anos de 1990 e 2003, o rebanho bovino cresceu 140% passando de 26,6 milhões para 64 milhões de cabeças de gado. Provocando pressão sobre a floresta para criação de novas áreas de pastagem. Mato Grosso e Pará concentram 60% do rebanho bovino da região.
A expansão pecuária ocorre devido ao aumento da internacionalização de empresas brasileiras do setor. Nos anos de 2002 a 2006, das 20,5 milhões de cabeças de gado adicionadas ao rebanho nacional, 14,5 milhões encontram-se na Amazônia.
CONCLUSÃO:
Por fim, o desmatamento na Amazônia Legal não constitui um clássico processo de perde-perde (“lose-lose”), caracterizado apenas por perdas, sejam econômicas e/ou ambientais. Sendo na verdade um processo de trade-offs, com ganhos econômicos privados evidentes. Assim, os dados referentes ao uso do solo na Amazônia demonstram que a atividade econômica da pecuária é a principal fonte dos desmatamentos ocorridos na região. Com sua expansão, desde o início da década de 70, como um processo contínuo e de caráter inercial.
Dados sugerem quais as figuras são os principais agentes responsáveis pelo desmatamento. A mão-de-obra ou a posse da terra representam uma mínima para o desmatamento. Além disto, os desmatamentos dos pequenos agentes são socialmente mais aceitáveis, ao contrário da grande pecuária, supõe-se que levem diretamente às melhorias das condições de vida das populações locais mais pobres.
Deve-se frisar que o processo de desflorestamento na Amazônia ocorre em resposta a uma série de fatores. Os mais significativos são: extração madeireira, aumento da população regional, produção madeireira, aumento da malha viária e efetivo do rebanho bovino que de 1990 a 2008 passou de 21,1 milhões de cabeças (18% do total nacional) para 71,4 milhões (36% do total brasileiro), segundo o IBGE.
Palavras-chave: Desmatamento, Pecuária, Commodities agrícolas.