63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
PERFIL ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS EM HEMODIÁLISE
Maria Sebastiana Silva 1
Viviane Soares 2
Ivan Silveira de Avelar 2
Marcus Fraga Vieira 3
1. Professora orientadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências as Saúde, Faculdade de Educação Física, Universidade Federal de Goiás
2. Programa de Pós-Graduação em Ciências as Saúde da Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Educação Física, Universidade Federal de Goiás
3. Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação, Faculdade de Educação Física, Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO:
Os indivíduos em programa de hemodiálise ingerem frequentemente quantidades reduzidas de calóricas e proteínas, o que justifica a alta prevalência de desnutrição energético-protéica entre os mesmos. A desnutrição energético-protéica tem impacto relevante nas morbidades e mortalidades destes indivíduos, constituindo uma das principais complicações do procedimento hemodialítico. Esse quadro nutricional insatisfatório pode ser desenvolvido por dois mecanismos patofisiológicos: a falta de apetite, que desencadeia uma ingestão deficiente de proteínas e calorias, e pela resposta inflamatória sistêmica que tem como marcador mais sensível a redução da albumina sérica, decorrente da diminuição de sua síntese, elevação do seu catabolismo e do seu extravasamento extravascular. Para melhorar este quadro é necessário que estes indivíduos consumam uma alimentação adequada e balanceada, tanto em qualidade quanto em quantidade. Desse modo, o objetivo deste estudo foi avaliar a ingestão de alimentos de indivíduos submetidos à hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
METODOLOGIA:
Este é um estudo descritivo, do tipo transversal com abordagem quantitativa onde participaram onze indivíduos de ambos os sexos, com idade média de idade 39,18±11,64 anos atendidos no Centro de Hemodiálise do HC/UFG. Os critérios de inclusão foram: idade > 18 anos, tempo de hemodiálise superior a três meses, sem déficit cognitivo e sem diagnóstico de doença pulmonar prévia ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC). O projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa do HC/UFG e aprovado sob número de protocolo 127/07. A ingestão de macronutrientes (proteínas, lipídios, carboidratos e fibras) e de micronutrientes (cálcio, ferro, fósforo, potássio e sódio) foram determinados por meio do recordatório de 24h realizados. Os dados foram registrados durante três dias (um dia de diálise, um dia interdiálise e um dia do final de semana) sempre durante a sessão de hemodiálise. Os registros foram feitos por meio de medidas caseiras e transformados em g ou mL. Após o preenchimento completo do recordatório, as estimativas de ingestão dos macronutrientes e micronutrientes foram realizadas no Programa de Avaliação Dietética Diet Pro 4.0.
RESULTADOS:
A partir dos 32 recordatórios de 24 h foi detectado que o consumo de energia, pelos indivíduos em hemodiálise foi de 1438,67 ± 91,32 kcal/dia. A ingestão de proteínas foi menor do que o recomendado por 45% dos indivíduos, apesar da média dos valores de sua ingestão (71,14±23,20 g/dia) ser considerada adequada para estes indivíduos. O consumo de proteínas de alto valor biológico foi menor do que o recomendado por 18% dos indivíduos e a ingestão de carboidratos foi de 542,60±200,30 kcal/dia, sendo considerado baixo em relação aos valores prescritos (50-60% do valor calórico da dieta). O colesterol consumido esteve dentro da faixa de referência. Também observado quantidades reduzidas no consumo de fibras (3,55 ± 3,51 g/dia), visto que a recomendação diária é de 20 a 25g/dia. O consumo de cálcio total oscilou entre 80,30 e 374,09 mg/dia, representando de 8 a 37% da necessidade desse nutriente. Os valores encontrados de ferro foram cerca de 50% abaixo do recomendado e variou de 4,05 a 36,46 mg/dia. Todos os indivíduos tiveram ingestão de fósforo inferior ao adequado. Dos onze indivíduos, quatro (36%) apresentaram ingestão de potássio inferior a 1000mg/dia, para os demais a variação foi de 1000 a 3000 mg/dia. O consumo de sódio esteve dentro de valores elegíveis para esta população.
CONCLUSÃO:
Embora o número de indivíduos avaliados neste estudo tenha sido pequeno, os dados obtidos evidenciaram prejuízos no consumo energético-protéico. Também foi possível identificar ingestão inadequada de colesterol e fibras, quando comparada aos valores de referência, para todos os indivíduos que participaram do estudo. O consumo de cálcio, fósforo e ferro esteve abaixo do previsto para alguns, enquanto o consumo de sódio permaneceu dentro do recomendado para todos os avaliados.
Palavras-chave: Alimentação, Doença renal, Hemodiálise.