63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica |
BIOLOGIA FLORAL E FENOLOGIA REPRODUTIVA DE Copaifera luetzelburgii HARMS (LEGUMINOSAE - CAESALPINIOIDEAE) NO MUNICÍPIO DE BARREIRAS, BAHIA, BRASIL. |
Suelle Gonçalves Santiago 1 Cristiana Barros Nascimento Costa 2 Jorge Antonio Silva Costa 3 |
1. Universidade Federal da Bahia, (UFBA) - ICADS 2. Profª. Drª./ Orientadora - Universidade Federal da Bahia, (UFBA) - ICADS 3. Prof. Drº./ Co-orientador - Universidade Federal da Bahia, (UFBA) - ICADS |
INTRODUÇÃO: |
A família Leguminosae é a terceira maior família de plantas com aproximadamente 727 gêneros e 19.327 espécies, subdividida em três subfamílias. O gênero Copaifera L. pertence à subfamília Caesalpinioideae e possui cerca de 35 espécies. Copaifera luetzelburgii Harms é uma espécie arbustiva presente no Cerrado, encontrada em solos arenosos. As espécies de Cerrado apresentam variações sazonais no que diz respeito à produção de folhas, flores e frutos, que representam adaptações aos fatores bióticos ou abióticos. O entendimento da biologia floral é um ponto inicial para a compreensão dos processos que envolvem a polinização e conseqüente formação de sementes. Esses estudos têm sido amplamente utilizados para a conservação de habitats naturais afetados pela fragmentação, pois podem fornecer informações importantes relacionadas à partilha e competição por polinizadores, sucesso reprodutivo e manutenção do fluxo gênico intraespecífico. O presente trabalho teve como objetivo estudar a biologia floral e a fenologia reprodutiva de C. luetzelburgii no Bioma Cerrado |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi desenvolvido no município de Barreiras, na Serra da Bandeira. A caracterização morfológica foi realizada com as observações sobre a forma, tamanho e o número de flores, coloração e morfológia dos folíolos. Para o estudo da biologia floral foi observado o período da antese e durabilidade da flor. A receptividade estigmática foi verificada, utilizando peróxido de hidrogênio a 10%. Para a detecção de osmóforos foi utilizado o vermelho neutro a 1%. Já a presença de pigmentação no espectro do ultravioleta foi analisada por meio de hidróxido de amônia a 27%. Os visitantes florais foram observados, verificando-se o comportamento de visita, coleta do recurso floral, local de contato com o estigma e freqüência de visitas. O sistema reprodutivo foi estudado por meio de experimentos de autogamia espontânea e acompanhamento do grupo controle. O acompanhamento da floração e frutificação foi realizado mensalmente em 36 indivíduos marcados, seguindo a classificação de Fournier, durante o período de novembro de 2009 a outubro de 2010. Para a análise dos padrões fenológicos de freqüência e duração utilizaram-se a classificação proposta por Newstrom. Os dados climáticos (pluviosidade e temperatura) foram obtidos para verificar a existência de correlação com os dados fenológicos. |
RESULTADOS: |
As flores de C. luetzelburgii apresentam antese diurna. Os recursos florais oferecidos aos visitantes são o pólen e néctar. A presença de osmóforos foi observado, o que constitui um atrativo relevante como fator de reconhecimento pelos insetos. A absorção de luz ultravioleta foi observada nas sépalas e nos estames. Estas áreas, podem orientar os polinizadores até a fonte de alimento. As flores de C. luetzelburgii são visitadas principalmente por Trigona sp e Apis mellifera, de modo similar ao que acontece em outras espécies do Cerrado. A espécie apresenta floração anual, com duração longa (janeiro a julho), com pico em março, sendo este, relacionado ainda com o período chuvoso,temperatura e umidade do ar elevada. A frutificação ocorreu entre os meses de janeiro a agosto, apresentando padrão anual e duração longa, com pico de frutificação em junho, período marcado pela baixa pluviosidade e temperatura. Em C. luetzelburgii não houve formação de frutos por autogamia espontânea, indicando que a espécie não se reproduz sem o trabalho dos polinizadores e afastando a possibilidade de apomixia. Já a baixa porcentagem de frutos em condições naturais pode ter causas variadas como, a deficiência na polinização, fatores ambientais, recursos limitados para a frutificação e problemas genéticos. |
CONCLUSÃO: |
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que a espécie Copaifera luetzelburgii é uma espécie sazonal com florescimento na estação chuvosa e frutificação no período seco, onde a variação da temperatura e umidade está diretamente relacionada à fenologia reprodutiva da espécie. A espécie apresenta grande investimento na produção de flores, porém com baixa produção de frutos, o que é característico em algumas leguminosas. Os visitantes florais mais freqüentes foram principalmente Trigona sp e Apis mellifera. A espécie Copaifera luetzelburgii apresenta indícios de xenogamia obrigatória e auto-incompatibilidade. |
Palavras-chave: Biologia floral, Fenologia reprodutiva, Copaifera luetzelburgii. |