63ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 2. Práticas Clínicas, Identidade e Relações de Gênero

A PRÁTICA DO PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO

Cildevânia de Araújo Mota 1 Ana Carolina R. Capelo 2 Tatiana Toste V. da Costa 3

1. Universidade de Fortaleza - UNIFOR 2. Universidade de Fortaleza - UNIFOR 3. Profa. Ms./ Universidade de Fortaleza - UNIFOR

INTRODUÇÃO:

Esse estudo atende à proposta acadêmica para a experenciar a prática profissional, procurando superar as dificuldades que o psicólogo pode enfrentar em relação aos conteúdos numa situação real de realização do Psicodiagnóstico. Objetivou-se conhecer um caso clínico cuja queixa apresentada era distúrbio de comportamento, propondo-se no seu desdobramento obter a descrição e compreensão possível da personalidade do paciente, nos aspectos constitutivos de vida, bem como os fatos marcantes do presente, diagnosticados durante as entrevistas, aplicação de testes, técnicas e observações utilizadas durante o atendimento do paciente, além de possibilidades prognosticadas para identificação do problema apresentado, por meio de processos adequados e análise das informações validando ou não a queixa e propondo recomendações e orientações, além de encaminhamentos terapêuticos adequados. Tem como referencial teórico a compreensão do desenvolvimento infantil numa perspectiva sistêmica (BERTALANFFY, 1976); do ambiente (BEE, 2003 e ANDERY, 2003); da família (INGBERMAN, 2002); os padrões de interações entre membros familiares (WEBER. 2007), percebidos em forma de estilo autoritário , estilo permissivo, estilo negligente e estilo participativo.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo diagnóstico de caráter qualitativo, com a construção de hipóteses acerca do problema apresentado pelos pais do paciente. A coleta de dados foi estruturada em um “estudo de caso” por apresentar flexibilidade durante as entrevistas (observações, aplicações de testes e técnicas). A queixa relatada foi de distúrbio de comportamento. O paciente tem oito anos e 10 meses, sexo masculino, cursa a 4ª série do Fundamental em escola particular, na qual a mãe é professora e a avó trabalha na secretaria; o nível sócio-econômico pode ser considerado médio-baixo em função da renda e local de moradia (bairro José Walter). Reside com os pais e um irmão de cinco anos. Foi encaminhado ao Serviço de Prática Psicológicas (SPP) por um pediatra. O pai é músico e a mãe, além de professora, canta; ambos realizam eventos principalmente em igrejas. Quando acontecem eventos, os filhos ficam com os avôs. Os materiais coletados durante o processo do Psicodiagnóstico foram analisados à luz do referencial teórico dos testes e técnicas utilizados e estruturados em forma de relatório.

RESULTADOS:

Após as análise das entrevistas, observações, aplicação de testes e das técnicas aplicadas concluiu-se que o paciente não apresenta o “distúrbio de comportamento” sugerido como queixa. No entanto, apresenta estresse em nível de alerta, possivelmente causado por um ambiente rígido, com repressão visível, (por meio de cobranças de obediência, controle e estabelecimento de limites rígidos e inflexíveis do ambiente familiar), o que provoca tensões. Assim, orientou-se para que o paciente seja encaminhado à Psicomotricidade, com o objetivo de desenvolver a consciência do corpo (esquemas, postura e expressão corporal) por meio de jogos, atividades lúdicas, possibilitando seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, diminuindo as tensões e o estresse. A orientação para os pais e à avó foi no sentido da realização de atividades que os ajudem na conservação da saúde física mental e equilíbrio sócio-afetivo em família (passeios prazerosos, praia, igreja, jogar bola, andar de bicicleta, jogos em família etc.). Concomitante a essas propostas, que sejam elaboradas estratégias para que o paciente faça suas atividades do dia-a-dia com agradabilidade, sem a utilização de regras e controle rígidos. Para a mãe do paciente é orientado encaminhamento para Psicoterapia, com o objetivo de ajudá-la no relacionamento com o filho possibilitando a melhoria do ambiente familiar.

CONCLUSÃO:

As atividades realizadas se constituíram em aprendizado relevante pois puderam integralizar a teoria estudada em sala de aula e o exercício prático em situação real na Clínica do Psicodiagnóstico. Ressalta-se os aspectos éticos ao lidar com o ser humano, a responsabilidade em manejar informações pessoais de pacientes que busca soluções de problemas de ordem psicológicas para tratamento e a supervisão necessária, com orientações e colaborações adequadas para o sucesso da prática constituíram o conjunto de caracteres determinantes que puderam definir a excelente forma como esta disciplina foi estruturada e desenvolvida.

Palavras-chave: Avaliação Psicodiagnóstica, Distúrbio do Comportamento, Estresse.