63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
CARÓFITAS E EVOLUÇÃO: TEORES DE CARBOIDRATOS E PROTEINAS EM Chara sorotensis.
Sibele Pereira da Silva 1
Luiz de Castro 1
Lourdes Isabel Velho do Amaral 2
Maria das Graças Machado de Souza 2
1. UnB
2. Profª Dra/orientadora – Instituto de Ciências Biológicas, Depto Botânica
INTRODUÇÃO:
A colonização da Terra foi um evento sem precedentes na história geológica da Terra, pois alterou completamente os ecossistemas terrestres, abrindo caminho para evolução de novas espécies e geração de solos verdadeiros. O entendimento da invasão e colonização da Terra do ponto de vista bioquímico pode contribuir na tomada de decisões frente às mudanças climáticas atuais. As carófitas foram as primeiras na transição da água para a terra, sendo que a partir dessas algas ancestrais evoluíram todas as plantas terrestres. A presença de amido, parede celular contendo até 26% de celulose, cloroplastos organizados em grana, clorofila b, esporopolenina nas estruturas reprodutivas e seqüência de DNA são muitas das características que apóiam uma estreita relação entre os dois grupos. Tomando-se como base a parede celular é possível traçar, desde essas algas, uma linha filogenética entre os diversos grupos de plantas ocorrentes no Distrito Federal. Mas para isso é preciso analisar outros parâmetros associados, como carboidratos não estruturais e proteínas. Com esta finalidade, foram quantificados os teores de amido, proteínas e açúcares solúveis totais na espécie de água doce chara sorotensis.
METODOLOGIA:
A espécie utilizada, C. sorotensis, foi coletada no brejo próximo ao retorno do Lago Norte DF. Após limpeza, o material foi liofilizado, moído e utilizado para a dosagem de amido, proteínas e açúcares solúveis totais (glicose, frutose e sacarose - AST). O amido foi extraído com as enzimas a-amilase termoestável do Bacillus licheniformis (120 U.mL-1) e amiloglucosidase do fungo Aspergillus niger (15 U.ml-1). A glicose liberada após hidrólise enzimática foi dosada pelo método enzimático GODPOD, utilizando-se uma mistura de glicose oxidase, peroxidase, 4-aminoantipirina e fenol. As proteínas foram extraídas com tampão fosfato de sódio salino gelado (PBS, 100 mM pH 7,4) e dosadas pelo método de Bradford. Os açúcares solúveis totais (AST) foram extraídos com etanol 80% a 80oC, despigmentados com uma mistura de etanol absoluto, clorofórmio e água. A dosagem dos AST foi realizada de acordo com o método do fenol-sulfúrico.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos na análise foram comparados com dados de literatura científica. Os teores de amido para a alga C. sorotensis (18,87%) foram compatíveis com aqueles de folhas de plantas terrestres como o jatobá (aproximadamente 20%). Em relação aos açúcares solúveis totais, observa-se que os valores encontrados para C. sorotensis (107,90 mg.g-1) são semelhantes aos de folhas de espécies terrestres como o Styrax pohlii (aproximadamente 110mg.g-1). Estes dados confirmam a hipótese de ancestralidade filogenética. Já para proteínas os resultados divergem entre os grupos, sendo que a espécie C. sorotensis (10,59 mg.g-1) apresentou teores bem menores quando comparados com Heliotropium salicoides (aproximadamente 150 mg.g-1) o que indicaria uma divergência entre os grupos. Como os níveis desses componentes variam amplamente de acordo com as condições ambientais, outros parâmetros devem ser avaliados para uma análise filogenética mais consistente.
CONCLUSÃO:
A espécie Chara sorotensis, selecionada como primeiro modelo para traçar a evolução da parede celular mostrou-se adequada, pois as análises confirmaram a sua capacidade de acumular amido e outros carboidratos em níveis compatíveis com hipótese de ancestralidade filogenética.
Palavras-chave: Algas verdes, açúcares, amido.