63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho
“Nova economia” à vista ou prosseguimos “estocados” em um modelo vertical de produção? Um estudo de caso em uma montadora de computadores no Paraná
Patrícia da Fonseca Muto 1
Maria Aparecida da Cruz Bridi 2
1. Depto. de Ciências Sociais , Universidade Federal do Paraná - UFPR
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Ciências Sociais - UFPR
INTRODUÇÃO:
A contribuição do Estado do Paraná na economia industrial do país tem merecida relevância principalmente no que concerne à evolução do setor tecnológico, em especial, a informática. A intensidade da influência desse setor na sociedade atual, abre caminhos para muitas indagações a respeito de possíveis modificações no dinamismo dos trabalhadores, principalmente os envolvidos no ramo da informática.
Talvez de uma forma prematura, há teóricos que descrevem uma “nova economia” de maneira “calorosa”, com modelos alternativos do processo de trabalho, baseada na tecnologia da internet como facilitadora na informação. Mas de fato, podemos dizer que houve a superação do modelo fordista/ taylorista no sistema de produção dessa “nova economia”?
O objetivo desta pesquisa é descrever o processo de trabalho em uma empresa de montagem de computadores (hardware) no Paraná, a fim de oferecer uma contribuição para a análise dos modelos de produção fordista/taylorista em sistemas flexíveis de produção. Discutir a permanência do fordismo/taylorismo em empresas produtoras de equipamentos que envolvem alta tecnologia, que em questão é a empresa- estudo de caso, nos permitirá refletir sobre o caráter da chamada “nova economia”, retratada com ufanismo por teóricos da chamada “sociedade informacional” ( baseada na produção do conhecimento, da informação).
METODOLOGIA:
A pesquisa será descritiva, isto é, nos preocuparemos em relatar o trabalho em uma empresa montadora de computadores, demonstrando como o trabalho é realizado, como se dá a montagem de uma máquina, o tempo de montagem e as condições em que se dão as atividades realizadas pelos trabalhadores. Essa descrição é um importante ponto de partida para o desenvolvimento de outras pesquisas de cunho analítico que serão realizadas no âmbito do Grupo de Estudos Trabalho e Sociedade (GETS).
RESULTADOS:
A empresa monta as máquinas conforme a demanda de pedidos, o que a caracteriza em um modelo de produção “flexível”. O processo de montagem acontece em uma esteira da qual vão trafegando os componentes e esses passam pelas mãos dos trabalhadores. Há bancadas enfileiradas e cada uma, está ocupada por monitores que são de responsabilidade dos próprios trabalhadores em controlar o andamento da produção.
O conhecimento básico requerido para os que lidam diretamente com a montagem, é o ensino médio. Não sendo necessária alta especialização, pois a empresa oferece treinamento.
A fábrica possui em torno de quarenta funcionários dos quais vinte e dois trabalhadores, na linha de produção para a média produtiva de 300 computadores/dia. A montagem de uma máquina leva mais ou menos 10 minutos, em seguida 25 minutos são atribuídos na instalação dos softwares que são transferidos através de uma máquina central (clonagem). Depois de todo esse processo, 30 minutos são dedicados para o teste dos computadores.
Quando uma peça não se encontra na ordem de produção, um sistema de controle, nega o prosseguimento das etapas.
Os funcionários são multifuncionais, intercalando funções após um mês. Todavia, se a demanda de produção for alta, esse rodízio de atividades será menos frequente.
Não há banco de horas, no entanto, em momentos de grande produção, é feito hora extra. O sindicato é a SELETROAR.
CONCLUSÃO:
Os trabalhadores envolvidos diretamente na produção dos computadores se "apropriam" dessa mesma ferramenta tecnológica para auxiliar ou mesmo controlar a produção.
O contexto dos trabalhadores na empresa em questão nos apresenta dois momentos:
Primeiro, nos deparamos com algumas características flexíveis: a multifuncionalidade; a utilização de tecnologias inovadoras; de certa maneira, uma divisão de trabalho não tão enraizada e a estratégia de priorizar pela qualidade do produto .
O segundo momento remete à presença fordista/ taylorista “estocada” no planejamento produtivo da empresa em relação aos trabalhadores envolvidos na produção em si:
A divisão do trabalho manual, ou seja, executada pelos trabalhadores envolvidos na produção propriamente dita; e o trabalho intelectual, que podemos caracterizar os funcionários de Tecnologia da Informação, onde oferecem a mão - de- obra para produzir conhecimento e informações.
Embora ocorra a participação produtiva em várias etapas, o trabalho não é necessariamente especializado. O conhecimento adquirido a respeito de como executar as atividades de montagem, é preparado e aplicado pelo supervisor da empresa.
A conclusão desse projeto segue em andamento, obtendo apenas resultados parciais.
Palavras-chave: modelo vertical de produção, montagem de computadores no Paraná, Hardware.