63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística
Uma análise constrastivas da expressão de correferencialidade entre três línguas Tupí-Guaraní : Asuriní do Tocantions, Kamaiurá e Ñandeva
Ana Suelly Arruda Câmara Cabral 1
Aisanain Paltú Kamaiwrá 1
Ariel Pheula do Couto e Silva 1
Mauro Luiz Carvalho 1
Suseile Andrade Sousa 1
Wary Kamaiwrá 1
1. Profa. Dra./ Orientadora - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
2. Doutorando - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
3. Aluno de Graduação - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
4. Mestrando - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
5. Mestranda - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
6. Mestrando - Laboratório de Línguas Indígenas - LALI/UnB
INTRODUÇÃO:
Este trabalho contrasta o fenômeno da correferencialiade em três línguas Tupí-Guaraní, o Kamaiurá o Asuriní do Tocantins e o Ñandeva. O primeiro foi classificado como único membro pertencente ao subramo VII da família, o segundo no subramo IV, ao lado do Parakanã, Tapirapé, Suruí, Tembé, Guajajára, Turiwára e Avá-Canoeiro, e o terceiro no subramo I ao lado do Guaraní Antigo, do Guaraní Paraguaio, do Mbyá, do Kaiwá, do Xtá, do Guaiaki e do Chiriguano (Rodrigues 1984-1985).
METODOLOGIA:
Mostraremos primeiramente como se configura o fenômeno da correferencialidade nessas línguas em uma perspectiva tipológica, com base em Foley e Van Valin (1984) e em Dixon (1979, 1994). Em seguida mostraremos em que a expressão de correferencialidade presente em uma língua se distingue da outra língua. Os dados linguísticos que fundamentam este trabalho vêm das seguintes fontes: Asuriní do Tocantins (dados coletados por Cabral, Pheula e Andrade em 2009 e 210); Kamaiurá (Seki 2000) e dados de dois falantes nativos desta língua que são co-autores deste trabalho, Wary Kamaiurá e Páltu Aisanain Kamaiwrá; Nândeva, dados de Mauro Luiz, um dos co-autores deste trabalho, falante nativo desta língua.
RESULTADOS:
O presente trabalho explora aspectos da correferencialidade sintática ainda não abordados em línguas Tupí-Guaraní, relacionando correferencialidade aos sistemas de alinhamento característicos dessas línguas. Em Tupi-Guarani as orações de gerúndio têm o sujeito correferente com o sujeito da oração principal e podem expressar uma finalidade (‘entrou para dormir’), uma simultaneidade (‘chegou cantando’) ou uma seqüência (‘chegou e dormiu’) (Anchieta, 1595, fl. 29v; Rodrigues, 1953, p. 126). Nesse tipo de oração, os verbos intransitivos combinam-se com prefixos correferenciais e os transitivos, com prefixos relacionais (salvo nas situações em que 1 ou 12 agem sobre 2 ou 23, e ambos são marcados pelo sufixo de gerúndio, que se mantém de forma mais conservadora em línguas como o Tupinambá e o Guarani Antigo, manifestando-se por meio dos alomorfes –áβo ~ -a ~ -ta ~ -ø (-amo ~ -ramo em predicados descritivos).
CONCLUSÃO:
Em línguas como Asuriní do Tocantins a análise que se faz dos prefixos correferenciais é percebido que a correferência do sujeito de verbo intransitivo e do objeto de verbo transitivo de orações dependentes, sendo correferentes com o sujeito da oração principal, mesmo em casos quando os sujeitos de duas orações não são correferentes, mostra que essa língua é um caso diferente dentro do quadro dos sistemas de referência identificados até o presente.
Palavras-chave: O fenômeno da Correferencialidade em três línguas indígenas