63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
VARIAÇÕES DIURNAS NO TEOR DE CARBOIDRATOS EM TECIDOS FOLIARES DE PTERIDÓFITAS E ANGIOSPERMAS: IMPLICAÇÕES EVOLUTIVAS
Izabelly Saraiva Sant'Ana 1
Sílvia Dias da Costa Fernandes 1
Bruno Edson Chaves 1
Pollyanna Teresa Cirilo Gomes 1
José Geraldo Antunes de Paiva 1
Lourdes Isabel Velho do Amaral 2
1. Programa de Pós Graduação em Botânica - Departamento de Botânica – UnB
2. Profª Drª Orientadora/ Instituto de Biologia - Departamento de Botânica – UnB
INTRODUÇÃO:
A adaptação de um dado organismo vegetal a um determinado ambiente é dependente da sua capacidade de assimilação de carbono suficiente para manutenção da planta no solo, crescimento e armazenamento. Destas reações de assimilação de carbono resultam os carboidratos, sendo os principais produtos da fotossíntese das plantas superiores, o amido e a sacarose. A sacarose é translocada na planta para sustentar o crescimento, enquanto o amido é acumulado nos cloroplastos durante o período de luz para servir como reserva transitória, sendo que estes são acumulados de modo diferencial pelos diferentes grupos vegetais. Neste trabalho foram avaliadas variações diurnas nos teores de amido e açúcares solúveis totais em tecidos foliares de três espécies de grupos vegetais distintos: Bauhinia forficata Link (Fabaceae), Blechnum sp. L. (Pteridophyta, Blechnaceae) e Manihot esculenta Crantz (Euphorbiaceae) com o intuito de verificar possíveis diferenças no comportamento entre pteridófitas e angiospermas.
METODOLOGIA:
Foram coletadas folhas e frondes sadias e expandidas das espécies: Bauhinia forficata, Blechnum sp. L. e Manihot esculenta, nos horários 09:30h, 12:30h, 15:30h e 18:30h. Estas foram recobertas com papel alumínio e acondicionadas em caixa de isopor com gelo durante o transporte. Posteriormente foram congeladas e então submetidas à liofilização por 14h. O material foi macerado em almofariz e pistilo e em moinho de bola. Para extração de açúcares solúveis totais (AST) e amido foram pesadas 0,1g de cada amostra em triplicata (para Blechnum sp. pesou-se 0,04g). A cada amostra foram adicionados 25 mL de éter etílico seguido de centrifugação a 2000 g por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado. Ao precipitado foram adicionados 10 mL de MCW (metano: clorofórmio: água – 12:5:3 v/v/v) e centrifugado a 2000 g por 10 minutos. O sobrenadante foi colocado em funis de separação. O procedimento foi repetido. Ao funil foi acrescentado 7,5 mL de água e 5 mL de clorofórmio, homogeneizado e deixado em overnight. O sobrenadante foi usado para dosagem dos AST pelo método fenol-sulfúrico, com leitura a 490 nm em espectrofotômetro. O precipitado foi guardado para posterior dosagem de amido com base no método enzimático, com leitura a 505 nm.
RESULTADOS:
As três espécies diferiram quanto ao metabolismo de carbono ao longo do dia. O comportamento exibido por B. forficata foi de acumular maior quantidade de açúcares pela manhã e maior quantidade de amido à tarde, devido à provável atividade fotossintética maior pela manhã e armazenagem de amido seguido de mobilização à tarde. Blechnum sp. teve um alto acúmulo de açúcares solúveis e amido ao meio-dia, provavelmente atribuído à atividade fotossintética. À tarde, estes níveis caem possivelmente por metabolismo local e translocação. Já M. esculenta tendeu a acumular amido até às 15:30h e AST no período da manhã com manutenção dos teores até às 15:30h, com diminuição então dos carboidratos após este horário. Em relação aos teores de amido, Blechnum sp. (pteridófita) teve um comportamento diferenciado aumentando em quase 10 vezes seus teores ao meio-dia em relação aos outros horários. Ao contrário desta, as angiospermas acumularam amido gradativamente até o turno vespertino com valores compatíveis com os encontrados na literatura científica.
CONCLUSÃO:
Os diferentes grupos vegetais diferiram quanto ao metabolismo de carbono foliar, sendo Blechnum sp., a espécie com maiores teores de amido e AST. Importante observar também a semelhança na variação diurna de amido das duas angiospermas estudadas (M. esculenta e B. forficata). Essas diferenças sugerem uma divergência evolutiva entre os grupos ou provavelmente uma adaptação em relação ao meio ambiente, no que diz respeito à produção de carboidratos.
Palavras-chave: Açúcares solúveis totais, Amido, Metabolismo de carbono.