63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal |
Estrutura genética intrapopulacional em Annona crassiflora Mart. |
Felipe Oliveira Gouveia 1,2 Thannya Nascimento Soares 1 Rosane Garcia Collevatti 1 |
1. Laboratório de Genética & Biodiversidade - UFG 2. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Atualmente, cerca de 80% do Cerrado está ocupado por pastagem, culturas anuais e perenes. O desmatamento leva a fragmentação deste bioma, o que provoca redução no tamanho das populações e isolamento entre elas, podendo comprometer a persistência de muitas espécies. Populações pequenas e isoladas são mais suscetíveis a extinção por processos ecológicos, como flutuação imprevisíveis na taxa de natalidade e mortalidade, e por processos genéticos. Em razão da perda de variabilidade genética, populações pequenas podem perder seu potencial evolutivo. Annona crassiflora é uma árvore hermafrodita e alógama. A polinização ineficiente é um fator que limita sua frutificação, tal processo pode ser evidenciado pela fragmentação com fluxo gênico ocorrendo a pequenas distâncias, o que levaria a uma depressão por endogamia como a perda da variabilidade genética e à extinção local. Assim, o estudo da estrutura genética das espécies do Cerrado é de suma importância para a compreensão da evolução dessas espécies e avaliação da probabilidade de persistência das espécies nos remanescentes, subsidiando o desenvolvimento de estratégias de conservação e manejo sustentável. O objetivo foi avaliar o padrão espacial e fluxo gênico em uma população natural de Annona crassiflora em área de conservação. |
METODOLOGIA: |
A coleta de 104 individuos de araticum (A. crassiflora) foi realizada na Estação Ecológica de Águas Emendadas situada ao noroeste do Distrito Federal. A coleta dos indivíduos foi do tipo varredura e a área escolhida é uma típica região de ocorrência de araticum (campo aberto). O DNA extraído de cada planta foi diluído à concentração de 2,5 ng/μL, para as reações de PCR utilizando 10 iniciadores microssatélites.Os locos foram analisados no seqüenciador automático ABI-3100. A partir da matriz dos genótipos, foram estimados os parâmetros genéticos com base no teorema do Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Heterozigosidade esperada (He) e observada (Ho) o índice de fixação intrapopulacional (ƒ) e o teste de desequilíbrio de ligação. A análise de autocorrelação espacial foi realizada a partir do cálculo do coeficiente I de Moran por loco ao longo de 10 classes de distância geográfica com mesma dimensão. A significância dos parâmetros foi testada com a realização de 1000 permutações determinando-se um intervalo de confiança de 95%. Os valores obtidos foram representados graficamente em um correlograma. |
RESULTADOS: |
Os locos microssatélites apresentaram entre 6 e 46 alelos, considerando a natureza multialélica dos microsstélites este representa um resultado esperado para espécies arbóreas do Cerrado. Os valores de Ho variaram de 0,532 a 0,975 (média de 0,732) e He de 0,515 a 0,92422 (média de 0,772). Os lócus Acr44, Acr37, Acr33, Acr34 apresentaram excesso de homozigotos (f=0,269; 0,140; 0,239; 0,312 respectivamente) e Acr26 apresentou excesso de heterozigotos (f=-0,196) em relação as proporções genotípicas esperadas pelo equilíbrio de Hardy-Weinberg. O teste de desequilíbrio de ligação mostrou que os locos Acr22/Acr44; Acr22/Acr20 e Acr33/Acr34 apresentam-se ligados (p=0,001), correção de Bonferroni para α=0,005) o restante dos locos segregam independentemente não fornecendo informações redundantes. A análise de autocorrelação espacial revelou que a população está estruturada espacialmente apresentando um padrão clinal no correlograma. Apesar da alta variabilidade genética dentro da população este resultado pode ser conseqüência do histórico da área de estudo pois a área está situada na borda da Esecae (antiga Fazenda Monteiro). Segundo informações, esta área foi parcialmente desmatada e sofreu vários episódios de incêndios, podendo ter provocado uma redução no número de indivíduos. |
CONCLUSÃO: |
Conclui-se que esses distúrbios podem ter provocado uma redução do número de indivíduos no passado. Posteriormente quando a área foi anexada ao polígono da Estação e passou a ser protegida do fogo e desmatamento, poucos indivíduos de Annona crassiflora haviam restado. Assim a população original pode ter sido originária destes indivíduos remanescentes, com considerável nível de parentesco entre os indivíduos que compõe a população atual. |
Palavras-chave: Araticum, Cerrado, Microssatélites. |