63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA ANALÍTICA FTIR PARA CARACTERIZAÇÃO DAS INTERAÇÕES QUÍMICAS ENVOLVENDO A MATÉRIA ORGÂNICA DE SOLOS DE VEREDAS E O HERBICIDA GLIFOSATO.
Danillo Barbosa de Moura 1
Alfredo Borges de Campos 2
Aparecido Ribeiro de Souza 3
Danielle Silva Beltrão 4
1. IC/ Instituto de Química – UFG
2. Prof. Drº./Orientador - IESA – UFG
3. Prof. Drº./Co-orientador-Instituto de Química – UFG
4. Doutoranda do Programa de pós-Graduação em Agronomia- UFG
INTRODUÇÃO:
Áreas de veredas são protegidas por lei, mas é comum a utilização dessas áreas para práticas de produção agrícola, tais como o cultivo de arroz e milho, sem respeito à legislação. Essas culturas em geral utilizam o herbicida glifosato para controle de ervas daninhas. O glifosato [N-(fosfonometil) glicina] é classificado como herbicida não-seletivo e pós-emergente citado como o mais vendido no mundo, em diferentes formulações, produzido por distintas companhias de pesticidas. Em função da ampla utilização do glifosato em todo o mundo, o desenvolvimento de métodos de extração e análise que permitam a detecção e quantificação do herbicida em amostras naturais é de suma importância. Diversas técnicas analíticas são utilizadas para a identificação e quantificação dos teores de glifosato no solo, sendo as técnicas cromatográficas as mais utilizadas nesse tipo de estudo. Devido ao fato destas técnicas cromatográficas serem de alto custo, ressalta se o estudo com técnicas alternativas como o FTIR, presentes em praticamente todos os laboratórios de análise química, por serem de baixo custo. Neste panorama surge a proposta desta pesquisa que consiste em apropriar do FTIR, para caracterizar e quantificar o glifosato em solos de veredas.
METODOLOGIA:
O solo utilizado no experimento foi retirado de uma vereda preservada localizada no município de Bela vista de Goiás, sendo coletado numa profundidade de 0-20 cm, em seguida este foi seco ao ar e após secagem foi peneirado (<2 mm). Foram preparadas duas amostragens, uma referente à concentração de campo e outra referente às concentrações altas, sendo que a concentração de campo consistiu de dois tratamentos de dois tipos de solo x três soluções de saturação x três períodos de tempo. O solo foi saturado em 20 mL de água deionizada numa proporção de 1:2 água-solo. O solo saturado foi dividido em tratamento controle (solo puro), dose 1 ( concentração de 0,048 g.L-1 ) e dose 2( concentração de 0,096g.L-1). Ao final da incubação mediu-se o pH e as amostras foram centrifugadas a 6000 rpm por 30 min para a separação da solução e do solo, sendo congeladas, até o momento em que foram liofilizadas. Para a amostragem referente às altas concentrações foram separadas alíquotas de 3g de solo peneirado, e a estas amostras adicionou-se 2 mL de solução de glifosato comercial, nas concentrações de 0, 30, 60, 120, 240 e 480 g/L. Após duas horas sob incubação, depois as amostras de solo foram congeladas e liofilizadas. Por final, os espectros foram registrados em um FTIR PerkinElmer( precisely), Spectrum 400 FT-IR/FT-FIR Spectrometer. Foi gerado espectros de transmitância com a diluição em KBr, onde os mesmos foram adquiridos em 4cm-1 de resolução e 16 scans em média
RESULTADOS:
Os espectros de FTIR mostraram que para concentrações aplicadas em campo, ou seja, baixas concentrações, não são possíveis observar as bandas características do glifosato, pois, estas se confundem com as do solo (controle). É bem provável que a composição do solo contribua para aumentar a complexidade dos espectros, os quais juntos com os ruídos espectrais, não permitem identificar o glifosato em baixas concentrações. No entanto para os espectros DRIFT obtidos para as amostras em altas concentrações, que representariam casos de contaminações no solo por glifosato, observamos algumas regiões pertencentes às bandas do glifosato em 1732 cm-1, 1568 cm-1, 1031 cm-1 e 1093 cm-1. A banda que seria melhor para uma futura quantificação de glifosato no solo, seria a em aproximadamente 1400 cm-1, devido a estar mais separada das demais bandas do solo, e ser a mais intensa e também estar mais visível nos espectros com altas concentrações de glifosato. Na região de aproximadamente 1630 cm-1, tem–se o crescimento de uma banda que sugere a ligação do glifosato com alguma partícula do solo. Logo, vimos à possibilidade de utilização da técnica de FTIR para estudos de contaminação do solo por herbicidas, para concentrações muito superiores as usadas de campo.
CONCLUSÃO:
A espectroscopia de infravermelho (FTIR) se mostrou eficiente para identificar glifosato em altas concentrações em solo de Veredas. No entanto, para concentrações aplicadas em campo, a técnica se mostra inadequada, pois, as bandas características do glifosato se confundem com outras bandas, de outros compostos presentes no solo, ou mesmo com os ruídos espectrais. Uma alternativa para complementação de tais estudos seria a aplicação da Quimiometria, que aliada ao FTIR, poderá auxiliar na determinação e quantificação do glifosato nestes solos.
Palavras-chave: Solos de veredas, Glifosato, FTIR.