63ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição

LEVANTAMENTO DE ENTEROPARASITAS EM HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE PEDRO CANÁRIO, ESPÍRITO SANTO, BRASIL

Bruna Carminate 1 Igor Oliveira de Mello 1 Vinicius Dornellas Natalli 1 Carlos José de Mello 2 Carlos Nunes Cordeiro 3 Valdenir José Belinelo 4

1. Acadêmicos da Universidade Federal do Espírito Santo – CEUNES/UFES - São Mateus, ES 2. Esp. Farmacêutico Analista Clínico – Pedro Canário, ES 3. Esp. Orientador da Universidade Federal do Espírito Santo – CEUNES/UFES - São Mateus, ES 4. Prof. Dr./Orientador – PPGAT e Depto de Ciências da Saúde – CEUNES/UFES - São Mateus, ES

INTRODUÇÃO:

As doenças parasitárias são importantes para a saúde pública, com grande freqüência em nível mundial e de maior prevalência em comunidades empobrecidas nos países em desenvolvimento, como as dos rincões do Espírito Santo, onde há falta de profissionais de saúde para educação em saúde, prevenção e tratamento. A transmissão ocorre na maioria dos casos por via oral passiva. Afeta indivíduos de todas as idades, causando anemia, mal absorção de nutrientes, diarréia e emagrecimento, diminuição da capacidade de aprendizado e trabalho e redução na velocidade de crescimento. Geralmente, tais parasitas são transmitidos por veiculação hídrica ou por alimentos contaminados, dos quais as hortaliças se destacam como meio de contaminação. Diante da relevância e atualidade do problema de contaminação de hortaliças por helmintos e protozo¬ários intestinais e da grande importância do diagnóstico laboratorial de parasitos presentes em hortaliças para a saúde pública, uma vez que fornecem dados sobre as condições higiênicas envolvidas na produção, arma¬zenamento, transporte e manuseio desses produtos, o objetivo do estudo foi analisar a qualidade sanitária das hortaliças, para tanto foram escolhidas hortaliças de alto consumo na culinária brasileira, a alface e a couve manteiga.

METODOLOGIA:

Foram adquiridas 108 amostras das hortaliças couve e alface para pesquisa entre os meses de junho a novembro de 2010. Na feira as amostras foram compradas de três produtores distintos. Estabeleceu-se como unidade amostral para as alfaces (Lactuca sativa L.), o pé (ou touceira), independentemente do peso ou tamanho que apresentassem, enquanto para a couve (Brassica oleracea L.) considerou-se o maço, constituído de folhas agrupadas e amarradas por um barbante. No laboratório, todo material utilizado no processamento das amostras foi lavado com água, sabão neutro e solução de hipoclorito de sódio (cloro). Após a identificação das amostras, cada hortaliça foi desfolhada, individualmente, em recipientes plásticos e lavadas com 500 ml de solução salina a 0,9% com o auxilio de um pincel. Após a lavagem das folhas a solução foi transferida para três cálices de fundo cônico, sendo filtrada com gaze e deixando decantar por duas horas. Após este tempo, os sobrenadantes foram descartados e os sedimentos dos cálices foram analisados em triplicata por meio de lamina corada por solução de lugol, em exame direto ao microscópio óptico. Foram utilizadas as objetivas de 10x e de 40x, a fim de serem efetuadas, respectivamente, a identificação, confirmação e quantificação das estruturas parasitarias.

RESULTADOS:

Das 108 amostras resultou um número total de 540 lâminas analisadas (5 lâminas para cada amostra), das quais 23 (21,2 %) amostras foram positivas para as formas transmissíveis de enteroparasitos, sendo 12 de alface e 11 de couve. Nas amostras foram identificados apenas cistos e trofozoitos de Entamoeba histolytica e Entamoeba coli o que indica contaminação hídrica, pois os produtores de hortaliças fazem uso de águas de rios que também utilizam para outras necessidades diárias, como a irrigação e lavagem das verduras cultivadas. O esgotamento sanitário é realizado em fossas sanitárias com profundidade similar à dos poços onde é coletada água para o consumo diário na preparação dos alimentos e higiene pessoal e domiciliar. Vários autores têm analisado a qualidade sa¬nitária e o risco de contaminação das hortaliças con¬sumidas pela população, que está relacionada com a frequência com que os cistos de protozoários e ovos de helmintos aparecem nos vegetais (Belinelo et al., Arq. Ciênc. Saúde Unipar, 13(1),33-36,2009). Esse trabalho mostra a necessidade de atividades educativas permanentes e dirigidas, as¬sim como a realização de exames parasitológicos das pessoas envolvidas em todas as etapas, do produtor ao consumidor de hortaliças.

CONCLUSÃO:

Há necessidade de adoção de medidas pelos órgãos municipais de vigilância sanitária e das secre¬tarias de agricultura quanto ao cultivo e manipulação das hortaliças no município de Pedro Canário, visto que 21,2% das amostras de alface e couve estavam contaminadas com enteroparasitas. Os resultados deste trabalho mostram a neces¬sidade de atividades educativas permanentes dirigidas aos consumidores e manipuladores de alimentos, aler¬tando para os riscos representados pela manipulação inadequada, pois nenhuma forma de controle alimentar é eficaz sem o apoio da maioria dos interessados e o respaldo da opinião pública bem informada. Os alimentos que não sofrem nenhum processo de cozimento ou congelamento antes de serem ingeri¬dos devem obter especial atenção pelos manipuladores de alimentos, uma vez que se constituem freqüentes fontes de transmissão de verminoses aos seres huma¬nos.

Palavras-chave: Hortaliças, Entamoeba histolytica, Pedro Canário.