63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
CARACTERIZAÇÃO DO EFEITO VASODILATADOR DO EQUILIN EM ARTÉRIAS MESENTÉRICAS DE RESISTÊNCIA DE RATAS HIPERTENSAS
Fernando Paranaiba Filgueira 1
Núbia de Souza Lobato 2
Robert Clinton Webb 3
Zuleica Bruno Fortes 4
Rita de Cássia Tostes 5
Maria Helena Catelli de Carvalho 6
1. M.Sc. – Depto de Farmacologia, Universidade de São Paulo – USP
2. Profa. Dra. – Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás – UFG
3. Prof. Dr. – Department of Physiology, Georgia Health Sciences University – GHSU
4. Profa. Dra – Depto. de Farmacologia, Universidade de São Paulo – USP
5. Profa. Dra./Co-orientadora – Depto. de Farmacologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
6. Profa. Dra./Orientadora – Depto. de Farmacologia, Universidade de São Paulo – USP
INTRODUÇÃO:
O efeito vasodilatador de diversos hormônios, como os hormônios sexuais feminimos, tem sido extensamente investigado. Está bem estabelecido que além da ação genômica promovida por estas substâncias, os estrógenos possuem um efeito vascular rápido denominado efeito não-genômico. Grande parte dos estudos avaliando o efeito vasodilatador dos estrógenos têm utilizado o 17β-estradiol como principal alvo de investigação. O Premarin, composto estrogênico com pelos 10 tipos diferentes de substâncias estrogênicas, tem sido bastante utilizado na clínica há mais de 60 anos, entretanto pouco se sabe sobre a ação vascular individual de seus componentes. Uma vez que o equilin e a estrona, equivalem a 72% da composição final deste medicamento, o objetivo do presente estudo foi investigar ação vascular desses hormônios. Como o equilin apresentou uma resposta vasodilatadora semelhante ao 17β-estradiol, o enfoque deste estudo foi caracterizar o mecanismo de ação vascular deste hormônio, utilizando para isto, o 17β-estradiol como hormônio controle.
METODOLOGIA:
Utilizamos ratas espontaneamente hipertensas (SHR) que tiveram o leito mesentérico removido e, em seguida, segmentos (2mm de comprimento) do segundo ramo da artéria mesentérica (200-300µm de diâmetro) foram montados em um miógrafo para estudo da tensão isométrica. Foram utilizados segmentos com endotélio intacto (E+) e segmentos sem endotélio (E-). Concentrações crescentes das substâncias estrogênicas (10nM-100µM) ou veículo (etanol) foram adicionadas em anéis com endotélio (E+) pré-contraídos com o mimético do tromboxano (U 46619, 1µM). Para avaliar a participação dos receptores estrogênicos, do óxido nítrico, da prostaciclina e dos canais de potássio na ação do equilin, os anéis foram incubados (30min) com ICI 182,780 (10µM), L-NAME (100µM), indometacina (10µM) ou tetraetilamônio (1mM), respectivamente. Para examinar o envolvimento da adenilil ciclase, guanilil ciclase, PKA e PKG na resposta ao equilin, os anéis foram incubados (30min) com SQ 22536 (100µM), ODQ (10µM), KT 5720 (1µM) ou KT 5823 (1µM), respectivamente. Além disso, para investigar o efeito do equilin sobre o influxo de cálcio, curvas concentração-efeito ao CaCl2 foram realizadas em preparações E- incubadas com veículo ou equilin (1, 10 e 100µM).
RESULTADOS:
Os compostos estrogênicos utilizados no presente estudo promoveram relaxamento vascular, que foi dependente de concentração. A ação vasodilatadora do equilin (100% de resposta relaxante) foi a mais potente entre as substâncias testadas, com o 17β-estradiol relaxando 90%, o 17α-estradiol 56% e a estrona 41%. Verificamos que a ação vasodilatadora do equilin é não-genômica e independe do endotélio ou de receptores de estrógeno. Além disso, esta resposta não depende de óxido nítrico, prostaciclina e não envolve a abertura de canais de potássio (KCa, KATP, KV). Observamos também que adenilil ciclase, guanilil ciclase, PKA e PKG não estão envolvidas no efeito vasodilatador do equilin. A incubação com equilin promoveu diminuição da resposta vasoconstritora ao CaCl2 e ao ativador de canal de cálcio do tipo L. Todos esses resultados foram também observados com o 17β-estradiol.
CONCLUSÃO:
Demonstramos com este estudo que o efeito vasodilatador do equilin em artérias de resistência parece ocorrer principalmente por inibição dos canais de cálcio do tipo L e que esse efeito foi semelhante ao 17β-estradiol, podendo desta maneira, promover ação benéfica ao sistema vascular.
Palavras-chave: Equilin, Vasorelaxamento, Artérias mesentéricas de resistência.