63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina |
ANÁLISE DOS EVENTOS CARDÍACOS E PULMONARES EM PACIENTES SUBMETIDAS À RADIOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA. |
Raquel Oliveira dos Santos 1 Ruffo de Freitas Junior 1;2 Victor Domingos Lisita Rosa 1 Nilceana Maya Aires Freitas 2 Edésio Martins 2 Maria Paula Curado 2 |
1. Acadêmica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. 2. Prof. Dr./ Orientador - Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás e Associação de Combate ao Câncer de Goiás. 3. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. 4. Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. 5. Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. 6. Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. |
INTRODUÇÃO: |
O câncer de mama tem sido considerado um problema de saúde pública em vários países e, principalmente nos países desenvolvidos, é responsável por um milhão de casos novos diagnosticados anualmente. O tratamento do câncer de mama vem seguindo as evoluções da medicina e hoje conta com cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e radioterapia como opções. A radioterapia se baseia no princípio de feixes de radiação ionizante capazes de destruir células tumorais, impedindo sua disseminação. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas. Radioterapia adjuvante para câncer de mama, apesar de ser efetiva no controle local do tumor e na sobrevivência dos pacientes, é associada a complicações cardiovasculares e pulmonares tardias. Pela localização, a irradiação tangencial da mama com menos de 1cm do coração e 2-2,5 cm de pulmão incluídos no campo de tratamento causa um risco de mortalidade/morbidade cardíaca e pulmonar médio de 1%. |
METODOLOGIA: |
O objetivo do trabalho foi analisar os eventos adversos cardíacos e segunda neoplasia de pulmão que possam estar relacionados ao tratamento radioterápico do câncer de mama. Foram utilizados dados do Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia (RCBP), o qual possui informações sobre todos os casos novos de câncer surgidos no decorrer de cada ano, na cidade de Goiânia. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo. Foram incluídas mulheres moradoras de Goiânia com diagnóstico de carcinoma de mama invasor entre os anos de 1995 e 1997 tratadas no Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás. Nesse estudo foram excluídas mulheres que tinham feito irradiação prévia por outra neoplasia. Os dados foram digitados em planilhas do Microsoft Office Excel 2003 e as tabelas construídas nesse mesmo editor. Para a associação entre as variáveis foi usado o teste do X2, tendo sido calculado o risco relativo após um seguimento de 10 anos do diagnóstico. Considerou-se significante quando p<0,05. |
RESULTADOS: |
Foram analisados 356 prontuários de pacientes, das quais 223 foram submetidas a tratamento radioterápico e 226 submetidas a tratamento quimioterápico. Em relação ao seguimento das pacientes com 10 anos, houve 21(6%) casos que apresentaram recidiva da doença; 94 (26%) casos com metástase a distância; 22 (6%) casos com segunda neoplasia primária e oito (2%) casos de que desenvolveram cardiopatia. Dos 22 casos que evoluíram com um segundo tumor primário, 12 casos localizaram-se na mama; quatro casos na pele; dois casos no intestino; dois casos no ovário e um caso no endométrio. Não foi registrada a ocorrência de nenhum caso de segunda neoplasia primária de pulmão. O tempo médio dos eventos após o término do tratamento radioterápico foi de 55,6 meses.Os tipos de eventos cardíacos registrados nos pacientes foram: três (37,5%) casos de arritmias, dois (25%) casos de Insuficiência Cardíaca Congestiva, um (12,5%) caso de infarto agudo do Miocárdio e um (12,5%) caso de arteriosclerose. Com relação a lateralidade da mama envolvida pelo tumor em que foi feito tratamento radioterápico e a ocorrência de cardiopatia, não foi significante a associação, não representando um risco maior de desenvolvimento de cardiopatia o fato do tumor ser na mama esquerda. |
CONCLUSÃO: |
No presente estudo, não houve nenhum caso de segunda neoplasia primária de pulmão. Em relação aos eventos cardíacos, não podemos afirmar que a cardiopatia esteve relacionada à radioterapia uma vez que 37% das pacientes já apresentavam patologia cardíaca prévia e 12,5% apresentava um risco aumentado em decorrência do Diabetes, não podendo avaliar se o evento foi em decorrência da evolução natural da doença ou da irradiação da mama. Entretanto, devemos destacar a necessidade de planejamento do tratamento radioterápico para pacientes com câncer de mama, principalmente, quando a região irradiada for a esquerda. Como medida preventiva, devemos ainda atentar para outros fatores de risco para doenças cardiovasculares, orientando cessar o tabagismo e o controle rigoroso da hipertensão arterial sistêmica e do diabetes. Em virtude do aumento dos casos do câncer de mama diagnosticados, dos avanços terapêuticos e da expectativa de vida das pacientes, há necessidade de se confirmar os efeitos adversos da radioterapia com estudos que envolvam maior número de casos, de forma prospectiva, podendo auxiliar cada vez mais no aprimoramento das técnicas para o tratamento do câncer de mama. |
Palavras-chave: câncer de mama, radioterapia, eventos cardíacos. |