63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
DIVERSIDADE DE SUBFAMÍLIAS DE BETHYLIDAE EM CAFÉ SOMBREADO E MATA ADJACENTE COM PERSPECTIVA AO CONTROLE BIOLÓGICO.
Chirlei Dias de Brito 1
Polyana Rocha Santos 2
Raquel Pérez-Maluf 3
1. Depto. de Ciências Naturais, Universidade estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
2. Depto. de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
3. Profa. Dra./Orientadora. Depto. de Ciências Naturais – UESB.
INTRODUÇÃO:
O café é representado como uma das culturas mais importantes para a economia do país. O agroecossistema cafeeiro abriga uma variedade de invertebrados que podem atuar como pragas e, na maioria das vezes, grande parte dos cafeicultores utilizam agroquímicos para combatê-los. Entretanto o uso deles tem sido discutido devido ao impacto que podem causar ao meio ambiente (solo e água), aos insetos benéficos e aos seres humanos. Por isso, uma alternativa tem sido o uso do controle natural das pragas, utilizando espécies que regulem a população das mesmas por meio de parasitismo, predação ou doenças. No entanto a utilização de inimigos naturais ainda é uma atividade pouco conhecida e utilizada no país. O objetivo deste trabalho é fazer um levantamento das vespas parasitóides da Família Bethylidae presentes em uma área de café sombreado e mata cipó adjacente que poderiam atuar no controle biológico das pragas do café. No Brasil, sabe-se que algumas espécies desta família são muito importantes para o controle do coleóptero que ataca os grãos, a broca-do-café (Hypothenemus hampei), que gera grandes perdas na cafeicultura.
METODOLOGIA:
Durante o período compreendido entre agosto de 2010 e janeiro de 2011, identificaram-se 80 parasitóides pertencentes à família Bethylidae. Estes insetos foram provenientes de coleta feita durante os meses de junho a dezembro de 2009 em área de café sombreado e mata adjacente ao café, localizados no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). As coletas foram feitas usando armadilhas Moerick e depois levados ao Laboratório de Biodiversidade do Semiárido (LABISA), para triagem e posterior identificação. No LABISA, foram identificados os parasitóides em nível de subfamílias. Para a identificação seguiu-se a chave proposta por Fernandéz & Sharkey (2006).
RESULTADOS:
Dentre os 80 betilídeos identificados, 44 pertenciam ao café sombreado e 36 à região de mata. No café sombreado, 52% pertencem à subfamília Epyrinae, 32% a Pristocerinae e 16% a Bethylinae. Um dado interessante é que a subfamília mais encontrada no café abriga Cephalonomia stephanoderis e Prorops nasuta, duas espécies afro-tropicais que foram introduzidas no Brasil para o controle da broca-do-café. Na mata de cipó, obteve-se o seguinte resultado: 72% pertencem a Pristocerinae, 25% Epyrinae e 3% dos indivíduos pertencem à subfamília Bethylinae. Estudos feitos em em Mata Atlântica com diferentes graus de preservação, mostraram resultado semelhante, pois a subfamília Pristocerinae foi a mais abundante, seguida de Epyrinae e Bethylinae. Outro trabalho feito no Paraná em oito áreas naturais de amostragem, também indica a maior presença de Pristocerinae ao citar que os gêneros Dissomphalus e Pseudisobrachium foram os mais abundantes. Quando feita a contagem geral dos parasitóides (café e mata), percebeu-se que 50% pertenciam à subfamília Pristocerinae, 40% a Epyrinae e 10% a Bethylinae. A pequena quantidade de Bethylinae encontrada em ambas as áreas confirma as publicações, em que esta subfamília na região Neotropical constitui apenas 10% do total de Bethylidae presentes.
CONCLUSÃO:
A avaliação preliminar da família Bethylidae indica que esta pode ser utilizada para o controle natural de pragas em cultura cafeeira. O conhecimento da ecologia, diversidade de vespas parasitóides, pode não somente ser benéfico para culturas como o café, mas podem também garantir que futuramente exista uma agricultura que respeite o meio ambiente e o ser humano. O estudo sobre a ecologia e diversidade destes animais é um desafio para quem quer trabalhar nesta área, pois é um campo diverso, interessante e carente de pesquisadores.
Palavras-chave: Controle biológico, Bethylidae, Cultura cafeeira.