63ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 5. Psiquiatria

SÍNDROME DEMENCIAL GRAVE ASSOCIADA AO HIPOTIREOIDISMO

Gustavo Fernandes de Alvarenga 1 Norami de Moura Barros 1 Alexandre Augusto de Castro Peleja 1 Renata Teles Vieira 1 Danielly Bandeira Lopes 1 Leonardo Ferreira Caixeta 2

1. Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Goiás 2. Prof. Dr./Orientador - Faculdade de Medicina - UFG

INTRODUÇÃO:

A relação entre disfunção tireoidiana e alterações neuropsiquiátricas, como depressão, déficit de memória e desânimo, são conhecidas. O hipotireoidismo é uma causa rara de demência e seu diagnóstico é importante, por se tratar de uma causa reversível.

METODOLOGIA:

Relato de caso de uma paciente com 63 anos de idade, que se encontra em acompanhamento no ambulatório de neurodemências do Hospital das Clínicas da UFG. A coleta de dados foi realizada através da anamnese, da avaliação neuropsicológica completa, incluindo a bateria cognitiva breve, o mini-exame do estado mental (MEEM), e a escala das atividades funcionais (Pfeffer), além de exame neurológico completo, exames laboratoriais e neuroimagem estrutural e funcional.

RESULTADOS:

As alterações clínicas observadas foram: obstipação intestinal gravíssima, períodos de apatia intercalados com quadro de agitação, sintomas depressivos, alterações de comportamento (oscilações de humor, desinibição, agressividade e comportamento inadequado), alucinações visuais (frequentemente no período diurno), delírios megalomaníacos e insônia. Ao exame físico, estava desinibida. Encontrou-se hipertonia bilateral (paratonia provavelmente associada a outro componente), palidez de marfim, pele em pergaminho, fáscies infiltrada e choro desmotivado. A paciente obteve os seguintes escores: MEEM 0/30, Pfeffer 30/30 e CDR 2. Neuroimagem estrutural: dentro dos limites de normalidade para a faixa etária da paciente, hipocampos preservados. Neuroimagem funcional: área de hipoperfusão na transição entre regiões média e anterior dos giros do cíngulo, hipoperfusão difusa moderada nos lobos parietais superiores e leve nas regiões mesiais do lobo temporal esquerdo. TSH de 153 e T4 livre de 0.25. A maioria dos casos relatados de demência por hipotireoidismo apresenta comprometimento cognitivo leve, o que difere do caso relatado. Nesta paciente, observamos uma demência grave por hipotireoidismo, uma das principais causas de demências reversíveis.

CONCLUSÃO:

A paciente teve melhora significativa de vários sintomas da síndrome demencial (agressividade, agitação psicomotora, labilidade emocional, oscilações abruptas de humor, negativismo, inadequação social, apatia) após tratamento para hipotireoidismo por quatro semanas. Logo, é importante ressaltar a importância da avaliação laboratorial das funções tireoidianas para o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com demência, principalmente nos que apresentam oscilações abruptas de humor.

Palavras-chave: Demência, Hipotireoidismo, Alterações neuropsíquicas.