63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ICTIOFAUNA DE UM TRECHO DO RIO ARAGUARI, ESTADO DO AMAPÁ
Guaciara Cristina Machado Ferreira 1
Ariana Mayra Costa da Silva 1
Rhuan Wellington Flexa Monteiro de Castro 1
Shirley da Silva Castro 1
Nélisson Clei Ferreira Alves 2
Luis Maurício Abdon da Silva 3
1. Acadêmico do curso de Biologia da Universidade Vale do Acaraú - UVA/AP
2. Docente Especialista da Universidade Vale do Acaraú – UVA/AP
3. Dsc./Orientador – Prog. Pós Graduação em Biodiversidade Tropical - UNIFAP
INTRODUÇÃO:
A América do Sul apresenta a fauna de peixes de água doce mais rica do mundo, com uma grande diversidade morfológica e adaptativa. No Brasil, cerca de 85% das espécies são peixes primariamente de água doce (Ostariophysis) e, o restante, peixes de grupos marinhos, que invadiram secundariamente a água doce (Malabarda & Reis, 1987). A ocupação humana da Amazônia, desde o século XVII até o presente, caracterizou-se por incentivar uma política extrativista (Oliveira, 1988). Podemos perceber que o estudo é essencial para a vida do ecossistema, portanto, faz-se necessário uma política planejada de desenvolvimento sustentado a longo prazo, pois o que há, são interesses que não refletem a conservação dos recursos naturais. Na Amazônia, o uso sustentável da biodiversidade em ecossistemas aquáticos representa um desafio, especialmente por causa da escassez de conhecimento sobre os organismos, suas relações e seu aproveitamento para o consumo humano. Para que essa abordagem possa ser, de fato, implementada, é necessário gerar conhecimento sobre as espécies de peixes que habitam uma região, proporcionando base científica às ações de gerenciamento racional, e sustentável, dos recursos hídricos.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas no período de 22 a 26 de abril e de 06 a 11 de agosto do ano de 2009. O primeiro período é conhecido por apresentar maior pluviosidade, enquanto que o segundo, por sua menor pluviosidade. A coleta foi acompanhada por pescadores experientes que moram no local e os pontos de amostragem foram registrados através de GPS, onde os mais propícios à pesca foram os próximos de macrófitas aquáticas e em áreas de remansos. A metodologia usada para a pesquisa foi a utilização de malhadeiras, composta por oito redes com tamanhos de malhas variando entre 20 a 70 mm de distância entre os nós, sendo vistoriadas a cada 4 horas. Os exemplares coletados foram identificados e medidos. Aplicaram-se entrevistas semiestruturadas, além de observações dos locais pesquisados e, em alguns casos, mostraram-se fotos de exemplares extraídos da literatura aos ribeirinhos para melhor catalogar as espécies incidentes na região. Os cálculos utilizados para análise estatística foram os de CPUE (captura por unidade de esforço), índice de Shannon-Weaver, além de cálculo de equitabilidade.
RESULTADOS:
Os ambientes amostrados variaram desde rochoso até areia, com águas claras de alta velocidade de correnteza e áreas de remansos. As embarcações utilizadas durante as pescarias são pequenas canoas a remo ou com motores conhecidos como rabetas. As principais artes de pesca utilizadas são malhadeira, zagaia e linha de mão. Foram capturados 367 exemplares. Dentre eles, encontraram-se um total de 52 espécies. Na ordem dos Characiformes, sobressaiu-se a família Characidae com 7 espécies, e na dos Siluriformes, destacou-se a família Loricariidae com 4 espécies. O índice de diversidade geral para todos os dados coletados foi de 3,44 bits/ind. Ao considerar a sazonalidade, averiguamos um maior índice de diversidade durante o período de seca (agosto) com um valor de 3,38 bits/ind., pois o período de cheia (abril) teve como índice 2,945 bits/ind. Pelos índices de CPUE ou abundância relativa, constatou-se menos de um indivíduo por metro quadrado de rede/h. Analisamos as 52 espécies e observou-se que 36,54% incidem em apenas 1 ponto, 19,23% em 2 pontos e 44,23% em 3 ou mais. Em decorrência da presença de mais de 36% das espécies em apenas um ponto, sugere-se que elas possuem preferências por determinados microhabitats, logo a distribuição é restrita à área de estudo.
CONCLUSÃO:
Constatamos que a pesca praticada no Rio Araguari é realizada de maneira artesanal. Verificamos que as maiores diversidades foram observadas nos locais de estudo onde ocorrem macrófitas aquáticas. Nesses ambientes, a equitabilidade mostrou-se baixa, menor que 0,60, indicando que o ambiente pode estar sendo dominado por uma espécie. Comparando com os dados de Silva e Silva (2007) na Reserva Biológica do Lago Piratuba, também localizado no estado do Amapá, que foi de 3,47 bits/ind., podemos observar que o referido estudo possui variedade muito maior. Considerando a ausência de estudos detalhados desta fauna para a Amazônia, e particularmente para a região de estudo, estas informações foram muito valiosas para elaborar recomendações de impactos ambientais. Contudo, os conhecimentos atualmente disponíveis para a ictiofauna regional não são ainda suficientes para um diagnóstico definitivo sobre o estado atual de conservação. Um estudo mais detalhado sobre a composição específica da comunidade íctica, seria necessário para ter uma base comparativa que seja mais precisa para momentos futuros, com amostragens padronizadas e regulares espacial e temporalmente, para desta forma detectar possíveis tendências da diminuição da abundância (através da CPUE média).
Palavras-chave: Ictiofauna, baixa diversidade, rio Araguari.