63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
DESENVOLVIMENTO DE Sarcocornia ambigua (MICHX.) EM VIVEIRO E EM CANTEIRO DE CULTIVO PILOTO NO CAMPO
Paulo Ricardo Alves 1,2
Diego Sales Lucas 1,2
Rafael Domingos de Oliveira 1,2
César Serra Bonifácio Costa 3
Oriel Herrera Bonilla 4,5
1. Universidade Estadual do Ceará - UECE
2. Laboratório de Ecologia - LABOECO
3. Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Oceanografia - FURG
4. Prof. Dr. / Orientador - LABOECO - UECE
5. Centro de Ciências da Saúde
INTRODUÇÃO:
A salinização é um dos principais problemas atuais de degradação dos solos do semiárido brasileiro. No Ceará, cerca de 200 mil famílias subsistem da agropecuária extensiva, onde solos salinos têm baixa produção de alimentos e são utilizados como pastos para os animais. O Brasil possui uma rica flora de halófitas que podem ser utilizadas na alimentação animal e humana, biorremediação, recuperação de áreas degradadas, fixadoras de carbono da atmosfera e geradoras de biomassa. Dentre essas espécies, está a Salicornia gaudichaudiana Mog. agora denominada Sarcocornia ambigua (Michx.) M.A. Alonso & M.B. Crespo, que é uma espécie perene, pioneira na ocupação de planos de lama entremarés, que apresenta ampla distribuição nas marismas temperadas e tropicais da costa Atlântica da América do Sul (Costa & Davy 1992, Menezes et al. 2000, Davy et al. 2001). Cresce em solos sujeitos a grandes flutuações de salinadade intersticial, maiores até do que a da água do mar (Costa 1997). Propaga-se por crescimento vegetativo e através de sementes. Portanto, parte dos solos salinizados do semiárido poderia ser cultivada com estas plantas. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi analisar o desenvolvimento de Sarcocornia ambigua em fase inicial (mudas em viveiro) e em cultivo piloto em campo.
METODOLOGIA:
O cultivo inicial para produção de mudas por germinação de sementes de S. ambigua foi realizado no Laboratório de Ecologia, na Universidade Estadual do Ceará (LABOECO/UECE), e o cultivo em bandejas de isopor (viveiro) na Zona Experimental do referido laboratório. Após germinação em laboratório, as plântulas foram transplantadas para bandejas semeadeiras, com sedimento formado por areia e composto orgânico na proporção 1:1, cultivadas em viveiro de mudas. As jovens plantas foram regadas com água potável diariamente com borrifador, para evitar o choque mecânico da água e saturação do solo e ocasionar perda de plantas. Durante nove semanas foram monitorados os parâmetros: altura, n° de segmentos e n° de ramificações. Quando as mudas estavam estabelecidas, foram levadas para cultivo piloto em campo, no município de Ocara-CE, no semiárido cearense. A fim de analisar a adaptação da planta ao ambiente de estudo foi realizado um plantio em um canteiro piloto que piloto possui dimensões de cerca de 2 m x 2 m, onde foram plantadas 100 mudas de S. ambigua com espaçamento de 15 cm cada, e agoadas com água salobra proveniente de poço profundo. Durante oito semanas, o desenvolvimento de 30 plantas foi monitorado, com observações e medições de altura e número de ramificações.
RESULTADOS:
Após nove semanas, as mudas de S. ambigua apresentavam média de altura de 13,3 mm, e crescimento semanal variando em torno de 1,14 mm. Nesse período, a média de segmentos foi de 4,26 por planta, e sem ramificação. Na fase inicial, após germinação e estado de plântula, o crescimento das mudas de S. ambigua é muito lento, sendo necessário cuidados no cultivo, até o manejo para campo, para evitar a mortalidade. O cultivo de S. ambigua apresenta baixa mortalidade em relação às de populações de outras espécies do mesmo gênero, onde de cada 1000 sementes dispersas, apenas 1 ou 2 geram plantas adultas, sendo que 70-90 % da mortalidade concentra-se no período de estabelecimento (Ellison 1987;Costa 1992). No cultivo piloto em campo, após oito semanas, a média de altura máxima foi de 27 cm, sendo 18 cm a menor altura e 32,5 cm a maior. O crescimento semanal foi de 2,87 cm em média. A ramificação de S. ambigua chegou a 440 brotos, sendo seu número máximo. Em apenas uma planta a ramificação foi de 41 brotos. A média de ramificações entre as 30 plantas monitoradas foi de 133,7 ramos, tendo em média 18,94 ramos novos por semana. Segundo Ellison; Niklas (1988) e Costa (1992), a fecundidade das plantas de S ambígua está diretamente correlacionada ao número de ramificações e biomassa aérea .
CONCLUSÃO:
Na fase inicial após germinação e estado de plântula, o crescimento das mudas de Sarcocornia ambigua é bastante lento, sendo necessário muito cuidado em seu cultivo até serem levadas a campo, para evitar mortalidade. O uso de um canteiro piloto proporciona um monitoramento preliminar de como a planta reage ao novo ambiente, podendo assim, caso seja necessário, serem feitas alterações em cultivos maiores para evitar perda de produtividade. O crescimento vigoroso de Sarcocornia ambigua no canteiro de cultivo piloto indicou que o espaçamento de 15 cm entre cada planta, utilizado no plantio, resultou em baixa competição intraespecífica.
Palavras-chave: Halófita, Cultivo, Semiárido.