63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
JUVENTUDE(S), ATENÇÃO BÁSICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
Maria do Carmo Walbruni Lima 1
Liduina Farias Almeida da Costa 1
1. Mestranda / Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade - UECE
2. Profa. Dra./ Orientadora - Centro de Estudos Sociais Aplicados - UECE
INTRODUÇÃO:
Pensar a juventude a partir do seu sentido plural, enquanto “juventudes”, expressa a compreensão do caráter heterogêneo que qualifica esse grupo populacional. A desigualdade socioeconômica que separa as juventudes brasileiras representa um dos elementos que as diferenciam. Além dela, somam-se as diferenças de gênero, orientação sexual, etnia, religião, cultura, área geográfica de residência (meio urbano ou rural), áreas centrais ou periféricas das cidades. Essas diferenças expressam a heterogeneidade presente nos grupos juvenis, heterogeneidade que também pode manifestar-se nas demandas colocadas por essas juventudes no campo da saúde. Esta pesquisa teve como objetivo compreender a percepção sobre saúde apresentada por jovens de escola pública localizada em área periférica de Fortaleza; identificar os procedimentos adotados quando se sentem doentes; as demandas colocadas e os serviços disponíveis na unidade de atenção primária à saúde de sua área de residência, bem como identificar os serviços de saúde considerados importantes por esses jovens. Os resultados da pesquisa podem contribuir para uma reflexão sobre o alcance das políticas públicas de saúde frente às diversificadas demandas colocadas pelas juventudes brasileiras vivendo em diferentes espaços territoriais e sociais.
METODOLOGIA:
A metodologia do estudo incluiu pesquisa documental, bibliográfica e de campo. Na pesquisa documental foram analisados documentos emanados do Ministério da Saúde que fundamentam as ações direcionadas ao atendimento de adolescentes e jovens no Brasil como: a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e de Jovens (Minuta); Saúde Integral de Adolescentes e Jovens: Orientações para a Organização dos Serviços de Saúde e Marco Teórico e Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens. Na pesquisa bibliográfica foram priorizados autores como Luis Antonio Groppo, Helena Wendel Abramo e Miriam Abramovay. Na pesquisa de campo foram realizadas observações na unidade de saúde de referência dos jovens e entrevistas com profissionais dessa mesma unidade, entre enfermeiras e agentes comunitários de saúde. Entre os jovens, foram entrevistados alunos de turmas do 6º ao 9º Ano, na faixa etária compreendida entre 15 e 24 anos matriculados nos turnos tarde e noite de uma escola pública municipal e residentes em uma das áreas que compõem o território de atendimento da unidade de saúde pesquisada. Foram entrevistados dezessete jovens, entre homens e mulheres. As técnicas de coleta de dados e informações foram a observação direta e entrevista semiestruturada.
RESULTADOS:
Os relatos da maioria dos jovens entrevistados relacionaram saúde à ausência de doença. Apenas um dos jovens associou saúde à prática de esportes e à boa alimentação. Em relação aos procedimentos adotados quando se sentem doentes, prevaleceu a automedicação. Quanto à busca de atendimento na unidade de saúde de referência, apenas um dos entrevistados afirmou não ter encontrado dificuldade para esse atendimento. Os tipos de atendimento buscados citados pelos jovens foram: Dermatologia, odontologia, oftalmologia, vacinação, problemas relacionados a gripe e garganta; exame ginecológico,e curativos. A maioria afirmou ter encontrado dificuldades relacionadas ao serviço odontológico. Quanto aos Serviços considerados importantes pelos jovens e que deveriam estar disponíveis foram citados: ter médicos para a prevenção de doenças; orientações sobre HIV; Aplicação de flúor; Exames de sangue; Problemas de Asma; Oculista; Clínico Geral; Ginecologista; Dentista e distribuição de medicamentos e preservativos. As entrevistas revelaram desconhecimento, por parte dos jovens, da dinâmica de atendimento da unidade de saúde no que se refere aos serviços disponíveis e funcionamento, expressando um relativo distanciamento dos jovens desse espaço de atenção e promoção da saúde.
CONCLUSÃO:
O atendimento às demandas das juventudes em relação à saúde exige do poder público o planejamento de ações que levem em consideração as especificidades de sua condição juvenil. Os resultados da pesquisa revelaram dificuldades de acesso dos jovens aos serviços de atenção básica à saúde e essas dificuldades tendem a afastá-los de um importante espaço local de promoção da saúde representado pelas unidades de atenção básica. O afastamento das juventudes desse espaço representa um risco à saúde desses jovens, uma vez que muitos, de acordo com os relatos dos entrevistados, tentam solucionar problemas de doenças através da automedicação. Os resultados desse estudo apontam também para a necessidade de desenvolvimento de programas específicos direcionados às demandas das juventudes locais a partir de um diagnóstico da realidade do território desses jovens, de suas necessidades e contextos de existência. Os programas para as juventudes implementados em nível nacional devem prever as necessárias adequações locais. As juventudes, com a potencialidade de sua condição juvenil, caracterizada pelo desejo de transformação, podem contribuir para a disseminação de informações e práticas que contribuam para a promoção da saúde dos seus pares, bem como da coletividade em que se encontram inseridas.
Palavras-chave: Juventudes, Políticas Públicas, Saúde.