63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica |
A produção de manuais didáticos para a escola secundária e normal: análise da obra “Princípios de Sociologia”, de Fernando de Azevedo |
Janaína Silva de Oliveira 1 Silvia Helena Andrade de Brito 1 |
1. Depto. de Educação / Campo Grande – UFMS 2. Profa. Dra. / Orientadora / PPGEdu e DCH - UFMS |
INTRODUÇÃO: |
Com o estreitamento das relações entre a Sociologia e a escola secundária e normal, entre 1925 e 1950, deu-se início a uma significativa produção de livros voltados para o ensino da disciplina. Parte desta produção vinha de intelectuais que, saídos do campo educacional, orientaram sua atenção para a Sociologia, como foi o caso de Fernando de Azevedo, um dos principais responsáveis pela introdução e divulgação desta ciência no Brasil. É no conjunto de obras produzidas entre 1930 e 1940, voltadas para o ensino de Sociologia, que se encontra a obra “Princípios de Sociologia”. O objeto desta pesquisa é este manual didático de Fernando de Azevedo, que alcançou onze edições entre 1935 e 1973. Considerando o manual didático na sua condição de instrumento de trabalho para o professor, o objetivo deste estudo é evidenciar as funções e conteúdos deste manual didático, de modo a revelar sua natureza histórica e seu lugar na organização do trabalho didático voltado para o ensino de Sociologia. Com isso pretende-se colaborar com a produção de conhecimento sobre a história da educação no Brasil, particularmente com a história do manual didático, uma vez que Fernando de Azevedo e suas obras tiveram projeção em todo o país. |
METODOLOGIA: |
Centrada em focar a análise do manual enquanto instrumento do trabalho didático, a pesquisa operou em duas frentes. Destacou, por um lado, as características dos conteúdos veiculados em “Princípios de Sociologia”; por outro, evidenciou as funções assumidas pelo manual didático na relação educativa. Quanto aos conteúdos, optou-se pela seleção de uma temática específica, no caso em questão, vai ser examinado como Fernando de Azevedo discute a relação entre educação e Estado, na obra analisada. Para tal, a pesquisa percorreu as seguintes etapas: a) Balanço da bibliografia produzida pela historiografia da educação e áreas afins, concernentes aos ensinos secundário e normal; a Fernando de Azevedo; aos manuais didáticos. b) Fichamento do material arrolado, tanto para evidenciar as fontes e o tratamento teórico-metodológico utilizado pelo autor, para discutir o papel do Estado na vida social; como para abordar o uso da obra “Princípios de Sociologia”, a partir das sugestões apresentadas pelo próprio Fernando de Azevedo. c) Sistematização das fontes primárias e secundárias utilizadas na pesquisa, evidenciando o uso/conteúdo do manual didático “Princípios de Sociologia”, e a organização do trabalho didático nas escolas secundária e normal, no período histórico em questão. |
RESULTADOS: |
Eram objetivos de Fernando de Azevedo, no manual didático “Princípios de Sociologia”, introduzir e orientar os estudantes nessa nova ciência, a Sociologia, e também fornecer aos professores as informações necessárias ao ensino da disciplina. Este último item abarcava tanto a questão do conteúdo, como da metodologia de ensino. Considerado o caráter ordenado e sistematizado como inerentes ao manual científico, a obra de Azevedo inicia-se apresentando o que é a sociedade vista a partir do posicionamento da Sociologia ou, em outras palavras, o que são os fatos sociais, ponto de partida dos estudos sociológicos e, por isso, ponto de partida também do ensino de Sociologia. Vencida essa etapa na primeira parte do livro, Azevedo procura atingir aquilo que destaca como as características próprias a um bom manual científico, visto que ele não se destina apenas a alunos mas a professores e discentes. Nesse sentido, essa obra deve ser exata. Por exatidão o autor compreende a apresentação da história de constituição de um estudo científico que tem por objeto os fatos sociais, ou seja, a história da Sociologia. Essa questão acompanha as quatro partes seguintes da obra, servindo de base para a apresentação do entendimento do autor sobre o papel do Estado na sociedade. |
CONCLUSÃO: |
Dois aspectos podem ser aqui destacados: quanto aos conteúdos, o que o autor entende por sociedade vai ao encontro de seu próprio posicionamento teórico-metodológico, baseado no funcionalismo, sobretudo em Émile Durkheim. Assim, o funcionalismo foi apresentado como a Sociologia que assumia um caráter efetivamente científico, segundo o autor. Usando a teoria positivista para analisar o Estado, a principal preocupação de Azevedo era como ele assumiria sua função integradora, na construção de um projeto democrático, nos moldes capitalistas, nos planos político e social. O segundo aspecto, relacionado ao uso do manual didático, prende-se à perspectiva dos métodos ativos, que preconizavam a necessidade de que o aluno experimentasse, em situações concretas de aprendizagem, aquilo que era o objeto de cada ciência. Nesse caso, a própria vida social. Assim, o autor defende a experiência do fazer Sociologia como aspecto essencial do processo ensino-aprendizagem, e para isso outros recursos didáticos deveriam ser utilizados, além do manual. Embora pretendesse que sua obra fosse apenas ponto de apoio para o trabalho docente, contudo, não deixa de apresentar um roteiro detalhado de como deveria ser usada, incluindo sugestões de problemas e discussões ao final de cada capítulo. |
Palavras-chave: Manual didático, Ensino de Sociologia, Fernando de Azevedo. |