63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
EXPERIMENTO PEDAGÓGICO SOBRE O CRESCIMENTO DO FEIJÃO CAUPI (Vigna unguiculata L. Walp.) SOB DIFERENTES FONTES DE NITROGÊNIO
Alexandre da Luz Souza Júnior 1
Eliane Brabo de Sousa 2
Fábio Roberto Fonseca da Silva 3
João Luis Lopes 4
Célio José Pereira da Costa 1
1. Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque prof. Eidorfe Moreira
2. Profa. MSc/Orientadora. Lab. Biologia da FUNBOSQUE
3. Colégio Madre Celeste
4. Prof. MSc. Coord. Curso Médio Técnico em Meio Ambiente
INTRODUÇÃO:
O feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp) é uma planta Dicotyledonea que pertence ao filo Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae, gênero Vigna e espécie V. unguiculata. Este vegetal desempenha um importante papel econômico-social na agricultura brasileira, principalmente nas regiões norte e nordeste do país. Esses grãos se adaptam a solos de baixa fertilidade, possuem uma relação simbiótica com as bactérias fixadoras do nitrogênio; um crescimento mais rápido e serve de cultura de rotação para ajudar na recuperação do solo degradado aumentando a sua fertilidade, sendo economicamente benéfico para o agricultor e ambientalmente correto, uma vez que reduz a contaminação de rios e solos causada pela introdução de adubos químicos usados para diminuir a carência de nitrogênio nas plantações. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento do feijão caupi em ambientes fechados sob diferentes concentrações de nitrogênio provenientes de diversas fontes. Foi relacionado o crescimento da planta em relação ao número e ao peso dos nódulos formados nas raízes desta leguminosa. O experimento foi realizado na horta da Escola Bosque- FUNBOSQUE, localizada na ilha de Caratateua (Belém-Pará).
METODOLOGIA:
Nos meses de dezembro/2010, janeiro e fevereiro/2011 foram realizados experimentos com o feijão caupi na horta da Escola Bosque localizada na ilha de Caratateua (Belém-Pará). O experimento foi conduzido em quatro caixotes de madeira medindo 2 m de comprimento por 0,60 m de altura (fundo) cada. Em um primeiro caixote foram cultivados 48 pés de feijão caupi, dos quais se avaliou o seu crescimento até a formação de nódulos de rizóbios o que ocorreu na terceira semana após o plantio. Cada pé de feijão foi medido e, retirados, contados e pesados (peso úmido e peso seco) os nódulos de suas raízes. Logo após a retirada dos nódulos os pés foram replantados em quatro tipos de adubações: 12 pés de feijão em caixote contendo adubo orgânico (esterco de galinha e cobertura verde); 12 pés replantados em caixote sem adubação química (sob influência do nitrogênio fixado por bactérias simbióticas); 12 pés replantados em caixote contendo composto químico (uréia) na concentração recomendada pelo fabricante (100g/m2) e 12 pés replantados em adubação química contendo o dobro da concentração recomendada pelo fabricante (200g/m2). Para identificar a melhor adubação para o crescimento do feijão caupi foram realizadas, após 4 semanas, as medições de cada pé e a contagem e pesagem dos nódulos.
RESULTADOS:
O feijão caupi cresceu mais rápido na adubação orgânica. A adubação orgânica se decompõe aos poucos fazendo com que os nutrientes sejam disponibilizados para os macros e microrganismos presentes no solo. Além de fácil aplicação, tem um baixo custo e não prejudica o meio ambiente. O segundo tratamento que teve uma boa influência sobre o crescimento do feijão foi o adubo químico com concentração recomendada pelo fabricante. Esta adubação química (uréia) funciona de forma imediata sobre os macros e microrganismo do solo, entretanto a uréia é muito volátil e perde-se em poucos dias no solo o que obriga o agricultor a fertilizar o solo mais de uma vez com a adubação química. Desta forma, elevam os custos da plantação e os custos ambientais. O menor crescimento do feijão foi obtido na adubação química com concentração dobrada, pois a uréia assumiu efeito tóxico na planta através da liberação da amônia, reduzindo a absorção de outros cátions (K+, Ca2+, Mg2+) pela planta. Houve uma relação direta entre crescimento do feijão, o número e o peso dos nódulos de rizóbios: crescimento médio do feijão caupi= 112 cm; número médio de nódulos= 46; peso úmido médio= 2,4g e peso seco médio= 0,67g.
CONCLUSÃO:
Na ilha de Caratateua é comum o cultivo de feijão caupi como meio de subsistência de muitas famílias. Entretanto, alguns agricultores associam as nodulações em leguminosas a uma doença da planta. Este fato favorece a adição de nutrientes químicos para fertilizar o solo. O uso indiscriminado deste produto vem contribuindo, possivelmente, para o aumento da poluição do solo e dos rios, praias e córregos da região. Este trabalho demonstrou que o crescimento do feijão caupi tem uma relação direta com o número de nodulações presentes nas raízes do feijão confirmando a importância das bactérias simbióticas como fornecedora de nitrogênio para a planta. Por outro lado, o adubo orgânico se mostrou eficiente no crescimento do feijão. Logo, o desenvolvimento do feijão caupi em solos amazônicos, tais como os solos da ilha de Caratateua, é maior quando se alia a fixação do nitrogênio pelas bactérias simbióticas ao nitrogênio disponibilizado pelo adubo orgânico.
Palavras-chave: Solo, Nitrogênio, Meio Ambiente.