63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
PERCEPÇÕES SOBRE A PRESENÇA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BAIXADA FLUMINENSE
Carmen Simone Macedo Figueiredo 1
Alexandre Maia do Bomfim 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro- IFRJ
2. Prof. Dr. /orientador- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro- IFRJ
INTRODUÇÃO:
Com a compreensão de que a presença da Educação Ambiental (EA) nas escolas é um fato (segundo Censo Escolar de 20024), entendemos que ocorrem variadas práticas que correspondem a diferentes perspectivas teóricas. A reflexão sobre essas práticas leva a uma dificuldade em traçar um perfil sobre o tema. Essa preocupação sobre as práticas de EA também foram expressas pelo Ministério da Educação (MEC) que através da Coordenação-Geral de Educação Ambiental (CGEA), lotada na Diretoria de Diversidade e Cidadania produziu junto com algumas parcerias a pesquisa: O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental, que iniciou uma investigação sobre a EA praticada nas escolas do ensino fundamental em todo o país, tendo como referência os resultados dos Censos Escolares de 2001 e 2004. A pesquisa do MEC não atingiu as práticas das escolas da Baixada Fluminense, importante localidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. Assim, os objetivos pretendidos com este trabalho foram a de coletar dados sobre a realidade da EA praticada nas escolas dos municípios da Baixada Fluminense e construir uma análise que pudesse ser confrontada à perspectiva de uma Educação Ambiental Crítica.
METODOLOGIA:
Utilizamos como apoio para a realização do trabalho a metodologia da pesquisa do MEC: “O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental. Realizamos uma pesquisa em 4 escolas dos municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti, todos da Baixada Fluminense-RJ, totalizando 20 unidades escolares. Os dados foram obtidos por meio de um questionário com 23 perguntas de múltipla escolha e 3 perguntas diretas sobre as práticas da EA na escola. Após o recolhimento os dados sofreram tratamento estatístico virando dados quantitativos que foram analisados sobre uma perspectiva qualitativa. Por meio do programa (software) de análise de dados, Sphnix, permitiu possíveis cruzamentos entre as escolas e comparações entre as redes públicas (municipal e estadual).
RESULTADOS:
O Censo Escolar de 2004 revelou que 94% das escolas no Brasil declararam praticar EA. Os dados obtidos com nosso trabalho confirmaram esses números, 95% das escolas pesquisadas na Baixada Fluminense declaram realizar atividades de EA. Apesar do objetivo mais apontado pelas escolas pesquisadas tenha sido o de conscientizar alunos e comunidade para a plena cidadania outros objetivos como o sensibilizar para o convívio com a natureza, promover o desenvolvimento sustentável e ensinar para preservação dos recursos naturais também aparecem com destaque. Esses objetivos e outras informações obtidas indicaram uma visão limitada da prática de EA, onde os aspectos biologizantes e a proposta de ensino comportamental se destacaram. Projetos foram o meio apontado para o desenvolvimento dessas práticas por 84,2% das escolas, mesmo com a recomendação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para que o Meio Ambiente se apresentasse como tema transversal. O principal tema abordado nos projetos foi a “água”, seguido por “lixo e reciclagem”, dados semelhantes ao da pesquisa do MEC. As análises dos dados obtidos revelam que as atividades em EA são pontuais e que não existe um ciclo encadeado de eventos, e que 63,2% das escolas as fazem motivadas pelas diretrizes das Secretarias Municipais e Estaduais.
CONCLUSÃO:
A presença da EA nas escolas da Baixada Fluminense correspondendo a um desejo de parte da sociedade, que marca sua influência e cria expectativa sobre as suas práticas Não obstante, sem desconsiderar a clivagem que há entre as concepções de EA, percebemos que as escolas carregam dificuldades de entendimento das recomendações advindas dos diferentes documentos sobre as políticas públicas dessa área. Os objetivos apontados para a realização das atividades revelam que se faz necessário uma maior compreensão sobre qual visão de EA se atinge com determinadas práticas. Há necessidade de uma discussão ampla, não só dessas perspectivas da EA como também dos diferentes documentações oficiais a respeito. Somente dessa forma, poder-se-ia constituir uma Educação Ambiental que fosse além do protocolar e até pudesse se constituir “crítica”!
Palavras-chave: Educação Ambiental, Pesquisa, Práticas em Educação Ambiental.