63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
MOVIMENTO SOCIAL E GESTÃO ESCOLAR: do individual ao coletivo
NILCENEA MARIA DA SILVA MACIEL 1
DISELMA MARINHO BRITO 1
1. Profa. Doutoranda/ Orientadora - Deptº de Ciências Humanas - UFC
INTRODUÇÃO:
O trabalho apresenta um estudo desenvolvido no 3º Tempo Comunidade (TC), orientado no 3º Tempo Acadêmico (TA) do curso de Licenciatura em Educação do Campo do IFPA – Abaetetuba, PA do eixo temático Sistema de Produção e Processos de Trabalho do Campo, buscando contemplar duas atividades integradoras de saberes: Estudo dos Movimentos Sociais das famílias dos educandos das escolas do campo, e o Estudo da Gestão Escolar e suas relações com o Processo Democrático Educativo, o qual dará segmento de pesquisa na Comunidade do Ramal Castanhal II, zona rural de Abaetetuba, PA e a Escola Santo Antônio, mesma localidade. A pesquisa ocorreu no período de setembro a dezembro de 2010 visando conhecer a concepção que perpassa a escola pesquisada, como a gestão organiza a interação do processo educativo, se os movimentos sociais participam da dinâmica do processo educativo, através do acompanhamento das atividades pedagógicas, do diálogo com os professores, a fim de traçar um diagnóstico buscando compreender se a realidade do cotidiano escolar aproxima a realidade do sujeito do campo que apesar de diferentes se aproximam pelas lutas e conquistas, e mais ainda para que este sujeito conheça melhor sua história e potencialidades.
METODOLOGIA:
O percurso metodológico ocorreu por meio de entrevista semi-estruturada com a aplicação de questionários diferenciados, atendendo as duas categorias distintas.
A primeira, sobre os Movimentos Sociais (MS) a coleta de dados deu-se com a Secretária e o Presidente da Associação dos Lavradores e Agricultores do Castanhal II (ASLAC) e dez famílias que que fazem parte da associação e com os demais moradores do Ramal Castanhal II, enriquecido com informações do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba (STTRA) liderado pelo Sr. Dário Negrão Farias que ofereceu informações preciosas. E entrevista com a Empresa de Assistência Técnica e de Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER), E num segundo momento, o gestor escolar e professores da Escola Santo Antônio, da mesma comunidade com a perspectiva de acompanhar s atividades pedagógicas administrativas, mediadas pela Gestão Escolar, dialogando com os professores tendo com a finalidade detectar a relação entre gestão e o movimento social local. Os instrumentos de coletas de dados utilizados foram: fotografias, questionários, conversa informal, e entrevistas. O resultado desta análise integram saberes das múltiplas disciplinas estudadas durante o 3º TA.
RESULTADOS:
Na localidade do Castanhal II, há sinais de participação do MS em busca melhorias para a população. A grande luta, se deu com a obtenção da energia elétrica, que resultou de forma positiva, como diz o Presidente da ASLAC, o Sr. José Maria, popular Cazuza: “foi muita luta, arguns queria desisti, mas insistimo e conseguimo trazê a energia. Aí nos sentimo forte, fiquemo mais unido, dava gosto de vê o povo alegre com a energia, e em saber que foi através da nossa organização”.
Isso nos mostra a importância da organização, da união, como afirma ABRAMOVAY, (1985. p. 55): “... quando o movimento defende objetivos mais amplos, saindo da ótica individualista para o coletivo, inserindo-se em um processo mais global de luta e construindo espaços de socialização das ideias, a tendência é o fortalecimento do movimento”. Assim é pertinente a fala do Sr. Cazuza sobre o quanto vale a persistência e a determinação dos membros para alcançar o resultado final.
Sobre a EMATER e o STTRA há poucas atividades interligadas com a comunidade. E quanto a Escola Santo Antônio, esta desenvolve suas ações de forma distinta e independente tanto da ASLAC como de demais órgãos.
CONCLUSÃO:
Realizando esta pesquisa foi notório observar e tecer um diagnóstico dos MS e Gestão que permeia o processo educacional da Escola Santo Antônio Castanhal II. E pôde-se considerar que apesar da pequena atuação da ASLAC, dá visibilidade de que o MS existe nessa localidade, que vem procurando se estruturar, se legalizar para sair em busca de melhorias, mas que ainda precisa se juntar com a comunidade e com a escola para se fortalecer, pois os estudos mostram que agricultores organizados em movimento tem conseguido usufruir de melhor qualidade de vida do que os não organizados.
Possibilitou ainda conhecer órgãos como o STTRA e EMATER que oferecem projetos que tem como objetivo resgatar a cultura do plantar, do colher, para que não se percam em meio a modernidade. E que estes projetos devem chegar aos filhos dos agricultores, dando possibilidades e oportunidade destes escolherem se desejam continuar este projeto ou sair para uma realidade diferente. Mas que seja oferecido a eles.
E quanto ao processo educacional, ainda necessita, adequar suas atividades com a realidade de seus educandos, incentivando a construção de um espaço onde as ideias possam ser socializadas, convidando o MS da localidade para juntos construírem a sonhada educação do sujeito do campo
Palavras-chave: movimentos sociais, processo democrático, campo.