63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia |
PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE PEDRO CANÁRIO, ES, BRASIL |
Vinicius Dornellas Natalli 1 Bruna Carminate 1 Juliana Souza Dias 2 Aparecida Rios Soares 3 Cleiri Brioschi 4 Valdenir José Belinelo 5 |
1. Acadêmicos de Farmácia da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES - São Mateus, ES 2. Acadêmica de Farmácia da Universidade Federal de Goiás - UFG - Goiânia, GO 3. Especialista Farmacêutica - Depto de Ciências da Saúde - CEUNES - UFES - São Mateus, ES 4. Enfermeira - Secretaria Municipal de Saúde – Pedro Canário, ES 5. Prof. Dr./Orientador – PPGAT e Depto de Ciências da Saúde - CEUNES - UFES - São Mateus, ES |
INTRODUÇÃO: |
As parasitoses intestinais ainda constituem um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo, apresentando as maiores prevalências aquelas populações com níveis socioeconômicos baixos e outros fatores como saneamento básico ausente ou deficiente, carência de abastecimento de água e condições precárias de manipulação de alimentos, sendo as crianças as mais acometidas por essas infecções. A infecção ocorre pela ingestão de ovos de helmintos ou cistos de protozoários viáveis, ou ainda, pela penetração ativa de larvas de helmintos através da pele ou mucosa. Os vermes eliminam seus ovos, larvas ou cistos juntamente com as fezes dos humanos, contaminando o ambiente e o solo, de onde podem ser levados pela poeira aos alimentos ou serem arrastados por correntes de água (NEVES et al., Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo : Atheneu. 2009). O município de Pedro Canário, situado na BR-101, divisa com a BA, é o de menor IDH e menor IDEB do Estado do ES, e apresenta todos os problemas de uma cidade que nasceu sem planejamento, com falta de saneamento básico e atendimento médico-hospitalar tanto na sede quanto nos distritos. |
METODOLOGIA: |
O estudo foi realizado com 383 escolares de 2 a 18 anos de distritos da zona rural do município de Pedro Canário, ES. Nos períodos de novembro e dezembro de 2009 e abril a junho de 2010 foram realizados respectivamente 167 e 216 exames parasitológicos. Foram escolhidas escolas do Assentamento Castro Alves (n=109 crianças) e dos distritos de Cristal do Norte (n=135), Floresta do Sul (n=82) e Taquaras (n=57), uma vez que atendem uma população carente, cuja maioria não possui água encanada, utilizam-se de fossas sanitárias ou defecam em ambientes abertos, fatores determinantes que facilitam a transmissão de parasitoses. Entre as duas etapas, além do tratamento dos casos positivos foram realizadas oficinas voltadas à educação em saúde e higiene pessoal. Este trabalho foi realizado após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CEUNES/UFES com o número 039/2009, com os pais assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Os exames coproparasitológicos foram realizados em laboratório da Universidade Federal do Espírito Santo, campus de São Mateus, ES, pelo método Hoffman, Pons & Janer (HPJ). Os dados tabulados foram analisados estatisticamente pelo teste de comparação de proporções e o teste não paramétrico do Qui-Quadrado, com nível de significância p < 0,05. |
RESULTADOS: |
Dos 383 exames realizados, em 2009, 49,7% (83) do total de 167 estavam infectadas por algum tipo de parasita e não houve diferença significativa (p > 0,05) entre os sexos quanto à freqüência de contaminação. Do total das amostras positivas, 57% (83) encontravam-se monoparasitadas e 42,2% poliparasitadas. Os parasitas mais freqüentes foram: Entamoeba coli (26,1%), Giardia lamblia (22,3%), Ascaris lumbricóides (10,8%), Endolimax nana (8,5%), Iodamoeba butschilii (7,7%), Entamoeba histolytica/E. díspar (5,4%). Outros parasitas também foram encontrados em menor proporção. Já em 2010, ocorreu uma redução significativa (p < 0,05), 37% (80) amostras de um total de 216 foram positivas. Das positivas, 60,8% encontravam-se monoparasitadas e 39,2% poliparasitadas. Os parasitas mais freqüentes foram: E. coli (35,6%), G. lamblia (15,6%), E. histolytica/E. díspar (15,6%), E. nana (10,4%), I. butschilii (5,2%). Embora E. coli e E. nana sejam comensais, indicam contaminação fecal e falta de higiene, que podem contaminar alimentos durante o seu manuseio. Similar a outros estudos como o de Silva e Silva (Bioscience Journal, 26(1), 147-151, 2010) o número de indivíduos monoparasitados foi maior que poliparasitados, fato que pode ter ocorrido devido à possível competição entre as espécies. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados do estudo confirmam a presença de infecções parasitárias em escolares na zona rural de Pedro Canário, ES, nos anos de 2009 e 2010 e recomendam ações permanentes sobre educação em saúde e higiene pessoal, além de prover a gestão pública de informações necessárias para o investimento em políticas públicas de saneamento básico. A falta de higiene e a incidência de verminoses em crianças têm prejudicado o seu desenvolvimento escolar, desta forma esta pesquisa sensibilizou as crianças por meio de atividades lúdicas para a necessidade de se preocupar com a saúde e o meio ambiente. |
Palavras-chave: Enteroparasitoses, Zona Rural, Pedro Canário. |