63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
Efeito alelopático de arueira (Schinus terebinthifolius Raddi - Anacardiaceae) na germinação de sementes de picão preto, sorgo e alface
João Victor Martins Antunes 1
Stone de Sá 2
Vinicius Dornellas Natalli 1
Layonn Familia Carvalho 1
Mayana Cardoso de Oliveira 3
Valdenir José Belinelo 4
1. Acadêmicos da Universidade Federal do Espírito Santo – CEUNES/UFES - São Mateus, ES
2. Acadêmico da Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia, GO
3. Farmacêutica, Bioativa - São Mateus, ES
4. Prof. Dr./Orientador – PPG Mestrado em Agricultura Tropical e DCS – CEUNES/UFES - São Mateus, ES
INTRODUÇÃO:
O custo de uma lavoura é afetado não somente pelo custo da mão-de-obra, fertilizantes e insumos, como também pelo uso de agroquímicos destinados ao controle de pragas agrícolas, onde plantas daninhas representam um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores. Nas regiões onde se pratica a agricultura intensiva, ocorrem modificações na população das plantas daninhas, passando a predominar as espécies que possuem melhor capacidade de adaptação às condições existentes no meio ambiente adjacente (FERREIRA et al., Ciência e Agrotecnologia, 31(4), 1054-1060, 2007). A redução qualitativa e quantitativa na produção de culturas comerciais é uma das conseqüências da competição de plantas daninhas por água, luz, CO2 e nutrientes e também pelo efeito alelopático.
Como a arueira (Schinus terebinthifolius Raddi) é produzida pelos agricultores norte–capixabas, sendo São Mateus, nacionalmente, o maior município em área cultivada, então decidimos avaliar a atividade alelopática do extrato aquoso de suas folhas em relação ao efeito inibitório da germinação sobre sementes de Bidens pilosa L. (picão preto, planta daninha de referência nacional), Sorghum bicolor L. (sorgo, monocotiledônea), Latuca sativa L. (alface, dicotiledônea).
METODOLOGIA:
As folhas da parte aérea de arueira foram coletadas, trituradas em liquidificador, 50 g de folhas em 0,5 L de água destilada. Em seguida foi filtrado em peneira e em funil de Buchner, sob pressão reduzida. A partir do filtrado – solução obtida (100 mg/L), foram preparadas soluções de 25, 50, 75 e 100 %, totalizando cinco tratamentos com o controle (água destilada).
Os experimentos foram conduzidos em placas de Petri de 10 cm de diâmetro, contendo duas folhas de papel de filtro. Sobre estas, foram adicionados 3 mL da solução e 12 sementes da planta teste, previamente esterilizadas com solução aquosa de NaClO a 2 %. As placas foram incubadas a 25 ºC, sob luz fluorescente (8 x 40 W), por um período de 7 dias, e em seguida, os comprimentos das radículas e plântulas foram medidos. O IVG e a porcentagem de germinação foram calculados e a massa seca foi determinada seguindo as Normas para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). As porcentagens de inibição foram calculadas com base nos dados obtidos nos experimentos controle, realizados sem o extrato e mantidos constantes as demais condições experimentais. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05).
RESULTADOS:
Observou-se efeito significativo (p < 0,05) para a primeira contagem da germinação das sementes das 3 espécies receptoras. Nas concentrações 0, 25, 50, 75 e 100% de extrato aquoso de arueira houve efeito significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey para a porcentagem de germinação, primeira contagem e IVG tanto para o picão preto, quanto para sorgo e alface. A 100 % do extrato, a inibição da germinação foi igual a 45% para picão preto, 62% para o sorgo e 51% para a alface.
Os resultados deste trabalho estão de acordo com outros obtidos anteriormente por Alves et al. (Pesquisa Agropecuária Brasileira, 39(11),1083-1086, 2004) em relação ao comprimento da radícula de plântulas de alface obtidas de sementes tratadas com óleos de canela, alecrim-pimenta e capim-citronela. Também Belinelo et al. (Caatinga, 21(4), 12-16, 2008) encontraram menor taxa de crescimento da radícula de sorgo e pepino a partir de sementes tratadas com extrato etanólico (100,0 mg/L) de Arctium minus (Hill) Bernh. Já Magiero et al. (Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 11(3), 317-324, 2009) verificaram inibição total de Latuca sativa L. (alface) e Euphorbia heterophylla L (leiteiro) tratados com extrato aquoso (75 %) de folhas de Artemisia annua L.
CONCLUSÃO:
O estudo mostra o potencial herbicida e a necessidade de se analisar os fitoconstituintes do Schinus terebinthifolius Raddi para se efetuar a separação cromatográfica e identificar os fitoconstituintes com a respectiva atividade.
O uso de extratos ou de produtos naturais obtidos da arueira permite a prática de agricultura ecologicamente correta.
Palavras-chave: Alelopatia, Schinus terebinthifolius, Extrato vegetal.