63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
AÇÕES MOTORAS E PERCEPÇÕES URBANAS: RITMANDO CORPO E ATITUDE
André Luiz Farias Alves 1
Cristiano Alves da Silva 1
1. Prof. Esp. - Secretaria da Educação do Ceará - SEDUC
INTRODUÇÃO:
A elaboração de novas metodologias para o ensino interdisciplinar nos levou a utilização da dança no ensino de Educação Física, se aliar com as percepções de “mundo”, através das composições musicais sob a ótica urbana da Ciência Geográfica. Aprimorar os conhecimentos de cultura, realidade social e política dos discentes. Deste modo, Libânio (1998) afirma que as práticas educativas passam por processos de comunicação, que tem como finalidade a formação humana. A dança e suas expressividades artísticas estão presentes na escola de várias formas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) garantem a sua presença entre os objetivos e conteúdos do ensino básico. Desta forma, o trabalho tem como objetivo relatar a experiência com o conteúdo dança/música nas aulas de Educação Física e Geografia, em uma escola da Rede Estadual de Ensino do Ceará, buscando compreender e problematizar elementos da dança - como componente importante da nossa cultura corporal - e da realidade cotidiana, pois conforme os PCN’s (1998), as músicas permitem ser utilizadas de várias maneiras como, por exemplo, a interpretação e composição, a expressão e comunicação, apreciação envolvendo a compreensão da música como produto histórico e cultural. Para Pontuschka (1993), arriscar-se em diálogos que trazem a realidade á sala de aula, é possibilitar que as questões das disciplinas ministradas se convertam em uma aprendizagem motivadora.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado com duas turmas de Ensino Médio da Escola Estadual Padre Coriolano – localizada na cidade de Pacajus-CE - . Os alunos tinham entre 14 e 17 anos, onde duas horas por semana - uma hora/semana envolvendo a disciplina de Educação Física e uma outra Geografia, durante 3 meses do ano de 2010. Nas aulas foram utilizados debates dirigidos, atividades com imagens, vivências, construção coreográfica, apresentação de coreografia. Os debates dirigidos foram utilizados nos momentos de discussão – nas aulas de Geografia - acerca da música/dança a ser escolhida – tendo como critério composições que retratassem a problemática urbana do século XXI - resultando um diagnóstico, instrumentalização e problematização. O tema inicial era também trazido pelo professor de Geografia em forma de perguntas e acrescentando informações, através de imagens, buscando aprofundar as temáticas tendo em vista os objetivos a serem atingidos. As vivências foram utilizadas como atividades práticas, coordenados pelo professor de Educação Física, mas esta não era um modelo a ser seguido. As atividades foram baseadas na improvisação e construção coletiva. A construção coreográfica foi realizada inicialmente pela cópia de uma coreografia simples, pela reconstrução desta coreografia por parte dos alunos e após por uma criação em grupos menores, sempre abordando os aspectos morfológicos da urbanidade analisado pela Ciência Geográfica.
RESULTADOS:
Foram realizadas 24 aulas em três meses de 2010. Os alunos não conheciam a possibilidade de interação entre a Geografia e a Educação Física, resultando no que chamamos de dança educação. A cada tema trabalhado no decorrer das aulas, pedimos aos alunos que respondessem a um questionário, sendo que: 1) Conceituar sobre o tema previamente escolhido; 2)Quais os elementos que foram identificados no nosso convívio?; 3) De que forma podemos apresentar artisticamente a referida temática?; 4) Na sua opinião (dos alunos) o que se pode fazer para acabar com este tipo de prática no Brasil?Com esse questionário foi possível verificar vários pontos. Qual o entendimento do aluno com relação ao tema? Percebemos que no início da apresentação do trabalho os alunos possuíam nenhuma ou pouca informação concreta sobre o tema proposto; no decorrer da apresentação eles passaram a analisar os fatos e correlacionar com outras questões ligadas aos temas; e os mesmos conseguiram apreender sobre o assunto trabalhado. Qual foi a evolução dos alunos depois da apresentação das reflexões e apresentação das danças? Notamos que os alunos evoluíram muito no que diz respeito à opinião crítica deles. Uma vez que foi notado que no início dos debates e nas primeiras interpretações artísticas - danças - que eles pensavam de uma forma muito comum, ou seja, não apuravam os fatos, simplesmente diziam as mesmas coisas que ouviam nas ruas,em suas casas,isto é,argumentavam sobre os temas sem terem informações concretas.
CONCLUSÃO:
Os debates dirigidos resultaram em percepções urbanas imagináveis pelos nossos alunos e suas sistematizações através de escrita, fala, coreografias e desenhos demonstraram um avanço no entendimento do que é a urbanidade através da dança, da sua diversidade e sua relação com representação de corpo, criatividade, estética e cultura de determinado grupo. A dança possibilitou o conhecimento do próprio repertório e do debate sobre as diferenças dentro da turma. Percebemos que a visualização de práticas diversas e o debate sobre elas, desperta o interesse e instrumentaliza a criação, não sendo esta um evento aleatório. As coreografias feitas pelos alunos demonstraram a conclusão deste processo, apresentando mensagens e movimentos mais próximos a eles. Enfim, a dança na escola pode trabalhar com o corpo e a arte de forma não competitiva e crítica. Ainda há muito a se pesquisar sobre a interdisciplinaridade na escola, especialmente com os jovens. Porém a negação desde conteúdo por parte de professores e instituições é algo a ser mais combatido. Com esta experiência visualizamos uma infinidade de atividades que são possíveis na escola. Sendo muito rico o trabalho para despertar a criatividade dos alunos e sua criticidade em relação a sua própria dança e seu contexto.
Palavras-chave: Dança, Geografia, Interdisciplinaridade.