63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
GERMINAÇÃO ASSIMBIÓTICA DE Epidendrum nocturnum Jacquin (ORCHIDACEAE)
Daniella Mota Silva 1
Kellen Cristhina Inácio Sousa 1
Luciano Lajovic Carneiro 1
Sérgio Tadeu Sibov 2
1. Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG
2. Prof. Dr./ Orientador, Departamento de Biologia Geral, ICB, UFG
INTRODUÇÃO:
Na família Orchidaceae a subfamília Epidendroideae contém um número de gêneros e espécies superior ao de todas as outras subfamílias juntas. O gênero Epidendrum, com aproximadamente 1.000 espécies, ocorre desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina e tem como principais características caules longos, eretos e finos, raramente intumescidos em pseudobulbos. No Brasil, ocorrem 107 espécies e uma delas o Epidendrum nocturnum Jacquin tem vasta distribuição geográfica e abrange os domínios fitogeográficos da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. A propagação in vitro é um instrumento importante para o estudo de aspectos relacionados ao desenvolvimento das plantas e que permite obtenção de grande quantidade de mudas livres de patógenos em curto espaço de tempo. É uma alternativa para multiplicação da espécie e posteriormente realocação para áreas de proteção ambiental para preservar a espécie que é alvo de coleta predatória. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a germinação in vitro em condições estéreis (assimbiótica) em diferentes meios nutritivos de sementes de E. nocturnum.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais do Departamento de Biologia Geral ICB/UFG. Uma cápsula de E. nocturnum com 160 dias de maturação foi desinfestada em solução de etanol 70% (v/v), por 1 min. e em seguida em solução de hipoclorito de sódio a 0,2% (p/v) de cloro ativo, por 20 min. Em câmara de fluxo laminar a cápsula foi lavada três vezes em água autoclavada. Sementes foram retiradas da cápsula e inoculadas em quatro meios distintos: meio Knudson C (T1); meio MS (T2); meio MS com metade de macronutrientes (T3); meio com formulação simplificada com banana nanica, água de coco, e adubo foliar Peter’s 20-20-20 (T4). O pH de todos os tratamentos foi ajustado para 5,7 ± 0,1, antes da adição de ágar (7g.L-1) e autoclavados a 120ºC a 1 atm, por 20 minutos. Após a inoculação os tratamentos permaneceram em câmara de crescimento sob fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 25 ± 1ºC. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 15 repetições, cada parcela consistiu de um frasco com 30 mL de meio contendo 0,4 g de sementes. A avaliação do número de protocormos foi feita semanalmente durante 90 dias. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
Observou-se o início da germinação com o intumescimento dos embriões e ruptura da testa em 20% dos frascos nos tratamentos T1, T2 e T3 em um período de 15 dias após a inoculação. Após 60 dias a germinação nestes três tratamentos foi superior a 90%, não apresentando diferenças no tempo de germinação. No entanto, no tratamento T4 (meio simplificado) a germinação só ocorreu 60 dias após a inoculação quando 30% dos frascos apresentaram intumescimento do embrião e ruptura da testa e 80% das sementes germinaram neste meio somente 90 dias após a inoculação. O desenvolvimento germinativo mais lento deste tratamento pode ser devido à utilização de uma quantidade reduzida de elementos de macro e micronutrientes cuja concentração é menor do que os meios convencionais. Contudo, é de fácil acessibilidade, fácil preparo e de baixo custo. Outro fator favorável do meio simplificado é a não utilização de nitrato de amônia e nitrato de potássio, utilizados no meio MS, e cuja obtenção é dificultada pelo controle feito pelo Ministério de Defesa. A grande quantidade de mudas obtidas in vitro permite a seleção de genótipos mais adaptados a condição de vaso e conseqüente domesticação e melhoramento genético visando o mercado da floricultura.
CONCLUSÃO:
Sementes de E. nocturnum tiveram boa germinação e início de desenvolvimento nos tratamentos com os meios tradicionalmente utilizados para diversas espécies de orquídeas e não apresentaram diferenças significativas entre si. O tratamento com meio simplificado apresentou germinação mais lenta, porém, 90 dias após a inoculação 80% das sementes germinaram neste meio, indicando ser uma possível alternativa para a micropropagação da espécie.
Palavras-chave: Cultura de Tecidos, Micropropagação, Orquídeas.