64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 1. História da Cultura
HELENA, O CINEMA E UMAS COISAS MAIS...
Marina Corona Cosmo 1
Kelly Carvalho 2
1. Curso Técnico Profissionalizante de Qualidade e Produtividade - Colégio Técnico de Limeira - COTIL - UNICAMP
2. Prof. Mestre/Orientadora - Depto de Humanas - Colégio Técnico de Limeira - COTIL - UNICAMP
INTRODUÇÃO:
Ah! Quem me dera ver de novo um beijo apaixonado no escurinho do cinema que hoje nada exibe além de memórias mofadas em sua fachada esquecida no tempo. A construção contribui para a tristeza que é o calçadão Monsenhor Quércia, sempre de aparência soturna, um abandono.
Gerólamo Gaino, sitiante e também proprietário de um hotel na pequena cidade, foi quem decidiu seguir a sugestão de empresários locais para a construção de uma obra inusitada que exibiria diversas obras cinematográficas e espetáculos artísticos.
O nome Helena, inspirado na filha caçula, que tinha sete anos na época descobriu a homenagem após o nome ter sido colocado na fachada, juntamente com as iniciais de seu pai (G.G.)
A construção de 836,92m², com poltronas de madeira e bomboniere para venda das famosas balas e drops Dulcora.
A inauguração foi em 30 de novembro de 1930; pagava-se 400 mil réis para assistir o filme “Alvorada do Amor”, um famoso musical de Hollywood com a participação de Maurice Chevalier e Jeannette Mac Donald. Pessoas vindas de outras cidades foram atraídas e o cinema estava completamente lotado. Um verdadeiro espetáculo!
O local também foi palco de apresentações ao vivo de dança, teatro e celebridades do rádio como Emilinha Borba, Inezita Barroso e Ranchinho, entre outros. Um verdadeiro sucesso.
METODOLOGIA:
A metodologia de pesquisa foi ampla, trabalhamos com pesquisa arquivística, impressa periódica, recolhemos depoimentos de pessoas da população, arquitetos e, destacadamente, o processo de tombamento do teatro, RELAÇÃO DE BENS IMÓVEIS TOMBADOS PELO COMPHAC - CINE TEATRO SANTA HELENA – Decreto de 19.12.91, assim como a obra “Diagnóstico da situação de conservação da edificação Theatro Santa Helena”.
Segundo avaliação feita por uma arquiteta em 2008, o prédio estava em péssimo estado. Os forros feitos em gesso estavam desabando, em função das infiltrações ocasionadas pelo telhado. A estrutura do edifício possuía grandes rachaduras e trincas, provavelmente ocasionadas por recalque da fundação do anexo construído posteriormente a edificação original, parte do edifício estava correndo o risco de desabar.
Em 2011, o prédio foi adquirido pela Prefeitura no mesmo ano foi feita uma inspeção para a elaboração do projeto. As obras tiveram início em janeiro de 2012. A maior urgência da reforma foi cuidar para que o prédio não desabasse por conta da deterioração. O projeto inclui a restauração e preservação da memória e história do local, como parte da revitalização de todo o calçadão onde o prédio do Santa Helena está localizado, e tem como objetivo tornar novamente o espaço útil a população.
RESULTADOS:
As grandes produções cinematográficas de Hollywood influenciaram na ascensão do Cine Santa Helena, que teve seus tempo áureos desde sua inauguração em 1930 até meados de 1960. Os cinemas e teatros desta época eram a principal fonte de entretenimento de qualidade. No entanto havia uma demora na estreia dos lançamentos que eram primeiramente exibidos na capital e demoravam até cinco anos para que pudessem chegar até a cidade.
Com o videocassete em alta, as sessões ficaram cada vez mais vazias até, após resistir por algum tempo, fechar definitivamente. O cinema, que entrou em decadência, foi perdendo o público e exibiu filmes até 1996. Uma de suas últimas grandes exibições foi o "Exterminador do Futuro 2", com Arnold Schwarzenegger, com todas as sessões lotadas.
Depois de funcionar por décadas como cine teatro, o prédio foi tombado pelo COMPHAC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural) de Araras – Decreto de 19.12.91.
Alugado pela Igreja Universal do Reino de Deus, funcionou como tal até 2003 e desde então se encontra desativado.
O prédio, o cinema, as personagens da época dourada, as risadas... O estilo Belle Époque da fachada foi sendo aos poucos coberto por pichações e taboas. Tudo se perdeu num esquecimento profundo daquela exuberante construção.
CONCLUSÃO:
O projeto de restauração do Cine Santa Helena abrange a implementação de sala de cinema, construção de espaços de leitura, música, atividades culturais que movimentarão o local. O prefeito afirmou em uma declaração que “Araras finalmente voltará a ter esse espaço para a cultura e para o cinema.” O local poderá no futuro incentivar o turismo regional, atraindo público de cidades da região. Uma construção essencialmente idealizada com o objetivo de oferecer ao povo mais que entretenimento, levar a educação cultural o Cine Theatro Santa Helena começou com o sonho de um sitiante, teve seu apogeu e perdeu-se no tempo. A ideia de espalhar cultura ficou estática; a construção não fazia nada mais que ocupar inutilmente um espaço que poderia servir para fins tão virtuosos. A restauração da obra irá retomar toda uma história cultural e levá-la para o povo. Mantendo a arquitetura original, manter-se-á a originalidade e essência do prédio fixando a memória e identidade do local que é patrimônio histórico. Dando utilidade, será retomada a ideia inicial principal de uma instituição que já abrigou as mais diversas artes; não deixará mais que sejam perdidas no tempo. A cultura deve ser incentivada, preservada e disseminada, uma vez que é a maior herança e riqueza que uma sociedade pode ter.
Palavras-chave: Patrimônio Histórico e Arquitetônico, Preservação de Bens Culturais, História Cultural.